No artigo Anabel deve ser candidata de Bordignon à Prefeitura, publicado ontem pelo Seguinte:, projetei que uma candidatura de Anabel Lorenzi com apoio do ‘Grande Eleitor’ poderia provocar um recuo da candidatura de Dimas Costa a Prefeitura de Gravataí. O vereador pediu ‘direito de resposta’. E confirma que é candidato.
– Só podes ter feito isso para provocar polêmica. Não param de me ligar e mandar mensagens. Aí tenho que ficar explicando o que não precisa ser explicado. Sou candidatíssimo a prefeito – cobra.
Siga trechos da entrevista desta tarde ao Seguinte: onde ele se coloca como o 'contra tudo que está aí'.
Em breve comento.
Seguinte: – Há chance de Dimas desistir da candidatura a prefeito?
Dimas – Me de um motivo? Talvez seja um desejo seu, já que foste a única pessoa que escreveu isso, em seu comentário de ontem. É teu direito de opinião, mas nesta erraste. Inclusive, como acompanho diariamente o Seguinte:, vi que não colou nas redes sociais. Pelo contrário: muita gente postou nas redes sociais a hashtag #Dimas2020. Sou o candidato daqueles que não aguentam mais votar nas mesmas pessoas há 40 anos para a Prefeitura.
Seguinte: – O motivo que apontei foi a candidatura de Anabel, já que é um nome consolidado da oposição e tem inserção em um eleitorado do qual te tornaste o ‘queridinho’: o funcionalismo.
Dimas – Não escolho adversários. Estou mais preocupado com a cidade, com as demissões na Pirelli, em melhorar a vida das pessoas, não em conchavos da velha política. Acho desrespeitoso usares ‘queridinho do funcionalismo’. Se me respeitam é porque, nos meus seis anos de mandato, nunca me omiti e sempre estive presente nas assembléias e lutas dos servidores.
Seguinte: – Você fala em ‘velha política’. O que significa isso? São alianças, apoios partidários, dar espaços no governo para os partidos e aliados? Não vais fazer isso caso seja eleito prefeito? Isso é política.
Dimas – Falo de idéias retrógradas, de alianças feitas apenas com o objetivo de ganhar as eleições, onde antigos inimigos se aproximam por interesses comuns, não pelo interesse público. Minha candidatura nasceu das ruas, das redes sociais. As pessoas me cobram que eu não seja assim, que não me alie aos que governam desde sempre e Gravataí continua com velhos e novos problemas.
Seguinte: – Tinhas como assessor na Câmara o filho de Alexandre Bittencourt, que era secretário municipal em Canoas. E uma irmã tua estava empregada no Gamp, empresa prestadora de serviços de saúde para a Prefeitura daquele município. Isso não é ‘velha política’, ‘toma-lá-dá-cá’?
Dimas – Nunca indiquei ninguém para terceirizadas, nem em Canoas, nem em Gravataí, onde há muitas. Não tenho controle para onde minhas cinco irmãs enviam currículos. E são muito capacitadas. A única que ocupa cargo público é por concurso, na Prefeitura de Gravataí, admitida num governo ao qual faço oposição. Não houve nenhuma troca de espaços.
Seguinte: – Em 2017 apoiaste Rosane Bordignon à Prefeitura. Há possibilidade de apoiar uma candidatura de Anabel, Rosane ou Bordignon?
Dimas – Não. Meu eleitor pede que eu fique longe disso. É o que faço, por respeito e também por convicção.
Seguinte: – Então uma aproximação com o prefeito Marco Alba, ou ser vice do candidato do governo, seja Jones Martins, ou quem for, também é inviável?
Dimas – A resposta é a mesma da pergunta anterior. Sou oposição há seis anos. Sou o candidato a prefeito da oposição. Na eleição de 2018, enfrentei a candidatura do governo e venci. Fui o mais votado na cidade. Entendo como um recado das urnas: Gravataí quer mudança e quer uma candidatura nova. Acredito que é isso que represento.
Seguinte: – És um político que conversa com lideranças de todos os partidos e está sempre bem informado dos bastidores. Qual acha que será o quadro eleitoral em 2020?
Dimas – É opinião, achismo, mas acredito que, além de mim, os candidatos serão Paulo Silveira, do PSB; Levi Melo, do PRB; Evandro Soares pelo DEM e um candidato que o prefeito Marco Alba escolher, que deve ficar entre Jones e Alison, filho do ex-prefeito Acimar da Silva.
Seguinte: – E Anabel, ou Rosane como candidata de Bordignon?
Dimas – Minha opinião é que será quem Bordignon decidir na última hora.
Seguinte: – Acredita que Bordignon possa concorrer sob impugnação pela quarta vez?
Dimas – Vamos ver.
Seguinte: – Aceitarias o apoio de Bordignon?
Dimas – Não existe essa possibilidade.
Seguinte: – Citas Bordignon, Marco e Anabel como ‘velha política’. E o Dr. Levi?
Dimas – Tira o Levi dessa! Foi vereador por um mandato e é médico.
Seguinte: – Teu irmão Dilamar Soares é cotado como vice de Anabel, caso ela seja a candidata a prefeita de Bordignon. Interpretas como uma estratégia para que desistas de concorrer, já que caso percas a eleição, e ele ganhe, em 2024 não poderias concorrer devido ao grau de parentesco?
Dimas – Respondo qualquer pergunta, mas não gostaria de falar sobre este senhor em respeito a nossa mãe, que vai fazer 69 anos. Já cai muito na pilha dos que tentam provocar. Quero preservar a mãe. Dou meu exemplo.
Seguinte: – O controverso advogado Cláudio Ávila, autor do impeachment de Rita Sanco e Cristiano Kingeski, é um dos principais articuladores da tua candidatura. Ele ajuda ou atrapalha?
Dimas – Ajuda. Incrível que a cada eleição a gente vê as mesmas práticas repetidas pela velha política. Basta se aproximar de minha candidatura para dizerem que não presta. Quando o Cláudio estava com eles o adoravam. Não duvido que, se o Cláudio saísse da minha campanha, todos correriam atrás dele na hora.
Seguinte: – Que nota dá ao governo Marco Alba?
Dimas – Acho chato isso de dar nota. Acredito que as urnas responderam isso em 2018 quando a primeira-dama não foi eleita e eu, como candidato da oposição, fui o mais votado na cidade.
Seguinte: – O que te agrada e desagrada no governo?
Dimas – Não sou de fazer terra arrasada. As novas pontes do Parque dos Anjos são importantes. Mas Gravataí, uma das maiores economia gaúchas, não pode ter falta de médicos ou crianças pisando no esgoto a dois quilômetros do Centro. São críticas que faço, sempre com responsabilidade, nunca vazias, durante meus dois mandatos, onde fiz mais de uma centena de mandatos na rua nos bairros, fiscalizo os postos de saúde e hospitais, ando na rua. Não sou daqueles políticos de Copa do Mundo, que a cada quatro anos acordam de um sono profundo, como se nada estivesse acontecendo na cidade, e se apresentam como a solução para tudo. A população está atenta a isso.
Seguinte: – E o governo Eduardo Leite (PSDB)?
Dimas – São apenas 100 dias. Prefiro esperar mais um pouco para avaliar. Mas mostrou que é um cara de diálogo. Torço para que dê certo.
Seguinte: – E Jair Bolsonaro (PSL)?
Dimas – Também acho cedo. Há erros, mas não é momento para uma avaliação definitiva.
Seguinte: – Dimas é de esquerda ou de direita? Durante a eleição de 2018 eu brincava que não estavas em cima do muro e sim escondido atrás do muro.
Dimas – Se olhar para o povo é ser de esquerda, sou esquerda; se é ser de direita, sou de direita. Gravataí só tem prejuízo com essa polarização inútil dos últimos 40 anos. Me esforçarei para unir a cidade.
Seguinte: – Esse não é um discurso populista? Não fica parecendo que o Dimas ‘só vai na boa’?
Dimas – Sou realista. O que as pessoas querem? Acho que, mais do que velhas brigas entre esquerda e direita, buscam uma vida melhor. Como resolver isso é a questão. Chega dessa disputa de vaidades para ver quem manda em Gravataí. Quero ser prefeito para ser empregado do povo, não poderoso chefão. Se isso é ser populista, então sou populista.
Seguinte: – Já foste do PT. Não te sente responsável por nada desse passado?
Dimas – Nunca ocupei CC ou cargos de chefia em nenhum governo. No primeiro mandato, fui eleito vereador pelo PT e o governo era do Marco Alba. Cobre-me pelos meus mandatos. Acho que ter crescido a votação, com o eleitor me fazendo o segundo vereador mais votado em 2016, e o candidato a deputado mais votado em Gravataí em 2018, mostram que as pessoas têm uma boa avaliação do meu trabalho.
Seguinte: – Carlito Nicolait, ex-vereador e ex-secretário da Fazenda e da Saúde de governos do PT, é hoje um dos coordenadores de tua campanha a prefeito. Lembro da frase dele: “Prefeitura não é banco”. É um sinal de que Dimas eleito governará jogando com endividamento para fazer obras?
Dimas – Concordo com o Carlito. Prefeitura não é banco porque não existe para dar lucro. Não farei nenhuma gastança, mas se sobrar R$ 1 real, ele tem que ser investido na hora. Ou o certo é deixar faltar dipirona no posto de saúde?
Seguinte: – Confirmadas candidaturas de Anabel e Jones, com apoio de Daniel Bordignon e Marco Alba, não temes enfrentar candidatos bem mais experientes e conhecidos do que você e ser vítima de um ‘tirem as crianças da sala’?
Dimas – Isso de tentar tirar os outros do caminho é coisa de velhas raposas da política. E, olha: nunca peço para ninguém tirar as crianças da sala, muito pelo contrário. As crianças são verdadeiras, puras, honestas, fiéis… enfim, são o futuro. As urnas mostraram que Gravataí quer uma candidatura nova, um prefeito que anda nas ruas, que ouça o povo, não um prefeito de gabinete ou um poste.
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