: As filhas Carla e Fernanda Zanchetta, a amiga Tuca e Sônia. Entre Buda e Peste, mais turismo e histórias
Sábado de manhã, deixamos a bela Bratislava e tomamos um trem em direção a Budapeste, que fica a três horas dali. Viajar de trem é sempre uma experiência maravilhosa, pela oportunidade de se conhecer o que há no caminho, mas tenho um problema grave que é o de dormir com mais facilidade em qualquer veículo em movimento do que na minha própria cama. Mesmo assim, antes de cair no sono, consegui ver grandes extensões de campos de canola, bem amarelinhos, e alguns povoados simpáticos.
Pela primeira vez, desde que começamos a viajar de trem, fomos abordadas por fiscais, que pediram para ver nossas passagens. Essa falta de fiscalização estava nos parecendo muito estranha, assim como a ausência quase total de policiamento ostensivo nas ruas das cidades pelas quais passamos até agora.
Chegando à Estação Central de Budapeste, fizemos câmbio, porque, embora a Hungria integre a União Europeia, não aderiu ao euro e segue utilizando sua moeda, o forinto húngaro (HUF). E dali, fomos direto para um hostal, onde minha filha Nanda havia reservado um quarto para quatro pessoas, mas, quando chegamos, o encarregado disse que, no único em que podia nos acomodar, já havia duas hóspedes. Ficamos irritadas com sua engabelação, mas decidimos ficar por lá mesmo, pois não é fácil conseguir hospedagem sem reserva prévia, em Budapeste, nos fins de semana.
Então, chaveamos algumas coisas de valor nos armários individuais e, munidas de toda nossa grana e dos passaportes, que carregamos sempre naqueles cintos especiais que se usa por dentro da roupa, saímos a bater perna pela cidade, guiadas pela Nanda, que já a conhecia.
Budapeste foi fundada em 1873, com a fusão da cidade de Buda, localizada na margem direita do Danúbio, com Peste, localizada na margem esquerda, e conta com 1,7 milhão de habitantes. Se já estávamos encantadas com a beleza de Peste, onde estamos hospedadas, nosso deslumbramento foi muito maior quando avistamos, do outro lado do rio, o magnífico Castelo de Buda e centenas de outras edificações e monumentos surgidos desde o século XIV.
Apesar de sua importância como destino turístico, a cidade não é tão bem cuidada como Viena (que chega às raias da perfeição nos quesitos organização e limpeza) ou Bratislava. Aqui e ali, veem-se pichações nos prédios mais modernos (Imagino que ninguém se atreveria a pichar os que integram o patrimônio histórico e cultural do País.), e a coleta do lixo deixa a desejar. Além disto, os húngaros fumam muito e há bitucas de cigarro por toda parte.
Na volta, preparamos o jantar e, logo depois, minhas filhas já estavam no maior papo com nossas colegas de quarto: uma jovem da Índia e outra da França. E, como estávamos super cansadas (temos caminhado entre 8 e 9 km por dia), quando deitamos, dormimos profundamente até a manhã do domingo.
Acordei às 6h, quando levantou a jovem indiana, que viajaria a Viena, e, logo em seguida, despertou Lucie, a jovem francesa, e começou a gritar ao se dar conta de que haviam roubado sua mochila e sua mala, além do documento de identidade. Aí foi um Deus nos acuda. Fiquei espantada de que nenhuma de nós (e sobretudo eu, que tenho o sono super leve) tenha percebido que uma pessoa estranha entrou em nosso quarto durante a noite.
Enquanto esperávamos que o pessoal do hostal chegasse, Lucie ligou para alguns conhecidos, para que a acompanhassem até a Polícia, e, como haviam levado todos os seus pertences, com exceção dos tênis (que, de acordo com as normas do hostal, haviam ficado na entrada do apartamento), de uma jaqueta e do dinheiro (que estava fechado à chave em seu armário), minha amiga Tuca e Nanda lhe doaram uma muda completa de roupas que ainda não haviam usado.
E, naturalmente, exigimos que nos devolvessem as outras duas diárias do hostal, pagas antecipadamente, e saímos em busca de outro local para nos hospedarmos. Mas isto é já é assunto para o próximo texto deste diário…
As fotos do dia.
