O vereador de Gravataí Cláudio Ávila contesta o artigo Por que CPI da Sogil nasce morta em Gravataí.
– Homem de pouca fé – diz, usando uma expressão sempre usada por Daniel Bordignon (PT), seu companheiro de chapa na disputa pela Prefeitura em 2016.
O líder da bancada do PSD na Câmara garante já ter a sétima assinatura necessária para abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar se a Sogil estaria ‘financiando’ o transporte intermunicipal com os subsídios da Prefeitura para as linhas municipais; o que seria, no mínimo, uma fraude contábil.
Ávila levanta a suspeita de que a “estruturação conjunta (funcionários, insumos e espaços físicos), especificamente em relação aos seus custos, não são rateados entre a prestação de serviços municipal, intermunicipal e particular”.
O proponente quer, com a CPI, confirmar cálculos que já apresentou na Câmara de que, entre 2020 e 2021, a média de arrecadação da empresa chegará a R$ 13 milhões, com lucro acima da média de outros contratos do setor (12% sobre o faturamento anual), o que tornaria desnecessários subsídios públicos.
Já assinaram, além de Ávila, Anna Beatriz da Silva (PSD), Bombeiro Batista (PSD), Clebes Mendes (MDB), Fernando Deadpool (DEM) e Thiago De Leon (PDT).
Ele não revela o nome do ‘sétimo elemento’, que necessariamente está na atual base do governo Luiz Zaffalon (MDB).
Políticos de oposição e governo ouvidos pelo Seguinte: colocam na mira do advogado dois vereadores.
Dilamar Soares (PDT), que não tem cargos na Prefeitura, mas é o parlamentar mais próximo de Zaffa, é o ‘plano A’.
A estratégia revelei segunda: na sexta-feira à noite, após protocolar a CPI, Ávila enviou mensagem de WhatsApp a Dila oferecendo a presidência e o que chamou de “controle político” da comissão.
A formação da comissão com Dila como representante do PDT – e não Thiago De Leon – e mais o MDB, garantiria um “2 a 1” sobre o PSD no relatório final. O vereador também se comprometeu a manter a investigação “técnica e não política”.
Dilamar não respondeu a mensagem, mas teve conversas com Ávila e emissários, nesta semana, na Câmara.
Outro assediado é Alex Peixe (PTB).
– Não confirmo – despista Ávila.
– A sétima assinatura é informação ou blefe? – perguntei.
– Informação. Anunciaremos após a audiência pública sobre a Sogil – promete.
A audiência, aprovada por unanimidade dos vereadores na quinta-feira passada, ainda não tem data marcada, mas precisa ocorrer antes do dia 17, quando começa o recesso parlamentar, as ‘férias dos vereadores’.
Perguntei se era “blefe” porque bom de poker face Ávila é.
Quando foi o algoz de Rita Sanco (PT) ao propor o golpeachment de 2011, o advogado conseguiu manobrar a Câmara a abrir uma CPI sobre suposto oferecimento de cargos com base em uma suposta gravação de reunião com Bordignon no Hotel Radar.
Áudio que nunca apareceu.
Ao fim, o ano da Câmara que começou com a ‘pauta-bomba’ do subsídio de R$ 5 milhões para Sogil, termina com a ‘pauta-bomba’ da CPI, também envolvendo socorro ao transporte coletivo que reduz tarifas das linhas municipais, o que detalhei em R$ 3,80 em janeiro: Zaffa anuncia tarifa mais baixa da região metropolitana; ’Desafio apresentarem solução sem subsídio’ à Sogil.
A oposição já tem arte pronta de adesivos, outdoors e prepara manifestação de rua para provocar um acidente político e segurar a aprovação do PL 99, que cria o 'SUS do transporte coletivo'.
Não é o perfil dos vereadores alvos do assédio para a sétima assinatura, e a política de Gravataí é muito mais republicana que Cachoeirinha, mas que a CPI não sirva para barganhas e acertos de contas na base de governo, como acontece com Miki Breier (PSB) e Maurício Medeiros (MDB), alvos de CPIs e quatro impeachments no município vizinho.
Que, se algum vereador da base assinar, seja por convicção.
Já chega termos prefeitos – o afastado e o em exercício – reféns dos vereadores, como em Cachoeirinha, o que analiso em Vaza Cachoeirinha: Impeachment de Miki ameaça Maurício Medeiros; O filho de calcinha, a ditadura e a galera.
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