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Décio Becker: a passagem pelo mundo da política

Décio: depois da política, só sombra, água fresca e a brisa do mar com a companheira Maria Inês

A Becker Metalúrgica Industrial é uma empresa que se mantém, mesmo em tempos de crise, graças a um mix diversificado de produtos que saem da sua linha de produção. O carro-chefe, hoje, é a fabricação de silos para armazenamento de grãos, e um dos seus principais clientes é a John Deere, na linha de colheitadeiras, que industrializa no Rio Grande do Sul.

Assim como na direção da empresa só dá o passo conforme o tamanho da perna, na política o semi-aposentado Décio Vicente Becker foi um homem comedido, embora tenha demonstrado ser um articulador competente.

Foi secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, vice-prefeito, concorreu a deputado federal e, mais recentemente, um dos responsáveis pelo ressurgimento do Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Gravataí.

 

Sem gravata

 

Assim como na empresa ele vem implementando a transição há dois anos, entregando o comando para os filhos Diego, Graziela e Décio; assim como no Cerâmica Atlético Clube entrega a presidência em 31 de dezembro; na política Décio Becker garante:

— Totalmente fora.

E reitera:

— Totalmente fora. Nada mais a ver com política — garante.

Décio ingressou no meio político em 2003, pelas mãos do então prefeito Daniel Bordignon (à época ainda no Partido dos Trabalhadores) que o convidou para comandar a importante secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Na verdade Décio estruturou esta pasta e, hoje, sem falsas modéstias, diz que foi uma das melhores secretarias na segunda metade do segundo governo de Bordignon. A satisfação que diz guardar no peito decorre da atração de empresas importantes para o município.

— É complicado dizer qual seria a mais importante. Tem empresa que as pessoas até nem consideram, mas que têm grande participação na economia do município — comenta, escapando pela tangente na hora de dizer quais as grandes conquistas empresariais.

 

Vice e deputado

 

No ano de 2004 Décio Becker, pelo Partido Liberal, concorreu a vice na chapa encabeçada pelo petista Sérgio Stasinski para o comando da prefeitura de Gravataí. Eleitos, governaram de 2005 a 2008. Foi apenas um mandato como vice.

No ano de 2006 o industrial chegou a concorrer, sem maiores pretensões, a deputado federal, pelo Partido Liberal, o PL. Ficou na quarta suplência da coligação e só não chegou a uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasil, porque lhe faltaram apenas (a-pe-nas!) 237 votos.

— Em Gravataí eu fiz só sete mil votos de um total de quase 30 mil que eu consegui em todo estado. Se eu tivesse trabalhado melhor, feito uma campanha mais forte em Gravataí, eu teria sido eleito — avalia, hoje.

 

: Décio foi vice-prefeito de Sérgio Stasinski, à esquerda na foto e ao lado do ex-vereador Cau Dias (direita)

 

O trabalhista

 

No começo deste ano, 2016, foi intimado pelos deputados federais Pompeu de Mattos (presidente do PDT no Rio Grande do Sul) e Giovani Cherini para fazer renascer a sigla de Leonel Brizola em Gravataí.

— A intenção era reativar o diretório que estava completamente parado. Nem teve a ver com o desmonte do PT e nem tinha a intenção de trazer os petistas para o PDT. O desmonte do PT ainda não era tão grande lá no começo do ano.

Décio jura que assumiu a presidência da comissão provisória montada para fazer renascer o trabalhismo na Aldeia, muito mais para atender ao pedido de Pompeu e Cherini, pelo conhecimento mútuo e a amizade existente entre eles.

— Foi só para iniciar o partido. Foi isso que combinamos e foi isso que eu fiz. Fiquei cerca de uns três meses, só, no PDT e no comando da sigla.

Juntamente com outros políticos que aderiram ao PDT, como o presidente atual da sigla e vice-prefeito eleito, Cláudio Ávila, o então e ainda presidente da comissão provisória Décio Becker participou do processo que atraiu o ex-prefeito e ex-deputado Daniel Bordignon – agora prefeito eleito em 2 de outubro – para a ala dos trabalhistas.

 

Quase candidato

 

Até que DB se decidisse candidato a prefeito do município pelo PDT, muitas águas passaram, pelo rio Gravataí. Décio Becker diz que resistiu bravamente às investidas de Pompeo de Mattos e Giovani Cherini para que concorresse à chefia do Executivo.

Diante da sua persistente negativa, os dois parlamentares federais mais os neo-trabalhistas da Aldeia pressionaram Décio para que concorresse na condição de vice-prefeito de Bordignon. E voltaram à carga cogitando até que DB concorresse como vice de Décio.

— Fui taxativo e não cedi, nem para concorrer a prefeito e nem a vice. Eu disse que estava fora da política e assim me mantive.

E brinca:

— Imagina! Como é que eu poderia estar aqui neste paraíso se estivesse envolvido na política ou concorrido a algum cargo? — questiona, referindo-se ao Condomínio Ocean Side Sea Clube, de Itapeva, Torres, onde mora com a companheira Maria Inês Silveira Cortiana.

 

: Décio Becker com Daniel Bordignon, de quem foi secretário de Desenvolvimento e Turismo

 

Boas lembranças

 

Décio Becker não esconde o prazer e a satisfação que guarda de ter sido secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo e, depois, vice-prefeito de Gravataí.

— Eu fui o vice que mais assumiu a prefeitura na história do município. Vira e mexe eu era prefeito em exercício em função do prefeito (Sérgio Stasinski) viajar muito, e nas férias dele.

E o ex-político garante que fez “boas coisas” para a cidade, e lembra da conquista da implantação do teatro do Sesc para Gravataí. Foi uma negociação pessoal que empreendeu com o então presidente da Fecomércio, o já falecido Flávio Sabbadini, que era seu amigo particular.

Aliás, Décio Becker substituiu Sabbadini na presidência da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra) para o período 2001 e 2002. Foi dessa sua vivência na entidade que resultou o convite de Bordignon para que estruturasse e comandasse a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Gravataí.

— Como vice-prefeito acho que indiquei e levei para o governo bons secretários, como o Joaquim Cavalheiro e Sérgio Largura (outro ex-presidente da Acigra).

 

A decepção

 

De forma comedida e sem querer entrar em detalhes, para não criar celeumas, Décio confessa que sua grande decepção política foi o prefeito Sérgio Stasinski.

— Na verdade ele foi uma decepção para a cidade, para todo mundo que apostou nele. O Sérgio foi um desastre como prefeito, para Gravataí como um todo. Não tem muito o que dizer — diz, mudando de assunto.

 

Máquina do tempo

 

Se pudesse retroceder, o que modificaria e faria melhor na área política? A primeira coisa que vem à cabeça de Décio Becker é a eleição para deputado federal.

— Se eu fosse voltar no tempo eu teria trabalhado para me eleger deputado. Eu fui candidato naquela ideia do vamos ver o que é que vai dar, é a primeira vez, para somar votos para a coligação…

— Se eu tivesse feito um trabalho forte em Gravataí bem possivelmente eu tivesse sido eleito e, com isso, talvez o meu futuro político tivesse seguido outros caminhos, outras diretrizes — avalia, hoje.

 

Muito complicado

 

As vésperas de completar seus 70 anos, no dia 30, Décio diz que atualmente vê a seara política como “um negócio muito complicado”. Ele considera que talvez tenha sido prejudicado nos planos eleitorais por fazer uma política “desapegada”.

— Nunca tive outros objetivos que não fosse o bem da cidade. Nunca tive outros interesses que não fossem realmente os da comunidade.

E revela:

— Eu fui o cara que mais disse não como prefeito (em exercício) de Gravataí, e nunca machuquei ninguém por dizer não. O problema da maioria dos políticos é que ele não sabe os próprios limites. Pode até saber, mas não respeita estes limites.

E para finalizar, antes de mais um cafezinho:

— O erro da nossa política está justamente no fato de as pessoas não levarem a política a sério, como a política deve ser tratada, e não observarem as suas limitações legais, as regras que têm que ser cumpridas. Muitos extrapolam suas funções e acham que podem fazer o que bem entenderem porque não dá nada. Nem na casa da gente podemos fazer o que quisermos — brinca, falando sério.

E completa:

— As pessoas políticas, os agentes políticos, estão se envolvendo numa série de problemas que poderiam ser evitados por causa principalmente da ganância. O poder corrompe as pessoas, e eu sempre agi de forma diferente.

 

E agora, “seu” Décio?

— Agora? Agora é só vida mansa. Descansar aqui na sombra, muita água fresca e a brisa do mar!

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