eleições 2018

Eles querem fazer um Uruguai em Cachoeirinha

David Almansa ganha o apoio de Ana Fogaça na candidatura a deputado federal

Inventamos uma montanha de consumo supérfluo, e é preciso jogar fora e viver comprando e jogando fora. E o que estamos gastando é tempo de vida. Porque quando eu compro algo, ou você, não compramos com dinheiro, compramos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter esse dinheiro. Mas com esta diferença: a única coisa que não se pode comprar é a vida. A vida se gasta. E é miserável gastar a vida para perder liberdade.

 

Parafraseando o trecho de 47 Minutos de Sabedoria, vídeo de José Mujica que viralizou e já foi assistido por quase 5 milhões de pessoas, o que David Almansa gastará da campanha deste ano até 2020, quando completar 29 anos, é um tempo de vida para se constituir como nome para ser a candidatura da oposição à prefeitura de Cachoeirinha.

Mais votado do PT e da oposição, só não é vereador porque o partido não conseguiu atingir o coeficiente eleitoral. Nesta eleição, concorre a deputado federal naquilo que é chamado na política de ‘candidatura de construção’. Ou seja, os votos de agora aumentam – ou diminuem – o tamanho da ambição (candidato a prefeito, vice ou vereador?) para os próximos pleitos.

Sua dobradinha é com Tarcísio Zimmerman, um dos homens fortes do governo Olívio, deputado federal eleito em 1999, prefeito de Novo Hamburgo entre 2009 e 2013 e candidato à reeleição a deputado estadual.

Mas são dois reforços da região que podem fazer a diferença, se não em uma vitória nas urnas em 2018, na inscrição de seu nome no cenário eleitoral futuro. Em Gravataí, quem vai coordenar a campanha é Cristiano Kingeski, ex-vice-prefeito e sempre na linha de frente das campanhas de Daniel Bordignon. Em Cachoeirinha, Ana Fogaça, uma personagem da política local nas últimas três décadas e dona de expressivas votações.

Se Kingeski circula pelos bastidores, Ana, pela história e personalidade, é protagonista. E ela já apresenta ao lado de David uma proposta ambiciosa e, para muitos, infactível (o porquê, a eleição de 2016 mostrou), inspirada na Frente Ampla que elegeu José Mujica presidente do Uruguai. Eles querem unir as forças de centro-esquerda na disputa pela prefeitura em 2020.

– Só assim tiraremos do governo o PSB, essa oligarquia que está no poder, formada pelos traidores do PT e o que há de pior entre as forças políticas de Cachoeirinha – diz Ana, que foi eleita pelo PT a vereadora mais votada em 88, fez 13 mil votos como candidata a prefeita em 92, foi reeleita vereadora em 96, rompeu definitivamente com Stédile (de quem sempre foi uma antagonista no partido) ao ser preterida a vice em 2000, fez 14 mil votos a deputada estadual em 2002 e 5 mil a prefeita em 2012 pelo PSol.

Em 2012, numa coligação que tinha também o PCdoB do falecido Irani Teixeira, Ana Fogaça seria vice de Antônio Teixeira (Rede), candidatura de 12 mil votos que apoiou mesmo depois de o PSol (Isalino Kingeski) e o PT (Leonel Matias) optarem por candidaturas próprias. Hoje ela participa da Refundação Comunista, organização que ainda não é um partido e luta pela soberania nacional contra o que chama de "processo golpista sob influência do imperialismo norte-americano", que teria como príncipe do momento o juiz Sérgio Moro, "cria da CIA".

– O David já tentou a unidade na eleição de 2016. Brigou inclusive dentro do PT, como briguei dentro do PSol. Se estivéssemos juntos, Miki Breier (PSB) não estaria no governo. Acho que todos sentiram esse golpe – lamenta a professora.

David acredita que a ‘frente ampla’ seja possível em Cachoeirinha.

– Cem dias depois, ainda sob o trauma de termos entregue o governo de barbada para o Miki, conseguimos reunir aqueles que são diferentes ao Stédile, um dos responsáveis por Michel Temer ter usurpado a presidência da república, e seus discípulos, hoje com práticas da direita de tirar direitos dos trabalhadores e viver do toma-lá-dá-cá. Não foi o próprio que, para justificar a coligação, disse na convenção do partido que os 160 cargos no governo Sartori sustentavam o PSB? Pelo menos foi o que saiu em todos os jornais – argumenta o sociólogo, que confia também em uma reaproximação com o PSol de Pedro Ruas, também candidato à assembléia e à prefeitura em 2020.

– Minha candidatura é uma construção para a esquerda chegar forte em 2020. Não quer dizer que já sou candidato a prefeito. Pode ser o Ruas, o Antônio Teixeira, ou outro nome. Nos inspira o modelo da Frente Ampla de Mujica – explica.

David e Ana Fogaça já estão inseparáveis nas agendas da pré-campanha e no movimento Lula Livre.

– Quero reivindicar e honrar o legado dela – resume o sociólogo.

 

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