Em março, quando a manchete de GZH “RS pode ter sexta cidade com segundo turno a partir desta eleição” assanhou o meio político, usei da ‘ideologia dos números’ para mostrar a impossibilidade – o que se confirmou.
Para ter segundo turno um município precisa atingir 200 mil eleitores.
A estatística oficial do TSE confirmou, no prazo final de 8 de maio, 193.870 eleitores aptos a votar em Gravataí na eleição 2024.
Em Por que Gravataí não deve ter segundo turno em 2024, escrevi sobre o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Voltaire de Lima Moraes considera o segundo turno uma “grande possibilidade”:
“(…) A conta não bate, frente às estatísticas das últimas eleições.
Em 2018, 189.422 estavam aptos a votar. Em 2022, 191.626. Um crescimento de 1,63% em quatro anos.
Se em dois anos, entre 2022 e 2024, Gravataí tivesse o crescimento de quatro anos, teríamos 194.749 eleitores aptos a votar nestas eleições municipais (…)”.
Agora, cruzando com dados oficiais de população, divulgados pelo IBGE em 29 de agosto, é possível prever que na próxima eleição para a Prefeitura, em 2028, Gravataí terá segundo turno.
O número de habitantes de Gravataí chegou a 295.734 – um aumento de 10.220 entre 2022 e 2024. Mantido o mesmo crescimento, Gravataí deve ter 208.196 eleitores em 2028.
Uma eleição em dois turnos é completamente diferente. Vai mudar o comportamento dos políticos nos próximos quatro anos e a composição dos governos, atraindo aliados não só em primeiro, como potencialmente em segundo turno.
Façamos exercícios de imaginação:
Se nesta eleição já tivéssemos segundo turno, em uma disputa com dois candidatos identificados do centro para a direita da ferradura ideológica, como Marco Alba (MDB) e Luiz Zaffalon (PSDB), Daniel Bordignon (PT), de centro-esquerda, apoiaria algum dos dois?
E se fossem para o segundo turno Alba ou Zaffa, contra Bordignon, os dois reatariam para evitar a ‘volta do PT’? A única certeza que tenho é que, se já tivéssemos segundo turno em 2024, não teríamos apenas três candidatos. Concorrer no primeiro turno pega preço na negociação para o segundo turno.
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