opinião

Devolvam já os salários indecentes, políticos de Cachoeirinha!

Nota oficial foi postada no site da Câmara de Vereadores de Cachoeirinha

O demagogo geralmente posa de estúpido para que sua platéia imagine ser tão esperta quanto ele. O chato aqui, jornalista e não caça-cliques, traz sugestão, para que eleitores pensantes de Cachoeirinha não desconfiem estar sendo feitos idiotas com essa história de que vereadores elaboram projeto para reduzir os próprios salários, o do prefeito, do vice e dos secretários municipais.

“Após ouvir a sociedade…”, conforme a nota oficial da Câmara, assinada pelo presidente Fernando Medeiros (PDT).

Antes do desafio, um pouco de contexto.

Que os salários em Cachoeirinha são indecentes parece-me incontestável. O prefeito ganha R$ 27.115,02; o vice R$ 20.356,27; os vereadores R$ 12.323,61 e os secretários R$ 10.978,74. Em Gravataí, cujo orçamento é o dobro dos R$ 400 milhões de little falls, o prefeito ganha R$ 12 mil e os vereadores R$ 9 mil. Cachoeirinha é a 12º economia gaúcha e respira por aparelhos em meio à fumaça do pinote da Souza Cruz; Gravataí é a quarta economia e experimenta o ‘show do bilhão’ em investimentos confirmados pela GM.

Enfim, o prefeito ganha mais do que o governador do Estado (R$ 20.904,65) e os colegas da capital Porto Alegre (R$ 19.477,40) e da maior metrópole da América do Sul, São Paulo (R$ 24.165,87).

O jornalista Roque Lopes revelou no site O Repórter uma tabela que mostra que a mesa diretora do legislativo trabalha com uma redução de 30% nos vencimento do prefeito (de R$ 27,1 mil para R$ 19 mil); 20% do vice (de R$ 20,3 mil para R$ 16.269,02) e de – convenhamos ridículos – 5% para secretários (de R$ 10.978,74 mil para R$ 10.429,80) e vereadores (de R$ 12.323,61 para R$ 11.707,43).

Inevitável que mexer com isso às vésperas da eleição atraia suspeita de demagogia.

Dou dois motivos.

Um: em 2017, quando o funcionalismo perdeu vantagens no ‘pacotaço do Miki’, a vereadora Jack Ritter ficou falando sozinha ao tentar debater uma redução nos salários. Alguns parlamentares até fingiram bem, mas o apoio ficou só na conversa.

Dois: a nova proposta de corte apareceu de surpresa em um momento de crise entre Executivo e Legislativo – onde se fala até em golpeachment, anotem e fiquem dando F-5, que ainda hoje volto ao tema no Seguinte:.

Ah, mas é o momento legal para definir os salários!, certamente explicarão os edis. Verdade. É a legislatura atual que define os salários da próxima, pode reduzir ou congelar os salários dos políticos e, talvez o mais importante, desvincular vencimentos dos reajustes do funcionalismo – o que ocorre hoje com o prefeito e o vice, em Cachoeirinha.

Por isso, sugiro aos políticos favoráveis à redução levar o anseio popular adiante, quem sabe cortando um pouco mais e, a partir de maio, o mês do trabalhador, simbolicamente começar a devolver desde já os descontos propostos nos salários.

Há exato um ano, depois que a polêmica dos mais altos salários do país virou notícia nacional, o prefeito Miki Breier e o vice Maurício Medeiros estão devolvendo 15%.

Imagine todos irmanados, que bonito!

Sim, também pode ser descrito como demagogia e, quem sabe, até render votos de milícias digitais que no Grande Tribunal das Redes Sociais garantem aos políticos apenas a presunção de culpa, mas pelo menos seria uma demagogia com o próprio chapéu.

 

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