Alice Através do Espelho
"Alice through the looking glass", de James Bobin (2016). O cineasta James Bobin ficou com a difícil tarefa de dar continuidade a um filme campeão de bilheteria dirigido por Tim Burton, que agora assumiu o papel de produtor. Em seu currículo, Bobin dirigiu a recente franquia de "Os Muppets" para o cinema. Ou seja, fantasia faz parte de seu universo. Alice (Mia Wasikowska) agora é capitã da embarcação de seu falecido pai. Ao retornar para a terra, descobre que sua mãe botou a embarcação e a casa à venda. Frustrada, Alice acaba entrando em um espelho mágico e acaba retornando para o País das maravilhas, reencontrando todos os seus amigos. Porém, descobre que o chapeleiro maluco (Johnny Depp) entrou em profunda depressão por conta de um acontecimento do passado, relacionado à sua família. Alice pede ajuda ao Senhor do Tempo (Sacha Baron) para retornar ao tempo e reparar o erro do passado do Chapeleiro. No entanto, a Ranha de Copas (Helena Bonhan Carter) está em seu encalço. O grande trunfo de "Alice", assim como o anterior, continua sendo o elenco maravilhoso, que inclui ainda Anne Hathaway e as vozes de Alan Rickman, Michael Sheen e Stephen Fry. Os efeitos são tão exagerados que cansam. O filme, em sua primeira parte, tem um ritmo bem arrastado, e só dá conta do recado a partir do momento que Alice retorna ao tempo e aí, entendemos a gênese da Rainha de Copas e do Chapeleiro ( aliás, o trauma do Chapeleiro me lembrou bastante do trauma em "A fantástica fábrica de chocolates", também com Jonnhy Depp). No final, sendo um filme da Disney, fica aquela mensagem bonita de que sem a família, não somos nada. O que seria do núcleo familiar sem os filmes da Disney? E de novo: Que atores bárbaros: difícil imaginar outros atores nos papéis principais desse filme.
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Gosto de Sangue
"Blood simple", de Joel Coen (1984). Primeiro filme da parceria dos irmãos Joel e Ethan Coen, que venceu o Prêmio da crítica em Sundance 1984, é uma obra-prima que homenageia o gênero policial "Noir", além de fazer referências ao cinema de Hitchcock, onde nada é o que parece ser. Em cada fala, em cada cena, já é possível observar o brilhantismo dos Coen, na construção da narrativa, na forma de enganar os espectadores, manipulando-os conforme eles bem querem. O elenco encabeçado por Frances Macdormand e por um insano M. Emmet Walsh, no papel de um detetive particular, conduzem a platéa para uma montanha russa de emoções e de reviravoltas na trama. Abby ( MAcdormand) é casada com Marty, dono de um bar no Texas. Ele suspeita que sua esposa o está traindo com um funcionário, Ray, e coloca um detetive para ficar na cola deles. O que parece ser algo óbvio, se torna uma trama diabólica, onde ninguém pode confiar em ninguém. Existem inúmeras cenas antológicas, que nem dá para citar senão se criam spoilers. é tudo preciso, incrivelmente metódico e surpreendente. Uma verdadeira aula de direção, de roteiro e de atuações. De baixo orçamento, o filme impressiona pela qualidade técnica, com exceção da cena inicial dentro do carro, nitidamente filmada em estúdio. Se não assistiu, se obrigue a ver. Muita gente copiou várias brincadeiras de linguagem do filme.
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