As relações sociais, assim como as afetivas, são complexas.
“Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”, ditado popular brasileiro muitas vezes atribuído aos escritos na Bíblia dos católicos, não contempla mais, em sua totalidade, as realidades de nossas vidas.
A expressão indica que podemos saber das qualidades de uma pessoa pelas companhias ao seu lado. Acho que esse ditado caiu por terra. Tenho amigos com os quais posso contar em muitos momentos e cujos posicionamentos em relação ao que penso sobre diversos temas (em especial na política) são totalmente opostos. Andar com eles não faz de mim uma seguidora de seus ideais. Não sou como eles, ou vice-versa.
Impressionam-me, com certeza, algumas falas e escritos de natureza política, de posicionamentos nas questões de gênero e da vida em sociedade. Fico com uma vontade danada de afastar-me dessas pessoas ou excluí-las do meu facebook, mas, ao mesmo tempo, lembro-me de seus predicados e vislumbro, sempre, a possibilidade de que, com o diálogo, talvez seja possível fazer com que percebam as impropriedades do que dizem ou escrevem.
Essa minha conduta não tem nada de ilusão ou inspiração em meu lado Poliana de ver o mundo. Parto de minha experiência de vida. Enganei-me muitas vezes e amigos me apontaram a direção, esclareceram fatos ou falas. Se a cigana que previu o meu futuro estiver certa, o fim da minha existência terrena será aos oitenta anos. Tenho muito tempo ainda para cometer equívocos leves e erros pesados. Espero que não sejam muitos.
A origem do afastamento de alguns amigos não será pelo conceito expresso no ditado popular. E a proximidade? Também não. Já passei da fase do “não quero mais brincar contigo”. Isso valia quando era criança. Posso estar errada quanto à política, mas minhas convicções em relação aos direitos das pessoas são imutáveis. Esclareço que não aceito comentários racistas ou pedófilos. Desse tipo de gente, sim, me afasto correndo. Tanto do facebook quanto da proximidade física.