opinião

Decodificando a entrevista do ’filho do Marco Alba’

Marco Alba e Alan Vieira

Como descreve L. Pimentel na entrevista com Alan Vieira, publicada no Jornal de Gravataí desta sexta, o vereador em segundo mandato, há pouco mais de seis anos, ao menos parecia ser o “garoto prodígio” de Marco Alba.

Eu era um que brincava com o advogado, chamando-o de “filho do Marco”.

A relação experimentou altos e baixos mas Alan, 31 anos e meia vida de MDB, sempre foi fiel ao prefeito, ao governo e ao partido.

Então, suas palavras tem força quando, na entrevista em que se coloca como pré-candidato à Prefeitura, fala das eleições de 2020.

À pergunta do JG sobre por que estaria mais preparado do que os outros cinco colegas de partido que também querem concorrer, Alan respondeu, no trecho que considero cheio de recados:

– Acredito que devemos pensar que tipo de político a população deseja. Precisamos nos ver representados nos políticos sérios, pois não há mais espaços para “postes” ou “filas”.

A íntegra você lê clicando aqui, mas faço o recorte porque não me parecen involuntário Alan falar em “postes” e “filas”.

Antes tentar traduzir as duas expressões, um parênteses: após a publicação, correu entre os políticos a narrativa de que Alan prepara o terreno para uma projeção que fiz nos artigos Dr. Levi candidato de Marco Alba com Pinho de vice; as estratégiasDr. Levi no MDB? Carlos Gomes vai na casa de Marco Alba Os indícios de que Dr. Levi será candidato de Marco Alba em Gravataí.

Alan é muito amigo do Dr. Levi.

Na teoria das conspiração, na entrevista ao jornal Alan teria trabalhado com alguma informação privilegiada, ou mesmo falado por Marco Alba. O que foi alimentado principalmente porque o “devemos pensar que tipo de político a população deseja” expresso por ele é o mesmo conceito usado pelo prefeito na entrevista em vídeo Quem Marco Alba apoiará para Prefeitura em 2020?, e no artigo Como ler Marco Alba; o card que até agora é ’a’ peça de 2020, publicada pelo Seguinte: dias 11 e 14 do mês passado.

Mas voltemos aos “postes” e “filas”.

Em relação aos “postes”, é possível dar o benefício da dúvida e especular que o vereador se referia ao adversário Daniel Bordignon ter sido o ‘Grande Eleitor’ de Sérgio Stasinski, Rita Sanco, Rosane Bordignon e agora apostar em Anabel Lorenzi.

Na linguagem sem dó, e invariavelmente maldosa da política, ‘postes’, mesmo que cada um com diferentes luzes.

Mas com a expressão Alan também atinge Jean Torman, Sônia Oliveira e Alison Silva, os três sem mandatos que são cotados como pré-candidato à Prefeitura, mas só serão se Marco Alba assim quiser.

Já sobre as “filas”, mesmo caminhando para a exceção, é uma regra do meio político tratar Jones Martins como o “ficha 1”, ou primeiro da fila na sucessão de Marco Alba –uso essa expressão desde que fez 51 mil votos a prefeito em 2008.

Ao fim, não é nenhum crime o que Alan disse na entrevista, onde também fala que o MDB “é sua família” e, “como bom filho”, acolherá a decisão da maioria. Mesmo com estratagemas para atingir subterfúgios, e dando não mais do que pseudônimos aos bois, o que fez foi política, e assim apresentou suas credenciais de vereador em segundo mandato, fiel ao prefeito e ao governo.

Por que não mereceria também ouvir a resposta à pergunta “se eles, por que não eu?”.

Pelo menos até outubro, mês que prometeu abrir o debate no MDB, segue gritando o característico som do silêncio do prefeito.

Acima, abaixo ou entre 20 e 20.000 Hz, o nome do governo será quem Marco Alba decidir.

 

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