política

Denner preside PSDB de Gravataí; Como o ’beijo da morte’ chegou para vereador Demétrio

Demétrio teve material de campanha junto com Denner, em 2020

O ‘beijo da morte’ veio em forma de recusa de apertos de mão para o vereador Demétrio Tafras, em sua derrota constrangedora para o secretário da Agricultura e Abastecimento Denner Gelinger na eleição para a presidência do PSDB de Gravataí, por 159 a 63, com 15 votos nulos.

No ninho tucano, ganham, e mantém a alta plumagem, Francisco Pinho, ‘pai político’ de Denner; o vereador Mario Peres; o ex-vereador e presidente do Instituto de Saúde dos Servidores de Gravataí (ISSEG) Neri Facin e o ex-vice-prefeito Áureo Tedesco e, em bastidores, o atual prefeito Luiz Zaffalon (MDB) e o ex-prefeito Marco Alba (MDB).

Registro a história.

Os debates da eleição se deram remotamente pelo Google Meet, e o Cemitério de Poblenou para coleta dos votos foi o CTG Carreteiro da Saudade. Sob o teto do sempre patrão Neri, aconteceram dois episódios: Demétrio estendeu a mão e não teve o cumprimento aceito pela esposa de Denner, Caroline Prates, e pela esposa de Pinho, Tânia, que representou o companheiro que, com a experiência de três décadas de política, e sabedor do número de votos que seu candidato tinha, evitou comparecer à votação.

– Você é um canalha. O Denner abriu mão de ser o vice para Zaffa ter Dr. Levi na chapa, e de concorrer a vereador, com o que você se beneficiou – disse Caroline, retirando a mão de uma forma brusca que pareceu quase um tapa na mão do vereador.

– Canalha é teu marido – devolveu Demétrio, que em meio às discussões chegou a ser ‘lembrado’ do rolo judicial em que está envolvido, em um escândalo que chegou até a ter CCs filmados e foi transmitido pela RBS, por suposta ‘rachadinha’ quando chefiava o gabinete de Jardel na Assembleia Legislativa.

Onde entram Zaffa e Marco Alba na troca de bicadas entre tucanos?

O prefeito ganha por Denner ser mais confiável do ponto de vista político. Ex-jogador de futebol, Demétrio seria o que no mundo da bola se chama ‘ruim de grupo’. Saiu do MDB brigado com Marco Alba e foi expulso do PDT por Daniel Bordignon, para usar dois exemplos que envolvem ex-prefeitos, ou ‘treinadores experientes’, para seguir na metáfora. Agora, em apenas um ano de PSDB, já ganhou o ‘beijo da morte’.

E Marco Alba?

O ‘pelé da política da aldeia’ ganha porque o plano de Demétrio era levar para o PSDB ex-companheiros e hoje adversários políticos do ex-prefeito: o ex-deputado federal Jones Martins e os vereadores Clebes Mendes e Nadir Rocha, ambos em processo de expulsão no MDB por terem permitido a aprovação na Câmara do parecer que rejeita contas da Prefeitura em 2017 e ameaça Marco Alba com uma inelegibilidade de 8 anos; além de acusados de fazer campanha para o principal candidato da oposição à Prefeitura, Dimas Costa (PSD), em 2020.

Mas não só por vendeta a derrota de Demétrio interessava a Zaffa e Marco Alba. Junto ao trio Jones-Clebes-Nadir, o vereador poderia levar o PSDB para a oposição, como quer o governador Eduardo Leite – que tem entre seus principais críticos o ex-prefeito e a deputada estadual Patrícia Alba, e para quem não acompanha, indico o artigo de ontem Privatização da Corsan: Patrícia Alba ’pega na mentira’ o governador; Deputada de Gravataí vota contra ’Pix ilimitado’.

Ao fim, Demétrio mostrou inabilidade política. Se expôs a uma derrota fragorosa e arrastou a companheira junto. Simone Vieira Rodrigues perdeu a eleição para presidência do PSDB Mulher para Simone Lourenci, por 87 votos a 30. E confirma a fama de ‘ruim de grupo’, o que deve lhe custar a sonhada candidatura a deputado estadual em 2022 e lhe permitir apenas, como o ‘beijo da morte’, procurar salvação em uma candidatura à reeleição para Câmara pelo PSDB, ou um improvável outro partido – é difícil alguém aceitar um candidato de 1.417 votos, que já chega favorito na eleição.

Raimon Arola, especialista em simbolismo da Universidade de Barcelona, descreveu assim a estátua do cemitério de Poblenou, onde a morte carrega uma jovem ao seu reino com um beijo.

– Ao morrer pelo beijo de Deus, o espírito do homem sai pela boca e se une a Ele, que, por uns instantes, disfarçou-se de morte. No Talmude está escrito assim: ‘a mais dolorosa das mortes é a do garrote; a mais doce é a do beijo divino’.

Liguei para Denner para ouvi-lo, mas ele não retornou até a publicação deste artigo.

 

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