A jornalista Bruna Lopes, do Diário de Viamão descobriu e publicou matéria sobre casal que cria o filho, recém nascido, com a mesma filosofia de vida dos pais.
A alimentação infantil nos primeiros anos de vida é um assunto importante e que sempre gera discussão nas famílias. Sempre tem aquela ‘receitinha da vovó’ ou o conselho da tia sobre aquela papinha infalível e saudável.
Claro que todas elas também são bem-vindas, mas e se os pais seguem uma dieta diferenciada, sem carne e querem estender isso ao filho? Dieta vegetariana para bebês, ou para qualquer outra pessoa, exige planejamento e compreensão por parte daqueles que convivem com a criança.
É o que explica o casal Daiana Testa, 28 anos, e Guilherme Rocha, 31 anos. Papais de primeira viagem e vegetarianos há pouco mais de um ano, decidiram que iriam criar Iago da mesma forma. Aos poucos, descobriram o que eles chamaram de ‘um mundo parte’ da maternidade que foi muito além da alimentação.
— Optei por uma maternidade mais natural e saudável desde o início quando escolhemos fazer o parto humanizado. O Iago também não usa fraldas descartáveis, apenas de pano. Além de não agredir o ambiente, ele nunca ficou assado e temos uma economia muito grande — diz Daiana.
Através de uma nutricionista especializada nestes casos, eles conheceram o método BLW – criado pela agente de saúde britânica Gill Rapley, autora do livro Baby-led Weaning: Helping Your Baby to Love Good Food (em tradução livre, Desmame Guiado pelo Bebê: Ajudando seu Filho a Amar Boa Comida).
A ideia principal do método é não oferecer um prato diferente aos bebês – como as tradicionais papinhas – mas, sim, deixar que eles se sentem à mesa e participem das refeições familiares já a partir dos seis meses de vida. Os pais colocam os alimentos cortados ao alcance e eles escolhem quando e como levar os pedaços à boca.
— Na primeira vez que demos uma banana ao Iago foi engraçado, a Daí se assustou e achou que ele ia se engasgar, mas logo que percebemos que o processo é esse mesmo. E é legal por que eles aprendem outros sentidos também, como o tato. Eles sabem como é o gosto e o formato de cada alimento — conta Guilherme.
Os pais contam também que Iago, muitas vezes, chama a atenção em restaurantes e nos encontros de família.
— Ele come de tudo, o prato dele é muito variado e as pessoas se impressionam positivamente por isso. Muitas mães vêm me perguntar como pode ele aceitar tantos legumes e verduras. Eu acredito que o principal segredo é a forma de introdução do alimento. Evito muito os doces também, pois depois que provam dificilmente conseguimos tirar — diz Daiana.
Segundo Guilherme, ao contrário do que muitos pensam, dificilmente Iago tem alguma doença e, muito menos, déficit de nutrientes.
— Ele ainda amamenta e é super saudável, dificilmente fica doente. Eu também, quando parei de comer carne, há cerca de um ano, notei que melhorei muito minha saúde, principalmente as dores estomacais.
Resistência na família
Hoje, a família do jovem casal aceita e compreende muito bem as escolhas feitas por eles. Seja pela cultura gaúcha – tradicional pelo churrasco – ou pela criação, nem sempre a retirada da carne da dieta é bem vista, principalmente se for interferir na alimentação de um bebê.
— É preciso ter muita convicção do que você está fazendo. No início era bastante comum ouvirmos “coitadinho dele, por que isso?”, como se fosse algo negativo. Em churrasco, tínhamos que cuidar, por que quando percebíamos, ele estava quase comendo um pedaço de salsichão, por exemplo. Sempre procuramos explicar o motivo que nos levou a essa escolha.
— Somos protetores de animais, recolhemos cães e gatos de rua, somos a favor da adoção, nos importamos com a forma cruel que eles são criados e abatidos. Mesmo assim, sempre tem aqueles que insistem e demoram a perceber que não é uma “modinha”, mas sim um estilo de vida. Mas, hoje todos que nos conhecem, nos respeitam.
Criação sem creche
Com um estilo de vida um pouco diferente das outras crianças da sua idade, os pais de Iago optaram por não colocá-lo na creche. Eles moram em Viamão há três anos e optaram pela região para poder viver em uma casa, já que antes tinham apartamento em Porto Alegre. Além disso, a família de Guilherme também vive no município.
— Seria difícil encontrar um lugar que levasse em consideração todas essas questões alimentares e culturais. Além disso, acredito muito que esses primeiros anos com a mãe são essenciais para a criação do vínculo mãe e filho. Por isso, optei por ficar em casa. Sabemos que quando ele crescer será necessário, mas pelo menos até os três anos queremos evitar. Gostamos que ele seja livre, brinque na rua, se suje.
Sobre o vegetarianismo*
A posição da American Dietetic Association (Associação Dietética Americana) e da Dietitians of Canada (Nutricionistas do Canadá) é que dietas vegetarianas corretamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e trazem benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças.
Aproximadamente 2,5% dos adultos dos Estados Unidos e 4% dos adultos do Canadá seguem dietas vegetarianas. Define-se a dieta vegetariana como aquela que não inclui carne, peixe ou aves.
O interesse pelo vegetarianismo parece estar aumentando, com muitos restaurantes e refeitórios estudantis oferecendo pratos vegetarianos de forma rotineira. Vem ocorrendo um crescimento substancial das vendas de alimentos atraentes para vegetarianos e estes alimentos estão presentes em muitos supermercados.
Este artigo resenha os dados científicos atuais relativos aos principais nutrientes para vegetarianos, como proteína, ferro, zinco, cálcio, vitamina D, riboflavina, vitamina B12, vitamina A, ácidos graxos n-3 e iodo. A dieta vegetariana, e a vegana, inclusive, pode atender às recomendações atuais para todos esses nutrientes.
Em certos casos, o uso de alimentos enriquecidos ou de suplementos pode ser útil para obedecer às recomendações de nutrientes específicos. As dietas veganas e vegetarianas de outros tipos, se bem planejadas, são adequadas a todos os estágios do ciclo vital, inclusive durante a gravidez, a lactação, a infância e a adolescência.
As dietas vegetarianas trazem vários benefícios nutricionais, como baixo nível de gordura saturada, de colesterol e de proteína animal, assim como nível mais elevado de carboidratos, fibras, magnésio, potássio, folato e antioxidantes como as vitaminas C e E e os fitoquímicos.
*Informações retiradas do site Sítio Veg.
Diferenças entre vegano e vegetariano
Um vegetariano é uma pessoa que não come carne, peixe ou aves nem produtos que contenham estes alimentos. Os padrões alimentares dos vegetarianos podem variar muito. O padrão alimentar dos ovo-lacto-vegetarianos baseia-se em cereais, legumes, verduras, frutas, leguminosas, sementes, amêndoas e castanhas, laticínios e ovos mas exclui carne, peixe e aves. Os lacto-vegetarianos excluem os ovos, além da carne, do peixe e das aves.
O padrão alimentar do vegano, ou vegetariano total, é semelhante ao do ovo-lacto-vegetariano, com exclusão adicional de laticínios e outros produtos de origem animal. Mesmo dentro desses padrões, pode haver variação considerável da extensão em que se evitam os produtos animais.