Abril de 2016. Numa das primeiras entrevistas da ‘eleição que não terminou’, Anabel Lorenzi (PSB) revelou que procuraria Levi Melo (PSD) para ser seu vice.
A avaliação da candidata era de que os dois unidos poderiam enfrentar e vencer o tradicional GreNal da aldeia entre Daniel Bordignon (PDT) e Marco Alba (PMDB).
Levi era a grande aposta de Anabel.
Mas o médico, a cara nova das últimas eleições e aquele a emprestar o prestígio para a construção de um até então insipiente partido, não recuou da candidatura a prefeito.
– Sou candidato ao quarto lugar – dizia, acrescentando que não participava da eleição “para ganhar a qualquer custo”.
Com a campanha na rua até o 2 de outubro, mesmo abaixo de analgésicos e em uma cadeira de rodas após sofrer um acidente no comitê que lhe custou quatro cirurgias, o Dr. ajudou a eleger três vereadores no lastro da segunda maior votação proporcional entre todos os partidos.
Mas, ‘confirmas’ computados, o entusiasmo de alguns por participar do governo eleito de Daniel Bordignon, ou de seu vice, Cláudio Ávila, conspirações e uma guerra fratricida entre forças internas, isolaram-no.
Um homem de quase 20 mil votos.
Quando Bordignon caiu, e o TSE marcou nova eleição, um constrangido Levi viu-se apressadamente imolado como vice de Anabel, enquanto ainda tinha resquícios de esperança de ser candidato a prefeito.
Seu prêmio pelo sacrifício que fez para tornar o PSD uma potência em ascensão foi estar onde não queria. Sob o acordo de ‘meio governo para cada partido’, um avalista de doutrinas e pensamentos distantes dos seus e de quem o cerca.
Renunciou.
E fez um apelo para o partido manter-se no campo ideológico de origem, neste ‘segundo turno’ representado por Marco Alba (PMDB).
Perdeu internamente, numa articulação do vereador de 1.597 votos Dilamar Soares, que hoje, com sua clássica camisa rosa, estampa como vice o material de campanha ao lado de Anabel.
Polidamente, como é de sua personalidade pública, Levi recolheu-se ao silêncio, dedicado à volta ao consultório e às cirurgias, após quatro meses de fisioterapia diária no pé e mão fraturados.
Mas, o que poderia parecer um ‘tchau, queridos’ para a política, revela-se um recomeço para Levi. Ao se retirar quando o partido ficou canhoto demais, o médico deixou claro seu ‘lado’. Além de admirado na maçonaria e nas rodas que frequenta, voltou a ser paparicado por políticos e personalidades do campo ideológico onde viveu sua vida.
Esquerda, só a mão que Levi opera. Quem o conhece, sabe.
Agora, neste ‘veraneio das urnas’, os whatsapps chegam quase que diariamente ao seu Vivo, buscando seu conselho sobre as eleições de 12 de março. Convites para filiá-lo, principalmente de partidos da base da reeleição de Marco Alba, se sucedem.
Só para dar um exemplo, neste sábado pela manhã Francisco Pinho, ex-vice-prefeito e todo poderoso do PSDB da aldeia, subiu o elevador da Millenarium, clínica de Levi.
Mas, pelo que representa, o caminho natural de Levi deve ser a volta para seu PMDB de origem, com todo futuro e o tamanho que sua trajetória e as urnas tem lhe dado.