Ela fez atividade na escola e no clube. Almoçou a comida que gosta (arroz, feijão, bife, salada de brócolis) e arrematou com o suco favorito, de laranja natural. Divertiu-se na livraria ouvindo contação de histórias e brincou na praça. Perguntada pela mãe como havia sido o seu dia respondeu: foi perfeito! Essa foi a resposta da neta de meu marido, uma menina de cinco anos, sobre um sábado em que ficou sob nossos cuidados.
Estamos tão enredados em atribulações que sequer nos damos conta que às vezes os dias podem ser perfeitos. Não precisamos esperar o domingo e nem uma viagem dos sonhos. Ele pode acontecer em qualquer momento da semana. Quem sabe com um pouco mais de afeto para olhar o cotidiano se perceba as pequenas grandes conquistas.
A realidade não tem o glamour de nossos sonhos, mas pode ter os seus encantos. Tem sido difícil encontrar ângulos favoráveis diante dos acontecimentos. Tragédias sociais invadem a tela de TV e páginas dos jornais. Acontecem perto ou longe de nós. Uns se incomodam, outros se acomodam.
Precisamos reencontrar a criança que nos habita e fica feliz em ouvir uma história, sentar no banco da praça e olhar o balanço das folhas nas árvores em um final de tarde ensolarado; espiar pela janela as gotas de chuva molhando a grama; perceber o latido faceiro do cão quando se chega a casa; o ronronar do gato com um afago; o privilégio de saborear a comida que agrada e conforta; o cumprimento do vizinho, o sorriso daqueles a quem amamos. Gestos e atitudes que podem tornar nosso dia, nada menos do que um dia perfeito.