Resta um convite aos políticos de Gravataí e Cachoeirinha: pressionar por agilidade da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na análise das 13 barragens que tem como potencial garantir o abastecimento de água pelos próximos 50 anos.
Com estudos ambientais aprovados, o projeto foi protocolado em 28 de fevereiro deste ano e, após aprovação, precisa passar por audiência pública e contratação da execução.
As obras fazem parte do Sistema de Proteção contra Cheias da Bacia do Rio Gravataí, que também inclui um cinturão de diques e casas de bombas para resistir a enchentes, cujo projeto mais avançado está em fase de contratação de obras para execução do governo estadual. Os recursos na ordem de R$ 2,9 bilhões para a bacia foram garantidos pelo PAC do governo federal após as chuvas históricas de maio de 2024.
A pressão pela implantação do sistema é prioridade do ano do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí. Na última reunião, a Metroplan apresentou um cronograma que mostra a evolução do projeto desde 2012. Sérgio Cardoso, presidente do comitê, projeta que as obras levem ao menos três anos para serem concluídas após o início.
– São projetos complexos, iniciados em 2012. Se não fosse isso, estaríamos décadas atrás – afirma, apelando pela pressão política e social por, como alerta, “a Fepam ter cinco técnicos para todo Rio Grande do Sul”.
A previsão do geólogo, com base nas informações apresentadas pela Metroplan ao comitê, é que as obras comecem em 2026, dependendo de ajustes técnicos pós-enchente de 2024, que alteraram as cotas de inundação.
Clique aqui para acessar o cronograma apresentado pela Metroplan, com os mapas das barragens.
Em Gravataí, além das barragens que ajudam a diminuir a velocidade da água nas cheias e a reter a água para o abastecimento em períodos de seca, o sistema prevê um dique de R$ 100 milhões no bairro Caça e Pesca. Recursos de mesma monta são projetados para extensão do dique de Cachoeirinha.
Do cinturão de diques, o mais avançado é o de Alvorada, que já está em fase de contratação de execução pelo governo estadual. A estrutura inclui 21,24 km de dique, 19 estações de bombeamento (com 68 bombas) e a criação de 7 polders para amortecimento de cheias.
Clique aqui para acessar o cronograma apresentado pela Metroplan, com os mapas do dique de Alvorada.
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Paralelamente, o Comitê da Bacia discutirá em abril a captação de águas subterrâneas pela Corsan em Viamão. O governador Eduardo Leite atualizou em março as regras de outorga de água, fortalecendo o papel dos comitês de bacia.
– O uso da água precisa passar pelos comitês, não por municípios isolados – reforça Cardoso, lembrando que a catástrofe de maio de 24 mostrou, da pior forma, como as bacias hidrográficas são interligadas e precisam de ações integradas, que ultrapassam os limites dos municípios.
Clique aqui para acessar o decreto do governador.
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Ao fim, fica o apelo aos políticos para pressionar por agilidade da Fepam. Passou o Carnaval, faltam dois anos para a eleição, e nada parece mais importante estrategicamente para a região do que estes projetos.
Evitar cheias e garantir abastecimento de água, além de assegurar o bem-estar físico e mental das pessoas em um estado traumatizado por uma catástrofe, atrai investimentos e empregos.
O que sempre parece o mais difícil, que é dinheiro para as obras, já está depositado em fundo compartilhado pelos governos Lula e Leite.
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