Fevereiro terminou e Dimas Costa decidiu não pedir licença por tempo indeterminado da Câmara de Vereadores, possibilidade que revelou com exclusividade ao Seguinte: em Dimas pode deixar Câmara; o que está por trás.
Reeleito como segundo mais votado, com 2.880 votos, aquele que no Rio Grande do Sul fez 20 mil votos para Assembleia Legislativa e foi o candidato a deputado mais votado de Gravataí com 18 mil votos, tinha recebido uma proposta para abrir uma franquia de uma multinacional. Passou na bateria de testes da empresa, mas a pressão do eleitorado foi mais forte.
– Continuo com o plano de não depender só da política para viver. Eu e a Anna (Beatriz da Silva, assistente social e conselheira tutelar que encerra o segundo mandato neste ano) estamos projetando um negócio próprio para a gente – confirmou agora há pouco, por telefone, de sua casa em Gravataí.
– Muita gente me procurou depois da minha entrevista ao Seguinte:, pedindo para não tirar a licença. Decidi que minha dedicação será ao mandato, ao partido e à pré-candidatura a Prefeitura em 2020 – diz, na semana em que, numa articulação com o novo capitão do PSD no Rio Grande do Sul, Danrlei de Deus, e o presidente nacional Gilberto Kassab, assumiu oficialmente a presidência do partido em Gravataí, já registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Danrlei confirma que, na Gravataí que é a quarta economia gaúcha, Dimas é o principal candidato a prefeito do partido no Estado.
Caso pedisse licença Dimas, além de perder os quatro cargos no gabinete, teria que abrir mão dos R$ 9,5 mil de salário que recebem os vereadores todos os meses. Assumiria em seu lugar o advogado Régis Fonseca, hoje procurador-geral do município de Glorinha.
Comento.
Antes, um pouco de contexto.
No artigo anterior, tinha alertado para a dificuldade que Dimas teria em explicar aos fãs e interessados o afastamento do mandato.
“(…)
Certo é que Dimas, que é um dos fenômenos das redes sociais da aldeia, e nunca foi ‘político Copa do Mundo’, assim que este artigo for postado e viralizar no Grande Tribunal das Redes Sociais, precisará de habilidade para explicar a licença aos eleitores, que podem se sentir órfãos daquele que atende o próprio celular, não deixa WhatsApp sem resposta e é o mais marcado pelos internautas em denúncias e cobranças de serviços postadas nos grupos das redes sociais de Gravataí.
Ao fim, Dimas também vai poder medir suas relações políticas. Vigaristas e oportunistas, certamente se afastarão – o que, em alguns casos, não é perda, é ganho. Mas, inegável que, se muitos vão aprovar o fato dele migrar para a iniciativa privada, porque hoje aos políticos resta apenas a presunção de culpa, outros provavelmente se sentirão abandonados.
A esperança é última que morre, ou que mata.
(…)”
No ambiente de mal informados e informados do mal da política, alguns com auxílio universidade para cursar doutorado em pilantragem – e boataria – antes mesmo de completar o primeiro grau, Dimas acerta ao optar pela saída de menor desgaste. Quem o conhece sabe que ele estava tentado a aceitar o convite da multinacional e tentar não depender profissionalmente da política. Antes de confirmar ao Seguinte: a possibilidade de saída, já tinha consultado familiares e amigos. Hoje, encerra uma história que, com apenas 37 anos, poderia manchar, se não representar o início do fim de uma promissora carreira política.
Explico.
Candidatíssimo a prefeito, uma desistência de Dimas poderia levantar todo tipo de rumores. Ao sair não saindo da política, poderia ouvir de alguns que estaria sendo sustentado por alguém com interesses escusos, que cobraria a conta logo adiante. Ao sair, saindo, poderia ouvir de outros que teria feito algum ‘acordão’ político, numa eleição onde é um Dom Quixote frente ao qual se erguem nada mais, nada menos que moinhos de vento do tamanho do prefeito Marco Alba e do ex-prefeito Daniel Bordignon, dos nacionalmente estruturados MDB e PDT, cujos grupos políticos alternam-se na Prefeitura de Gravataí há mais de 20 anos no tradicional GreNal da Aldeia. Nenhum dos dois estará nas urnas, mas por óbvio terão suas candidaturas, às quais Dimas, ao menos hoje, se coloca como adversário.
No mínimo, pareceria um arrego de Dimas – o que não combina com seu perfil. Grosseiramente, seria como fazer flexão aos grandões e mostrar a bunda aos seus eleitores.
Como escrevi, esperança é a última que morre, mas também mata. Ao alimentar a esperança dos fãs de concorrer a prefeito, Dimas pelo menos não morre na véspera.
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