RAFAEL MARTINELLI

Dimas é candidato a Prefeitura de Gravataí; Quem ganha, quem perde, com o fim da ‘interminável fofoca’. E Lenin

Anna, de verde, palestrou no evento do Singra, de Valcir Ascari (à direita) | Foto Matheus Leandro

Resta confirmada a candidatura de Dimas Costa (PSD) à Prefeitura de Gravataí. Dissipa-se cada vez mais a ‘interminável fofoca’ de uma aproximação com o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), que analisei em artigos como A reunião de 2h entre Zaffa e Dimas e a fofoca interminável em Gravataí e A fofoca interminável: Zaffa e Dimas juntos mais uma vez em inauguração de obra; Os ‘dois prefeitos’ nos elevadores da política de Gravataí.

A evidência, que responde à grande dúvida sobre o cenário eleitoral de 2024, apareceu na manhã desta quarta-feira, em evento do Sindicatos dos Metalúrgicos de Gravataí (Simgra), a entidade sindical que representa os funcionários do complexo automotivo.

A vereadora e vice-presidente do legislativo Anna Beatriz da Silva, esposa do ex-vereador, participou de evento organizado pelo sindicato em celebração do mês da mulher, com encerramento pela vice-presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos e dirigente da Central Global Industrial Union, Mônica Veloso.

Reparem na divulgação feita pelo Simgra: “Amanhã, teremos um evento das mulheres com três candidatas à primeira dama de Gravataí, confirmadas, deputada estadual Patrícia Alba (MDB), vereadora Anna Beatriz da Silva (PSD) e ex-vereadora Rosane Bordignon (PT)”.

Marlene Zaffalon, esposa de Zaffa, foi convidada, mas já tinha outro compromisso no mesmo horário.

Apesar de sempre se apresentar como candidato, Dimas admitia a possibilidade de não concorrer caso assumisse como deputado estadual. Ele é hoje o primeiro suplente do partido.

Fosse possível a engenharia política, que só aconteceria com as digitais do governador, um apoio do hoje secretário-adjunto dos Esportes do Estado à reeleição do prefeito seria uma óbvia consequência, formando um palanque único do governo Eduardo Leite (PSDB) em Gravataí.

Ao Seguinte:, Dimas disse que continua “pré-candidato como sempre”.

– Ontem mesmo conversei longamente com o Kassab. Logo mais estarei com o Danrlei – disse, referindo-se ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab e ao deputado federal e secretário titular do Esporte, Danrlei de Deus (PSD).

Já tinha antecipado que a resposta à ‘fofoca interminável’ seria dada em março; leia os artigos Zaffa e Dimas pediram o mesmo ao ‘Papai Noel da Política’; O babado forte na Gravataí estudada, de 26 de dezembro, e Dimas saiu da casa de Kassab candidatíssimo a prefeito de Gravataí; A nota sem senão e a ‘fofoca interminável’, de 8 de janeiro deste ano.

Reproduzo e, abaixo, encaminho a conclusão.

No primeiro, escrevi:

“(…)

Resta aí o pedido de Zaffa e Dimas ao ‘Papai Noel da Política’, algo como o fim do tradicional ‘GreNal Político da Aldeia’, o ‘nós contra eles’.

Se estarão juntos, em uma mesma coligação, ou em diferentes números na urna eletrônica, aguardemos o Coelhinho da Páscoa confirmar, em março.

O que profetizo?

Dimas é primeiro suplente na Assembleia Legislativa e secretário-adjunto de Estado. Se não assumir como deputado, ou como secretário, deve concorrer a prefeito. Além de colocar o nome na rua pensando na AL em 2026, seria uma das candidaturas preferenciais a prefeituras pelo PSD gaúcho, o que faria seu fundo eleitoral chegar próximo ao milhão.

Os partidos não costumam deixar esse dinheiro parado na conta.

(…)”

No segundo artigo, após reunião de Dimas com o presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, e a divulgação de uma nota confirmando a candidatura a prefeito, escrevi:

“(…)

Aqui, na planície, a participação no governo municipal parece não seduzir Dimas.

Se quiser a parceria eleitoral, Zaffa terá que ir aos palácios e incidir junto ao governador para garantir um projeto político estadual – melhor do que aquele que citei acima, da candidatura própria pelo PSD – que permita a Dimas condições para ser eleito à Assembleia Legislativa em 2026.

Dimas ter saído da casa de Kassab candidatíssimo não permite apenas a análise de que terá uma fatia gorda do fundo eleitoral para campanha. O presidente é notório por ter construído uma máquina partidária a partir do incentivo a candidatos depois eleitos para prefeituras no interior paulista.

Fato é que, como publicamente sempre disse que seria candidato (a novidade da nota de hoje é que não contém um senão sequer), não cabe em Dimas aquela do Millôr, sobre o ministro que “disse uma verdade na TV e corou de vergonha”.

Ao menos até este momento, a aproximação Zaffa-Dimas é apenas institucional como ambos tem dito em entrevistas, e, talvez, política.

Eleitoralmente resta ainda apenas na ‘interminável fofoca’. E, possivelmente, caso ambos sejam candidatos, em alguma tabelinha futura nos debates de campanha que devem travar contra o tradicional ‘GreNal Eleitoral da Aldeia’, Marco Alba (MDB) x Daniel Bordignon (PT).

(…)”.

Sigo eu.

Dimas ainda pode ser deputado? Sim. Na política, como dizia Jaguar, os acordos são feitos à noite e fechados pela manhã com um café bem forte. Leite pode precisar de votos para aprovar o aumento do ICMS. E Dimas já fez a defesa do projeto; leia em Aumento do ICMS: Dimas defende Leite e chama Patrícia e Marco Alba para o jogo em Gravataí; A ‘equalização’ da verdade múltipla e Dimas responde nota do PT de Gravataí que critica aumento do ICMS por Leite; O ‘eu sei o que vocês fizeram no verão presente’.

Porém, o tempo em Gravataí corre mais rápido, na velocidade do ano eleitoral. Com uma candidatura posta, dificilmente Dimas renunciaria para assumir na Assembleia Legislativa – até porque a lei eleitoral não exige isso. Poderia ser deputado e candidato.

Fato é que, hoje, resta mais uma vez confirmada sua candidatura, tanto pela presença de Anna, quanto pelo que disse ao Seguinte: nesta manhã.

O lançamento deve acontecer nos próximos dias.

Quem ganha, quem perde?

Reputo quem ganha com a candidatura de Dimas é Marco Alba (MDB), que hoje joga parado, em sua estratégia longe dos noticiários, entre um pingo e outro onde a chuva não molha.

Inegável é que o adversário Zaffa fica mais cada vez mais longe de ter o apoio do segundo colocado em 2020 e, principalmente, por Dimas, ex-petista e sempre eleitor de Lula, disputar votos de centro-esquerda com Bordignon.

É a ‘ideologia dos números’.

Surpreende-me o governador, talvez pela cabeça já estar mais em Brasília do que em Gravataí, ainda não ter resolvido algo tão importante para Zaffa, candidato a reeleição da quarta economia gaúcha por seu partido.

Ao fim, Lenin historiava que há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem. A decisão da eleição em Gravataí pode restar acontecendo.

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