“Não se precisa de material caro, dá para jogar futebol até com uma bola feita com as meias da mãe: é o único esporte coletivo imprevisível, em que o mais fraco pode ganhar do mais forte” (Carlos Alberto Parreira, técnico).
Entre os 32 países que estarão na 21ª. Copa do Mundo, no próximo ano, na Rússia, apenas dois nunca estiveram antes no mundial: o Panamá e a Islândia.
Os panamenhos conseguiram a sua vaga eliminando os Estados Unidos, e os islandeses a Holanda – não é pouca coisa!
Quem mora no Rio Grande do Sul, exposto seguidamente a calor de derreter e frio de congelar fora de época, alguns dias com até as quatro estações, este poderia ser um belo sonho: morar na Islândia. Lá tem frio e umidade todo dia mas então ao menos já se sabe, e não tem erro: o tempo é ruim SEMPRE (parece que o verão cai sempre em 25 de julho – nas 9h às 11h: acordou depois disso, perdeu …). E quem gosta de futebol descobriu mais um motivo para querer morar na Islândia, uma gelada ilha vulcânica, sem sol, terreno rochoso, alguns dias com 20 horas de escuridão: A ISLÂNDIA SIM É QUE É O PAÍS DE FUTEBOL!
No ano passado, em seu primeiro jogo no campeonato das nações da Europa, na França, em Saint-Etienne, 7 mil torcedores islandeses (incluindo o presidente, professor Guoni Thorlacius Johanesson) viajaram ao Estádio Geoffroy Guichard e assistiram emocionados o imprevisível empate de 1×1 com Portugal. Depois de passar da primeira fase, nas oitas-de-final ainda eliminou ninguém menos do que a Inglaterra, sempre mantendo a sua média de público. Considerando que a Islândia tem apenas 320 mil habitantes – pouquinho mais do que Gravataí –, significa que 2,2% da população saiu do país e esteve num estádio em cada jogo.
Esse número é uma enormidade transportado para o futebol do Brasil: 2,2% da população do país, 206 milhões de habitantes, daria 4,5 milhões de torcedores num único jogo no exterior – uns 60 Maracanãs lotados, ou 100 vezes a Arena do Grêmio ou o Beira-Rio, por aí. Considerando ainda que o campeonato brasileiro da primeira divisão tem registrado uma média de público de 17 mil espectadores por partida, seriam necessários 266 dos 380 jogos do brasileirão (exatos 70% de todo o campeonato) para igualar os islandeses numa única tarde em Saint-Etienne. E eles (e elas) estavam lá só torcendo, cantando e berrando “uh uh uh uh uh uh …”, sem quebrar banheiro, sem apedrejar ônibus, sem espancar ninguém.
Os jogadores da seleção islandesa estão espalhados por clubes da Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Noruega, Israel, Grécia, Alemanha, Bélgica, Espanha.
Este ano um deles, o meia Gylfi Sigurösson, 28 anos, 1m88, foi vendido pelo Swansea ao Everton por 50 milhões de euros.
Não existe plano privado de saúde na Islândia, todos os hospitais são públicos, e há 3,7 médicos para cada mil habitantes. No Brasil, onde o total de cirurgias atrasadas no sistema público passa do milhão, a média chega à metade, dois, mas a distribuição é brutalmente desigual: no Maranhão cai para apenas 0,8 médicos por mil habitantes.
O ensino islandês está dividido em quatro níveis: até os seis anos, dos seis aos 16 obrigatório, dos 16 até os 20, e depois o universitário. O governo paga todos.
Apenas 1,1% dos islandeses se declara como classe alta, mas também só 1,5% é classe baixa, e a absoluta maioria classe média, 97,4%. O salário médio, com pequenas diferenças entre um pintor de paredes e um deputado sem regalias, é de 3 mil euros – 12 mil reais. Dá para viajar bastante!
Os habitantes da Islândia têm 90 mil armas, equivalente a 30% da população, mas a taxa anual de assassinatos fica em 1,8 por 100 mil, ou seis por ano. No Brasil a média é 23, ou 13 vezes maior.
Para jogar futebol na Islândia, a turma tem que arrumar gramados no meio da rocha vulcânica, treme no frio, forra as botinas com papel de jornal ou perde um dedão no campo, não se importa com neve na cara. Para assistir, leva cobertor e travesseiro térmico ou deixa o traseiro no assento. Com frio e umidade, mesmo assim o pessoal lá ama o futebol.
Não há dúvidas: o país do futebol é a Islândia. Esses vikings merecem muito estar na Copa.
: A seleção viking emocionou na Taça da Europa, e agora vai pela primeira vez à Copa do Mundo
Agenda histórica do futebol gaúcho na semana
10.12, domingo
2016 – Neto de Afonso Paulo Feijó, sobrinho de Marcelo Dihl Feijó e filho de Gilberto Leão Madeiros, ex-presidentes do Inter, Marcelo Feijó de Medeiros é eleito para a presidência do clube com 94,8% dos votos dos sócios
11.12, segunda-feira
1983 – Grêmio campeão do mundo, 2×1 Hamburgo da Alemanha, com prorrogação, em Tóquio, dois gols de Renato
12.12, terça-feira
1976 – Inter bi brasileiro, 2×0 Corinthians, no Beira-Rio, 84 mil espectadores
13.12, quarta-feira
1992 – Inter campeão da Copa Brasil, 1×0 Fluminense
14.12, quinta-feira
1975 – Inter campeão brasileiro, 1×0 Cruzeiro de Belo Horizonte, Beira-Rio, gol de Figueroa
15.12, sexta-feira
1996 – Grêmio bi brasileiro, 2×0 Portuguesa, Olímpico
16.12, sábado
1934 – Inter campeão gaúcho pela segunda vez, 1×0 no 9º Regimento de
1992 – Seleção brasileira 3×1 Alemanha no Beira-Rio