Muita gente, principalmente os jovens que frequentam as casas noturnas de Gravataí, região, boa parte do estado e até de fora do Rio Grande do Sul, já botaram o corpo prá mexer, cantaram, suaram e beijaram e – quem sabe! – até engataram um namoro ao embalo do som de Diogenes da Silva Menna.
Diogenes sem acento, ele frisa!
O cara, aos 40 anos completados dia 30 de outubro passado, é casado com Alciane Cristina Schons, pai de coração da Manoela de 11 anos e pai biológico de Isac, de dois anos e meio, que recebeu o nome do avô por ser um incentivador das pretensões meio malucas, mas que deram certo, do Diogenes.
Muito provavelmente você – isso mesmo, você aí do outro lado da telinha! – já viu nosso personagem sonorizando algum evento público promovido pela Prefeitura de Gravataí. Já encontrou com ele em alguma casa noturna de Porto Alegre. Já foi dançar ao embalo dele em alguma festa no Vale dos Sinos, em Porto Alegre, Atlântida, Cachoeira do Sul, Santa Maria ou Cachoeirinha…
Fat Duo lhe diz alguma coisa?
Finna?
Quem sabe DJ Finna?
Nosso personagem é o popularíssimo DJ Finna (com dois “n” por causa do seu sobrenome, Menna. Funcionário público envolvido com programas voltados à juventude – que diz ser uma maneira de retribuir tudo que conquistou até hoje – Finna bateu um papo descontraído com o Seguinte: nesta semana, na estréia da série Siga nossos artistas.
O que Finna disse
O COMEÇO
— Sou de origem pobre, Bem pobre mesmo. Terminei o 2º Grau na Escola Santa Rita e minha mãe foi procurar emprego. Acabei trabalhando com música no começo e, desde então, trabalho com música.
— Através do ex-vereador Darci Heinze, pai do Alex Heinze que é dono da Plug Sonorizações, como todo bom Dj comecei como carregador. Foi há 22 anos.
— O seu Darci se envolvia, promovia festas em igrejas. Um dia me emprestou uns CDs para eu animar uma festa no salão da paróquia (Matriz Nossa Senhora dos Anjos). Só que era uma festa para surdos.
— Por causa desta festa em que toquei pela primeira vez, para surdos, rolou muito a piada: “o pessoal adorou as tuas músicas!” Só que é incrível como eles são animados e como dança, sentindo apenas a vibração do som, no piso ou no próprio corpo.
— O Alex (Heinz) me oportunizou, me deu as primeiras chances de tocar em festas de aniversário, casamentos. Mas a primeira festa que toquei e que apareci mesmo foi uma festa a fantasia, “Além da Lenda”, no Celeiro (salão de festas do Cerâmica). Foi onde ganhei um impulso.
QUANDO VIROU DJ
— Depois disso fui DJ residente do primeiro pub grande que existiu em Gravataí, o Bar do Iuri, acho que foi ali pelo ano de 1996.
— A gente era muito pobre, mas pobre mesmo. E a primeira vez que fui para a praia foi para tocar num bar que o Iuri tinha lá. Acabei por um lance de sorte substituindo o Dj da Ibiza, famosa casa noturna que tinha em Atlântida.
— Acabei ficando como Dj residente do Ibiza por oito anos. Tocar no Ibiza era o sonho de qualquer Dj. Daí foi que comecei de verdade como DJ. No verão era no IBiza e The Front, e depois era na noite de Porto Alegre.
— Mais ou menos nesse tempo comecei a tocar como Dj free em festas pela região e cidades do interior. Isso foi por uns dois anos, até que surgiu o Fat Duo, uma parceria com o Dj Cabeção, da Rádio Cidade.
— O Fat Duo explodiu mesmo depois que aparecemos no Tele Domingo (programa de final de noite, Dominical, da RBS TV, então apresentado pela jornalista Regina Lima). Na segunda-feira era gente de todo estado ligando e querendo saber e contratando a gente.
— No começo a gente viajava de ônibus. Eu viajava, levando o equipamento. Em dois anos já estava viajando de van e com uma equipe que fazia a técnica e participava dos shows.
— Nesse tempo, a dupla Fat Duo revolucionou o negócio. Participamos de diversos shows, viajamos por 11 estados, fizemos a abertura de shows da Ivete Sangalo, Tiaguinho, Skank e Jota Quest, e muitos e muitos outros.
O BAILE DO FINNA
— Há dois anos criei o Baile do Finna. É um stand up musicado que tem a presença de um anão, que é o artista Delson Rabelo. Ele interpreta e se veste como vários artistas, tipo Wesley Safadão, Ivete e Beyoncé. É um artista para brincar com a galera.
— Dos grandes eventos nacionais só não toquei ainda no Rodeio de Barretos (São Paulo), Festival de Verão de Salvador e no Rock in Rio. Nesse tempo, também tive programa na Rádio Cidade, como Fat Duo, com o Cabeção. Foi uma época muito boa e que nos abriu muitas portas pela exposição, pelas muitas portas que nos abriu na mídia.
— Sou funcionário público municipal, hoje, também por gratidão. A grana que ganho do município no mês é um terço de um fim de semana. É uma forma de retribuir para os jovens o apoio, o carinho e o reconhecimento que tenho, justamente, dos jovens.
— Trabalho na Casa da Igualdade, um projeto para crianças e adolescentes onde realizamos muitas oficinas, de música, capoeira, grafite… Hoje são cerca de 400 jovens atendidos, e queremos ampliar esse número.
: Delson Rabelo, o anão, interpreta personagens do mundo artístico
COLORADO Ô-Ô Ô Ô
— Também sou Dj oficial do Beira-Rio, o que muito me orgulha como colorado fanático que eu sou. Na real, faço a sonoplastia antes do jogo começar, para animar os torcedores, e no intervalo dos jogos.
— No Beira-Rio eu toco o que gosto sem ter o compromisso de fazer a galera dançar. Claro, tem as músicas tradicionais que são os hits que a torcida canta. Estas tem que tocar sempre.
— O Baile do Finna já está vendido, todos os sábados da agenda vendidos até o final de abril do ano que vem. No carnaval, por exemplo, vamos tocar em Santo Ângelo e Bento Gonçalves, aqui no estado, e em Joaçaba, em Santa Catarina.
— Hoje viajamos em quatro pessoas: o motorista, um fotógrafo, o “anãozinho maluco” (personagem do Delson Rabelo) e eu. O fotógrafo também é cantor de rap e o motorista também é Dj. Mais do que uma equipe, somos amigos. Não tem como sair para a estrada sem que role uma amizade legal.
SEM MÁGOAS
— A gente toca em festas em cidades de quase todo o Rio Grande do Sul. Menos em Gravataí! Aqui rola muito mais shows beneficentes, e isso não provoca ressentimentos. Não tem nenhuma mágoa por isso, com certeza.
— Já fiz aqui em Gravataí, e é o que mais rola, muito show ao ar livre. Na noite, na festa mesmo, já aconteceu de estar tocando em Novo Hamburgo e encontrar com uma galera que foi lá só para ver a gente, prestigiar a gente, e isso é muito bom!
— Olhando a festa de cima, como a gente pode olhar, não acho que o jovem de hoje é maluco. O jovem é muito prematuro. Com 13 ou 14 anos está fazendo coisas que só adultos fazem, inclusive transar.
— No repertório eu toco de tudo. Claro que isso depende muito da festa, mas vai da música eletrônica, ao sertanejo, pop e funk. As mais tocadas ainda são do funk porque têm as letras mais fáceis e refrão mais “chicletes”.
SEM APOLOGIAS
— Hoje o funk tem muito boas letras e boas melodias. Particularmente não toco funk que faz apologia (às drogas, sexo ou crime). Mas não tem como deixar de tocar porque é um estilo que todo cantor interpreta. Os shows sertanejos, geralmente, acabam com os músicos cantando letras do funk.
— Não tem essa de mais rico ou mais pobre. A classe média é que domina o mercado, a noite. Em uma bala com cerca de 1 mil pessoas, por exemplo, 200 pessoas estão nos camarotes e as outras 800 estão na pista. Só que quem está na pista gasta do mesmo jeito.
— Sou sim um cara espiritualizado. Sou católico, mas… Faço uma oração, rezo, antes de começar e quando acaba, para agradecer por tudo ter dado certo.
— Eu acho que sou um cara realizado. Tenho muitos planos pela frente, mas faço o que gosto, me mantenho e mantenho minha família fazendo o que gosto, e tenho a melhor companheira do mundo que me deu a chance de realizar meu maior sonho, que era o de ser pai.
O APELIDO
De onde surgiu o apelido Finna?
Confira no vídeo a reportagem do Seguinte:.