Somente no último ano, o órgão registrou 175 novos acolhimentos de mulheres vítimas de violência e realizou mais de dois mil atendimentos psicológicos.
O Brasil vive hoje em meio a triste e vergonhosa prevalência da violência contra as mulheres. Uma em cada três sofreu algum tipo de violência em 2017, conforme dados do último Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No mês voltado especialmente às ações dedicadas ao sexo feminino, ainda há muito para ser feito no que diz respeito ao combate efetivo de todas as formas de crueldade e opressão cometidas contra elas, pelo simples fato de terem nascidas mulheres.
– A opressão é sistêmica e estrutural em nossa sociedade. O que nos aflige é constatar que a criação de legislações específicas para a proteção da integridade da mulher, como a Lei Maria da Penha, aprimora a mudança de costumes, mas não interfere na cultura – observa a primeira-dama de Gravataí, Patrícia Bazotti Alba, advogada e coordenadora das ações alusivas ao Março Lilás na cidade.
No Brasil, 503 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora, de acordo com dados da pesquisa divulgada em 2017 pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança. Destas, apenas 11% procuram a Delegacia da Mulher para denunciar.
– Em 61% dos casos, o opressor é um conhecido, geralmente o companheiro e 43% das agressões ocorreram dentro das casas das vítimas – informa a assessora de Políticas Públicas para a Mulher e coordenadora da Casa Lilás de Gravataí, Analu Sônego.
O levantamento apontou que 40% das mulheres acima de 16 anos já sofreram algum tipo, o que inclui receber comentários desrespeitosos nas ruas (20,4 milhões de vítimas) ou sofrer assédio físico em transporte público (5,2 milhões).
Casa de apoio
Para dar o suporte e amparo necessários às mulheres vítimas de violência, Gravataí conta com um rede multisetorial de atendimento. A Prefeitura oferece apoio e assistência psicológica continuada através da Casa Lilás, que integra a Secretaria Municipal de Governança e Comunicação Social. Somente no último ano, o órgão registrou 175 novos acolhimentos de mulheres vítimas de violência e realizou mais de dois mil atendimentos psicológicos.
– Sabemos que esse número é muito maior e é preciso haver a conscientização de que a busca por apoio junto aos órgãos competentes é a única forma de diminuir os índices de agressão, seja ela física, verbal ou psicológica. Quanto mais a mulher espera, acreditando que o agressor irá mudar, maiores as possibilidades do nível de violência aumentar. Se antes o agressor fazia ameaças verbais, por exemplo, a tendência é que com o tempo elas evoluam para agressões físicas – explica a psicóloga Analu.
V.R. é uma das usuárias atendidas pela Casa Lilás. Vítima de violência psicológica e verbal pelo ex-marido, ela venceu o medo e as ameaças e buscou apoio junto aos órgãos competentes para lidar com a situação. Em outubro do último ano, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e foi encaminhada para receber assistência na Casa Lilás, onde faz acompanhamento psicológico até hoje.
– Ele brigava por tudo, ameaçava se eu quisesse sair de casa, impedia de ver minha família e ainda disse que tiraria meu filho de mim. Hoje estamos separados e se não fosse o suporte da Casa Lilás, eu já tinha surtado. Sou muito agradecida às pessoas que atendem a gente sempre com muita atenção e carinho – compartilha.
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Medidas protetivas
Dados do Conselho Nacional de Justiça revelam que em 2016 tramitaram na justiça do país mais de um milhão de processos referentes à violência doméstica contra a mulher, o que corresponde, em média, a um processo para cada 100 mulheres brasileiras. Desses, pelo menos 13,5 mil são casos de feminicídio (assassinato pelo fato da vítima ser mulher).
Vale lembrar que as medidas são voltadas a providências urgentes e podem ser direcionadas ao agressor ou à vítima como, por exemplo, afastar o agressor do lar ou encaminhar a vítima para um programa de proteção ou atendimento.
– O medo, por causa das ameaças, é o principal fator de impedimento da busca por apoio dessas mulheres que sofrem violência. É preciso, antes de tudo, mudar este sentimento e buscar ajuda. As leis garantem a proteção e os órgãos competentes servem para dar todo o suporte e amparo necessários para resguardar a integridade delas – diz a primeira-dama Patrícia Bazotti Alba.
– Só assim estaremos combatendo a violência, transformando a realidade e diminuindo os índices de mulheres agredidas no país.
ONDE BUSCAR AJUDA
Confira os endereços e telefones das instituições que realizam atendimento às mulheres em situação de violência:
Casa Lilás
Rua Ernesto Fonseca, 122 – Centro
(51) 3600-7720/ 3600-7722
DEAM – Delegacia da Mulher
ERS 030, 1013, 2º andar – Parque dos Anjos
(51) 3945-2712/ 3945-2711
1ª DP – Delegacia de Polícia
Rua Carlos Linck, 57 – Centro
(51) 3488-5733
2ª DP – Delegacia de Polícia
Rua Duque de Caxias, 77 – pda 69- São Geraldo
(51) 3490-2953
Fórum
(51)3488-1756
Defensoria Pública
(51) 3423-5624
Brigada Militar – Patrulha Maria da Penha
190
Bombeiros
193
Central de Atendimento à Mulher RS
180
Escuta Lilás
0800 541 0803
Assista ao vídeo da programação do Dia Internacional da Mulher