Os prefeitos e vereadores de Gravataí e Cachoeirinha poderiam dar um bom exemplo: aprovar multas pesadas para quem não usar máscaras. A não ser que sejam sócios da delinquência intelectual – e de Código Penal – do futuro réu do Tribunal de Haia ocupa a Presidência da República, Jair Bolsonaro, 7 a cada 10 votos nas duas cidades, que vetou trechos de lei aprovada no Congresso.
Pelotas aprovou nesta sexta. As multas variam entre R$ 117, para infrações mais leves, como a não utilização de máscaras em vias públicas, até R$ 1,176,90, considerada a infração mais grave, quando for descumprida duplamente a lei, como, por exemplo, participar de uma aglomeração sem máscara.
Os municípios poderão regulamentar multas, caso os congressistas tenham sucesso na derrubada do indecente veto do ‘mito’ – aquele que em 22 de março disse que o Brasil, hoje com 63.295 mortes na conta do Recruta Zero que comanda o Ministério da Saúde, não teria mais vítimas que os 800 da H1N1 em 2019 – à obrigatoriedade do uso de máscaras em shoppings, lojas, indústrias, templos religiosos, estabelecimentos de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas, e também à proibição de multas a pessoas sem máscaras em estabelecimentos públicos e a outros estabelecimentos que deixassem de disponibilizar máscaras e álcool gel gratuitamente a funcionários e colaboradores.
Pela lei aprovada em Brasília, não são definidos valores de multas. Há apenas as sanções prevista no Código Penal: artigo 268 (Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa) e 330 (Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, e multa).
Na mesma metafísica que tratei ainda hoje em É inútil recorrer da bandeira vermelha; Cachoeirinha vai, Gravataí não, aprovar a lei serviria como um incentivo para a população, e comerciantes, cumprirem o Distanciamento Controlado do Governo do RS, que, mesmo fake, já que 6 a cada 10 pessoas estão nas ruas, ainda reputo o melhor dos piores modelos de isolamento adotados no Brasil.
Não quero acreditar que os políticos não se empolguem em cobrar o isolamento social porque os próprios não respeitam as normas sanitárias. Casos estão por aí, ao vivo e nas redes sociais. É ano eleitoral. Partidos promovem reuniões e fazem visitas a eleitores, pré-candidatos idosos, ou do grupo de risco, inclusive. O adiamento hipócrita da eleição para 15 de novembro serve apenas para aumentar o tempo das campanhas em 45 dias.
Hoje recebi foto de reunião realizada por partido nesta sexta, em que Gravataí era confirmada na bandeira vermelha (roxa, quase preta), com 15 mortes e 510 casos que, a seguir a curva ascendente, que registra 110 casos em apenas quatro dias, passará dos mil casos até o fim do julho que é a estação das UTIs superlotadas desde antes da pandemia. Contei 21 pré-candidatos num corredor de 20 metros por 5. A ‘inadiável’ pauta previa tratar da “legislação eleitoral, marketing e registros fotográficos”.
Ao fim, é difícil cobrar coerência dos políticos, e adesão da população, quando uns exercitam o “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, e diariamente temos exemplos inacreditáveis, como no Rio de Janeiro das 10 mil mortes, em que uma elite burra e asquerosa lotou bares do Leblon no primeiro dia de abertura (e restam como potenciais contaminadores dos pobres que lavam suas cuecas e calcinhas), ou então de um clube centenário como o Grêmio, que desperta amores e fanatismos, e tem, pelas pesquisas, a maior torcida gaúcha, e agora ameaçar ir treinar em Santa Catarina para dar um ‘171’ no Distanciamento Controlado do RS.
Genial, Oscar Wilde escreveu “chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando; o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter”. No caso da COVID-19, é pior: não se trata de dar a essa gente liberdade para se sucidar, e sim licença para matar.
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