Alguém precisa explicar o porquê do desmatamento de uma área de mais de dez metros adentro no Mato do Julio, na extensão da avenida Flores da Cunha, em Cachoeirinha.
O Seguinte: buscou informações com a Prefeitura e com a RGE, mas faltam detalhes fundamentais.
A Comunicação do governo Cristian Wasem (MDB) enviou cópia de licença emitida pela Fundação de Proteção Ambiental (Fepam) supostamente autorizando o corte de árvores, já como aplicação de lei estadual aprovada em novembro e que amplia poderes de concessionárias de energia elétrica sobre manejo de árvores.
Clique aqui para ler a normativa do órgão ambiental estadual, que vale para todo Rio Grande do Sul.
Porém, o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Quintana, não respondeu aos contatos do Seguinte:, nesta segunda e terça-feira, para detalhar a operação.
Já o gerente da RGE, Cassio Lima, pediu que a reportagem entrasse em contato com a assessoria de imprensa da concessionária, que não respondeu nas últimas 24 horas.
O vereador mais votado em 6 de outubro, Leo da Costa (PT), ligado ao Coletivo Mato do Julio, postou vídeo mostrando o desmatamento.
– É parte de um plano sutil para destruir o Mato do Julio, começando pela avenida, para construir ali um condomínio de luxo – diz, alertando para o descumprimento do Plano Diretor Municipal, que identifica a área como Unidade de Conservação.
– Não estão considerando a capacidade da floresta urbana diminuir a temperatura de toda cidade, além de ter sido a salvação para 2 mil pessoas que poderiam ter sido atingidas pela enchente – critica o historiador e ambientalista que assume o mandato em 2025; leia em #DasUrnas | O vereador mais votado defende a causa mais nobre de Cachoeirinha.
O atual vereador Marco Barbosa (Podemos) também investiga o desmatamento.
– Vejo um crime ambiental continuado – disse ao Seguinte:, após vistoriar o local nesta terça, onde constatou o corte de árvores, algumas frutíferas, sem capacidade de atingir os fios.
O parlamentar também acionou a Prefeitura e à RGE, mas ainda não obteve informações oficiais.
– Não está sendo respeitada a Unidade de Conservação. Conforme as explicações oficiais, vou comunicar o Ministério Público – avisa, alertando que a extensão do desmatamento ultrapassa a normativa da Fepam.
Ao fim, é preciso mais transparência.
Trata-se da maior floresta urbana da região metropolitana, como já tratei em artigos como Comitê da Bacia do Rio Gravataí pede desapropriação do Mato do Julio ao governo federal; O Central Park do pós-enchente.
A sociedade precisa saber os critérios dos cortes.
Não se trata de não fazer a manutenção, mas sim de como fazer.
Que não venha a RGE justificar que o desmatamento é feito para não faltar luz no hospital, na polícia ou na creche no próximo temporal, porque isso não é resposta técnica.
Com o perdão da expressão, é matar o paciente para curar o câncer.
Ah, além de passar calor ou ficar alagado no velório.
Assista na SEGUINTE TV vídeo de um dos trechos desmatados