SAUL TEIXEIRA

Eliminação do Inter e o desafio da racionalidade

Acreditamos que a eliminação do Internacional de Mano Menezes mereça dois tipos de análise.

Em linhas gerais, é inadmissível um time da grandeza do colorado — novamente — não chegar à final do Gauchão. Mais absurdo ainda não erguer o troféu desde 2016. Creio que exista unanimidade a respeito.

O outro pitaco que propomos é factual, pontual, sobre a eliminação para o Caxias. O colorado foi incompetente nos pênaltis. Méritos do adversário. Mas com a bola rolando, vimos a melhor atuação da equipe na temporada. Disparadamente. Futebol além do resultado em estado puro!

Por mais contraditório que pareça, o fracasso em pleno Beira-Rio lotado não é motivo para terra arrasada. Incrivelmente! O atual treinador e o grupo não estão em Porto Alegre desde 2016. É difícil separar, entendo, mas é preciso. Futebol é processo e requer tempo. Chega a ser irônico pedir tolerância para uma torcida que sofre desde 2011. Mas é a realidade posta. Eis a necessidade.

A equipe finalmente estreou na temporada 2023. Dizer que mereceu a eliminação pelo fraco campeonato que realizou até então, é rasgar o que o campo mostrou na última amostragem. Teve perfomance, desempenho, volume, intensidade. Com um primeiro tempo de altíssimo nível e imposição, não poderia desperdiçar a oportunidade de liquidar o duelo. Desperdiçou. A bola pune, como diria Muricy Ramalho.

Alan Patrick e Maurício comeram a bola no primeiro tempo. Com De Pena iniciando a saída de jogo/transição. Eis o ponto de equilíbrio do time para a sequência do trabalho — nada de 2 volantes à frente da área. Na etapa final, com desgaste físico natural, o time perdeu mecânica. Ou será que a preparação física também é um diferencial negativo desta temporada??? Mesmo assim, se impunha pelo ímpeto. Até que…

Erros de arbitragem ocorrem diariamente e para todos os lados. Lamento, porém, quando são cruciais. O primeiro cartão amarelo de Carlos De Pena, pelo menos para mim, foi inexplicável. Mesmo assim, o time manteve as rédeas do duelo, desta feita, com Pedro Henrique “voando” pela ponta canhota e Baralhas se “multiplicando” na contenção defensiva.

Estêvão! A grande imprensa muitas vezes costuma “acusar” o torcedor de não ter paciência com a gurizada da base. Como pitaqueiro, fico entre a cruz e a espada. No caso do Inter, os atletas vindos do Celeiro de Ases escancaram o quanto estão “verdes” e ainda incapazes de responder à altura.

Se o grupo tivesse mais opções em qualidade e quantidade, talvez não fosse preciso utilizar os jovens em momentos decisivos. Responsabilidade intransferível da direção! Por outro lado, os “cartolas” não entram em campo. Estêvão perdeu a bola do jogo após cruzamento de PH e desperdiçou cobrança de pênalti. Foi o grande vilão da noite. Não adianta “passar pano” por ser jovem. Tomara que dê a volta por cima.

Em que pesem as carências do grupo, seria possível eliminar o time da Serra. Aliás, era obrigação. Caberá aos colorados doses ainda mais cavalares de resiliência e de paciência. Aos homens do futebol, a “caça” aos reforços é questão de sobrevivência.

Sobre a comissão técnica, nada de ruptura. No calor da eliminação, ouvi alguns torcedores pedindo a demissão de Mano Menezes. Por favor, né?

Sobre os patéticos incidentes após o apito final, registro meu óbvio repúdio! É cansativo! Que o rigor da lei seja implacável. Inclusive com os próprios jogadores. Enquanto as autoridades forem permissivas, seguiremos enxugando gelo no Polo Norte.

O futebol precisa de mais racionalidade. Desde sempre. Pra ontem! Principalmente nas derrotas…

Boa “lambeção” de feridas para a nação alvirrubra. Mais um presente de grego às portas do aniversário de 114 anos.

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