O discurso de Dimas Costa, na convenção do PSD que à noite desta segunda confirmou sua candidatura a prefeito de Gravataí, mostra um político que aposta em fugir da polarização entre esquerda e direita da política nacional. Como costumo brincar, ao driblar comportamentos que o desloquem para algum dos lados da ferradura ideológica, resta não em cima, mas ‘atrás do muro’, desde a eleição de 2018, na qual foi o candidato a deputado mais votado em Gravataí.
– Neste 7 de setembro, quero convocar a todos para declararmos independência. O momento exige que Gravataí ande pelas próprias pernas e com a própria cabeça, com personalidade, sem fantoches políticos. Nossa cidade e nossas vidas não têm um dono e assim deve ser na prática política – diz o político que representa um ‘Diminhas Paz e Amor’ em uma campanha na qual se apresenta como alguém que conhece a realidade do povo por ter amassado barro instalando sua tenda do Mandato na Rua em mais de uma centena de comunidades, e apesar de se colocar como uma alternativa ao tradicional ‘GreNal político da aldeia’, não critica governos de Marco Alba e Daniel Bordignon, mesmo que, na linguagem insidiosa da política, ao falar em “fantoches” insinue ser ‘postes’ os indicados pelos ex-prefeito, ‘Grandes Eleitores’ de Luiz Zaffalon (MDB) e Anabel Lorenzi (PDT), respectivamente.
– Para mim, hoje, a razão maior que me leva a essa missão tão nobre de governar Gravataí, é saber que todos os prefeitos que por aqui passaram tentaram fazer o melhor. Mas fizeram muito menos do que deveriam. Eu sei que é possível fazer muito mais pela nossa cidade.
Em um momento em que, na Gravataí que deu 7 a cada 10 votos para o ‘mito’, adversários fazem circular fotos suas com Lula e ‘malditos’ do PT como Maria do Rosário, o que tratei semana passada em Evandro é o vice de Dimas; MarxDonalds Gravataí 2.0, quando ao lado de seu vice do DEM, Evandro Soares, andou pelos corredores do bolsonarismo em Brasília, ciceroneado pelo ministro Onyx Lorenzoni na Esplanada dos Ministérios, Dimas acena para o governo Jair Bolsonaro em seu discurso.
– Daqui pra frente, em Gravataí, a maneira de fazer política jamais será a mesma. Vivemos tempos que exigirão gestão com novos princípios, onde as pessoas sejam colocadas acima de tudo, como já faz o governo federal acertadamente, com o auxílio emergencial para aqueles que estão sem renda.
Também não faltou um sinal a Eduardo Leite (PSDB), para quem, como no provérbio sânscrito “inimigo do meu inimigo é meu amigo”, abriu apoio no 2º turno da eleição – como estratégia para enfrentar os Alba, já que uma reeleição de José Ivo Sartori (MDB) significaria ter a primeira-dama, Patrícia Bazotti Alba, no secretariado estadual ou, como ficou como segunda suplente, assumindo vaga na Assembleia Legislativa – e governador com o qual Marco Alba trava uma ‘guerra híbrida’, como tratei em artigos como Marco Alba aciona governador para quebrar sigilo de negociação frustrada com Mercado Livre; ’parole, parole, parole’.
– Vamos aprender as lições para seguir enfrentando a pandemia de COVID-19. Temos que criar soluções para as consequências econômicas e sociais que virão no período pós-pandemia. Não adianta ficar culpando o governador ou o presidente. Mais injusto ainda é culpar a população pelos problemas da cidade.
– Quero unir Gravataí, sem ranços, sem brigas, sem donos do poder. Quero poder governar com todos que, assim como eu, buscam o melhor para nossa cidade.
Com 8 partidos de centro-direita (além de seu PSD, o DEM, PV, PROS, Patriota, Solidariedade, Podemos e Democracia Cristão) na Coligação Toda Força para Gravataí, e devidamente ajustado à personagem, Dimas aparentemente usa o discurso para tentar despir-se do passado petista:
– Vou fazer uma campanha calçada na união das pessoas de bem, dos que amam Gravataí, dos que estão cansados da discussão política retórica entre esquerdistas e direitistas, onde sempre quem perde é a população.
E explica:
– Falo isso com muita tranquilidade, conheci de perto quase todas as correntes e forças políticas desta cidade. E aprendi desde cedo, em casa, que devemos ter liberdade e princípios para escolher aquilo que é certo, que fala mais alto aos nossos corações. Hoje me sinto muito feliz e confortável ao não pregar desavenças e conflitos, mas sim buscar na política o meio para fazer o bem para todas as pessoas. Essa sempre será minha missão de vida.
Os 3 eixos da campanha, que apresenta valorizando a equipe que o cerca e lembrando a formação em Gestão Pública, mostram um político se não atrás, equilibrando-se em cima da ferradura ideológica.
Siga o que está no discurso compartilhado por Dimas:
“(…)
Primeiro – CONTINUAR AS OBRAS E OS BONS PROGRAMAS EM ANDAMENTO, CONSERTAR O QUE ESTÁ ERRADO E FAZER O QUE NÃO FOI FEITO. Entendendo que tudo o que foi realizado pertence à cidade e deve ser cuidado e respeitado como realização de todos.
Segundo – GOVERNAR PARA TODA A CIDADE, A PARTIR DAS VILAS PARA O CENTRO. Atender as prioridades reais nos bairros, em toda a cidade. Não vamos repetir a maquiagem urbana que tanto engana a cidade, mas produzir soluções concretas, especialmente para quem mais precisa. Como é do meu estilo, vou ao encontro dos problemas, e jamais vou ficar esperando que eles aconteçam.
E, por fim, o terceiro eixo – DEIXAR MUITO CLARO QUE VAMOS TER COMO ADVERSÁRIOS OS PROBLEMAS DA NOSSA CIDADE E DO NOSSO POVO, E NÃO AS PICUINHAS POLÍTICAS QUE TANTO ATRASO TROUXERAM PARA GRAVATAÍ.
(…)”
Dimas também não deixou de usar a revolta do eleitor com a corrupção:
– Sou 100% ficha limpa!
Ao fim, se ideia tivesse surgido após as críticas com a viralização nas redes sociais de foto de Marco Alba, Zaffa e apoiadores comemorando em um restaurante, à noite, a vitória na convenção, poderia parecer provocação, mas a convenção em modelo drive-in, com partidários dentro dos carros, termômetro e álcool gel individual na porta do estacionamento do SKN Beer, já tinha sido marcada antes e, política à parte, merece reconhecimento pelo exemplo sanitário e social, como mostramos no Instragram e você assiste CLICANDO AQUI.
Sobre o ‘Dimas candidato a prefeito’, o discurso que fez para além daquele que estava no papel, ou no longo vídeo gravado e transmitido em um telão, e talvez como reação ao que artigo que postei hoje Marco Alba antecipa tom da campanha; Zaffa é a experiência, os adversários nem 1,99, diz mais sobre o político que aos 39 anos enfrenta, mesmo que não nas urnas, os dois maiores políticos de Gravataí nas últimas duas décadas, Marco Alba e Daniel Bordignon, e, pelo que sei, riu quando marqueteiro sugeriu uma mudança no visual que incluía sapatos brancos:
– Eu não tenho tempo para procurar defeito nos meus adversários. Eu uso o meu tempo para buscar soluções para a cidade. Falam em experiência, mas a experiência política se ganha é percorrendo cada canto dessa cidade, fiscalizando madrugada adentro a UPA, o Hospital, o 24 Horas. Perguntem aos outros candidatos quando botaram o pé em uma vila pela última vez? Qual a última vez que fiscalizaram um posto de saúde? Isso vale muito mais do que o diploma, que eu tenho, em gestão pública.
Assista ao vídeo transmitido no telão da convenção
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