A deputada de Gravataí Patrícia Alba (MDB), presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e da Frente Parlamentar em Defesa da Primeira Infância, defendeu a lei que regulamenta o uso de celulares em salas de aula como parte de uma “ação conjunta” para reverter os baixos índices de aprendizagem, em evento promovido pela Fundação Lemann, em São Paulo.
O seminário, coordenado pela deputada estadual Marina Helou (Rede-SP), autora da lei que proíbe o uso de celulares nas escolas de São Paulo, reuniu autoridades educacionais e especialistas discutiram os desafios da educação pós-pandemia e os efeitos dos smartphones na aprendizagem e na saúde mental de crianças e adolescentes.
O psicólogo e escritor norte-americano Jonathan Haidt, autor do best-seller A Geração Ansiosa, elogiou a legislação brasileira e gaúcha que restringe o uso de celulares nas escolas, classificando-a como “um grande avanço”. Contudo, alertou que a combinação entre o uso excessivo de smartphones, os efeitos prolongados da pandemia de Covid-19 e as recentes enchentes no Rio Grande do Sul agravaram a crise educacional.
“Não podemos subestimar como os algoritmos das redes sociais sequestram a atenção dos jovens. Isso, somado à interrupção das aulas durante a pandemia, criou uma tempestade perfeita”, afirmou Haidt, cuja obra analisa o aumento de ansiedade e depressão em uma geração hiperconectada.
Infância do brincar vs. infância do celular
Patrícia Alba reforçou a necessidade de mobilizar sociedade, poder público, famílias e escolas em torno do tema. “É preciso incentivar a infância do brincar, da convivência, para superarmos a infância do celular”, declarou, ressaltando que o assunto tem sido pauta de debates na Comissão de Educação da Assembleia gaúcha.
“Não se trata apenas de proibir, mas de construir alternativas que estimulem o desenvolvimento integral das crianças”, acrescentou, citando projetos pedagógicos que priorizam interações presenciais e atividades lúdicas.
A secretária estadual de Educação do RS, Raquel Teixeira, e o conselheiro César Miola, vice-presidente de Relações Político-Institucionais da Atricon e ouvidor do Tribunal de Contas do Estado, também participaram do debate, reforçando a importância de políticas intersetoriais. “Precisamos de dados robustos para medir os impactos da tecnologia na educação, mas já temos evidências suficientes para agir”, disse Miola, destacando o papel dos tribunais de contas no monitoramento de políticas públicas.
A deputada Marina Helou, anfitriã do evento, lembrou que a lei proíbe o uso de celulares em salas de aula do ensino básico, exceto para fins pedagógicos. “A regulamentação não é um fim, mas um meio para reconectar os alunos com o mundo real”, afirmou.
Mesmo com a proibição dos celulares como lei federal, o desafio permanece: como equilibrar os benefícios da conectividade com a urgência de proteger uma geração que, segundo os especialistas, vive “soterrada” sob telas.