Tem quem pense que o assunto Zaffari da 60, como é chamado o anunciado empreendimento da Companhia Zaffari, ou rede Zaffari, de Porto Alegre, para Gravataí, tenha caído no esquecimento – até abandonado! – desde que a negociação empacou por conta de um débito de um dos sócios do terreno para com a Fazenda Nacional.
Conversei nesta semana – segunda-feira (10/2) – sobre o assunto com o secretário municipal de Governança e Comunicação Social, Luiz Zaffalon, o homem do governo que conhece o processo – e como está o andamento – como ninguém.
Aliás, o Zaffa, como é chamado pelos amigos, tem o telefone vermelho do todo poderoso Cláudio Zaffari, um dos principais diretores de uma das mais importantes companhias dona de shoppings, hiper e supermercados, entre outros investimentos, de todo Sul do Brasil.
Quiçá, do país!
Gravei a conversa, como pode ser visto na foto ao alto. E transcrevo na íntegra os principais trechos do que ele falou sobre a situação e a expectativa em relação ao start do projeto.
Confira a seguir e, para saber mais sobre a “novela” do Zaffari da 60, acesse os links ao final da matéria.
SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL
— Para entender: Um dos proprietários daquela área tem a parte que lhe cabe judicializada, por conta de uma dívida da empresa dele, alienada por causa de dívidas tributárias para com a Fazenda Nacional. A empresa dele “entrou” com pedido de liberação da penhora para poder fazer o acerto com a Prefeitura. O argumento principal é que o terreno que vai sobrar vai valer muito mais, financeiramente, do que o todo que existe hoje, o que é verdade em função da valorização que o Zaffari vai provocar em todos os imóveis da região.
OS PASSOS ATUAIS
— A PGFN (Procuradoria Geral da Fazenda Nacional) pediu um documento assinado pelo prefeito Marco Alba atestando que a proposta existe, é verdadeira, é válida legalmente – tem lei que ampara o acordo pretendido, que ali vai sair o empreendimento do Zaffari e que a área que será entregue em dação por conta das dívidas que existem para com o governo municipal é necessária para viabilizar a construção das vias de mobilidade internas do empreendimento.
O QUE FOI FEITO
— Hoje pela manhã (10/2) o prefeito assinou esse documento, já foi entregue para o advogado da empresa pertencente ao sócio do terreno que está sendo 'negociado' com o município. A empresa, ou seus representantes legais, devem protocolar o mais breve possível este documento na PGFN. Feito isso, a PGFN pode argumentar com o juiz que está cuidando do caso para que seja autorizada a formalização do acordo dos lindeiros com a Prefeitura.
A EXPECTATIVA
— Tem tudo para liberar. Não tem prazo e nem posso falar sobre prazo, mas o pessoal da PGFN conhece os caminhos certos na esfera judicial, sabe o que fazer sob o ponto de vista legal. Está andando bem, até mais rápido do que eu imaginava. Até onde eu sei, o pessoal da PGFN está francamente a favor do pedido de liberação dos três hectares, até porque o que vai restar vai valer infinitamente mais do que aquilo tudo junto vale hoje para efeitos de venda do hectare.
ZAFFARI CHATEADOS?
— Não, pelo contrário. Já estão com os projetos, quase todos, prontos. Falta, se não me engano, o projeto ambiental que deve ser entregue nesta semana ou na semana que vem. Eles estavam na dependência de informações técnicas, por exemplo, da Corsan, dizendo sobre os pontos nos quais vai ser feita a coleta de esgoto, a água pluvial… Faltavam estes detalhes que, solucionados, eles ingressam na FMMA (Fundação Municipal do Meio Ambiente) requerendo a licença ambiental. Na SMDUR (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano) os projetos já foram aprovados, numa primeira fase, e não vejo problemas na aprovação dos projetos executivos, os que se referem à construção dos imóveis.
AÇÃO CONJUNTA
— O Zaffari, enquanto empresa, está fazendo a parte que lhe cabe e nós estamos fazendo a nossa parte que é trabalhando para liberar no menor prazo possível a área necessária para o sistema viário. Há uma demora aqui, um entrave ali, mas isso é porque a gente precisa cumprir rigorosamente o que diz a lei, para que não sejamos cobrados depois ou o projeto acabe parando depois de iniciado. Em resumo, está andando bem a questão do investimento da Rede Zaffari na parada 60. Reforço que está andando bem! Nunca andou tão bem, sou capaz de afirmar até!
SEM ATUALIZAÇÃO
— Não tem como eu projetar qualquer atualização em cima do que foi anunciado como investimento, originalmente, lá em 2012. Na época era coisa de uns R$ 300 milhões pelo que foi noticiado. Eu não sei fazer essa conta assim, com os poucos dados que tenho sobre os números. Lá no Zaffari o pessoal deve ter isso atualizado, mas eu não tenho!
PROJETO MANTIDO
— Pelo que eu tenho conversado com eles (com o diretor Cláudio Zaffari, principalmente, segundo o colunista apurou!) está mantida aquela ideia inicial de fazer em Gravataí o que estão chamando de 'power center'. Não tem nenhum empecilho para isso. Vai ser lindo de ver! Imagine um Hipermercado Zaffari com várias lojas-âncoras no entorno… São prédios comerciais e residenciais, e isso vai mudar completamente aquela região.
A GRANDE OBRA
— Tranquilamente pode se dizer que esta é uma grande obra para Gravataí que, até agora, ninguém viu, ou vê. Estamos trabalhando desde que assumimos no sentido de ajeitar as coisas para que o investimento aconteça. Paramos em alguns aspectos legais, que atrasaram as nossas intenções, que são necessários ser cumpridos, seguidos, mas nunca deixamos de lado este projeto. É sim a grande obra de Gravataí – e para Gravataí! – no momento.
Importante
1
O montante devido pelo condomínio de sócios proprietário do terreno cuja parcela deve ser cedido em forma de dação ao município supera a casa dos R$ 3 milhões.
2
A parcela do imóvel que deve ser entregue em dação à Prefeitura para quitar o débito, tem valor equivalente ao total devido em tributos municipais.
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O terreno
São 61 hectares de terra ligando a avenida Dorival de Oliveira, altura da parada 60, à avenida Marechal Rondon (divisa com Cachoeirinha) após a igreja Nossa Senhora de Fátima.
– 23 hectares já são de propriedade do Grupo Zaffari
– 18 hectares são de propriedade de uma empresa que não criou entraves ao projeto
– Cerca de 20 hectares são de um condomínio de quatro empresários que estão negociando com a União e o Município uma solução para que o investimento se materialize.
AS RUAS
1
Conforme o projeto cinco novas ruas estão previstas no entorno do empreendimento. Três delas com acesso à avenida Marechal Rondon, divisa de Gravataí com Cachoeirinha.
2
A própria Marechal Rondon deverá ser duplicada pelo Grupo Zaffari conforme ficou acertado com a administração municipal na fase inicial das negociações.
3
Outras duas ruas vão ligar os futuros prédios à avenida Dorival de Oliveira, na altura da parada 60, onde há vários anos está um totem com o esquilo vermelho que simboliza o Grupo Zaffari.