RAFAEL MARTINELLI

Deputada Patrícia Alba é contra aumento no ICMS pelo governo Leite; Os efeitos na III Guerra Política de Gravataí

Patrícia Alba (MDB) é contra proposta do governador Eduardo Leite (PSDB) de aumento 17% para 19,5% da alíquota básica do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Produtos (ICMS) a partir de 2024.

A deputada estadual de Gravataí, que ainda não tinha respondido questionamento do Seguinte:, comunicou voto contrário em reunião na Assembleia Legislativa, com dirigentes da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) e Federação Varejista do RS.

Patrícia, integra partido da base do governo, tem se colocado de forma independente. Não tem cargos indicados.

– O setor comercial do Estado vai colapsar com o aumento de impostos, o que vai refletir direto nos consumidores e ainda afugentar quem quer investir no Rio Grande do Sul – disse, diferentemente do governador, mantendo a coerência com o discurso de campanha, de não votar a favor do aumento de impostos.

A deputada também propôs a reinstalação da Frente Parlamentar em Defesa do Comércio de Bens e Serviços na Assembleia, em 12 de dezembro de 2012 – que já havia sido instalada na legislatura passada, em 2021, da qual ela fora a proponente, “por se tratar de um dos setores mais impactados pelo aumento do ICMS”, ressalta a deputada.

– Um dos compromissos do meu mandato é estar ao lado daqueles que empreendem, que geram trabalho e renda e contribuem para o desenvolvimento do Estado. A dificuldade de caixa do governo do Estado não pode pesar no bolso do cidadão, que é quem vai pagar a conta final com o aumento do ICMS – disse.

A decisão tem impacto também na aldeia.

Patrícia joga o desgaste do aumento de impostos para dois potenciais adversários do marido Marco Alba (MDB) na disputa pela Prefeitura em 2024: o prefeito Luiz Zaffalon, filiado pelo governador ao PSDB após sair do MDB e deflagrar a III Guerra Política de Gravataí contra seu ‘Grande Eleitor’ de 2020, e Dimas Costa (PSD), hoje secretário de Esportes do Estado.

Dos dois, Zaffa responde pelo ‘hoje’, já que, seguindo orientação dos Alba, votou em Onyx Lorenzoni (PL) mesmo com seu partido na época, o MDB, ter na chapa o vice, Gabriel Souza. Não pode ser cobrado por mais uma ‘verdade múltipla’ do governador – que na campanha disse que não aumentaria impostos – na mesma proporção de Dimas, que fez campanha no primeiro e segundo turno e é o ‘embaixador’ de Leite em Gravataí.

Dos outros principais adversários, o PDT de Thiago De Leon está no governo, mas não tem definição de votos, e Daniel Bordignon é do PT, partido que já manifestou contrariedade ao aumento do ICMS e representa a principal oposição a Leite no RS ao lados dos bolsonaristas do PL.

Ao fim, de um lado resta o doce sabor de ser independente ou oposição frente a uma ‘pauta-bomba’ – o que no caso de Patrícia é ainda mais adocicado pela deputada estar fazendo o que em campanha disse que faria, sem mentir para os eleitores; de outro lado, restam os ônus e bônus de ser governo: entre a inauguração da elevada da ERS-118 e outra obra, sempre pode aparecer um pedágio ou um aumento de impostos.

Lembra-me ‘O Ser Político’, de Millôr, que transcende lados da ferradura ideológica.

Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.

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