No terceiro dia da greve dos professores em Gravataí, Claiton Manfro, secretário de Governança e Comunicação Social do governo Marco Alba (PMDB), envia artigo. Confira na íntegra do que escreve um dos 'linha de frente' da Prefeitura e presente na mesa de negociações com o sindicato dos professores.
A crise é realidade para todos
Parabéns aos professores que, demonstrando sensibilidade, lucidez e compreensão, disseram não a greve!
O país vive uma profunda crise política e econômica. Basta ligar a TV para vermos que a corrupção e a incompetência no setor público tornaram a classe política obsoleta e o Estado desnecessário (do ponto de vista estrutural).
A irresponsabilidade com que os recursos públicos foram administrados nos últimos anos e o descompromisso e desinteresse da população em relação às questões coletivas contribuíram, sobremaneira, para este cenário caótico e desanimador.
A crise econômica desembocou em um desgaste de valores e conceitos sociais que nos afastaram da condição humana. O medo do desemprego e da perda de renda, sem dúvida, contribuíram para o fortalecimento do individualismo e para o surgimento de uma espécie de “egoísmo social”.
Parece que estamos em uma guerra civil ou em um cenário das teses de Hobbes em que ele descreve “o estado de natureza, aquele onde os homens podem todas as coisas e, por isso, utilizam todos os meios disponíveis para consegui-las”. Cada um acredita que seu problema é mais importante que o do outro e que resolvê-lo deve ser prioridade do Estado.
Cada dia que passa o espaço sucumbe um pouco mais ao individualismo e ao corporativismo de classe. Vivemos uma conjuntura social esquizofrênica, só escutamos a nós mesmos, só nossos pensamentos e opiniões são importantes, a opinião alheia não serve para nada e não merece nossa atenção.
Um estado de miopia social e o indicativo de greve do Sindicato
Einstein dizia que “o ser humano que vivencia a si mesmo, com pensamentos separados do resto do universo, cria uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência”.
Em muitos casos, acontece a mesma coisa com entidades e instituições sociais corporativas que restringem seu olhar e agem a partir de um curto campo de visão, ou seja, têm dificuldades para enxergar que os fatores conjunturais acabam refletindo em todos os aspectos de nossa vida, tanto em nível individual, quanto social.
Quando 330 pessoas se reúnem em uma sala e apenas 172 delas impõem uma decisão a uma categoria com um universo superior a 2.800 servidores, sugere o mesmo estado de miopia. Foi exatamente isso que aconteceu: o Sindicato dos Professores de Gravataí reuniu 330 professores em uma sala, apresentou sua versão sobre a situação econômica da Prefeitura de forma unilateral, ou seja, sem o contraponto do Poder Público e defendeu, a partir desta visão limitada, que a categoria fizesse greve. A Entidade argumentou em defesa de uma paralisação, utilizando dados irreais sobre a situação econômica do Município e sobre o IPAG – Instituto de Previdência de Gravataí. Não perguntou a opinião dos pais, nem dos alunos – principais agentes do processo educacional e, pior, desconsiderou a vontade dos próprios trabalhadores que, em tese, representa. Vamos combinar: não é lógico pensar que a votação de uma minoria,172, deve impor-se a opinião de uma maioria absoluta de mais 2.800 professores.
A crise que se instalou no país não atingiu apenas as finanças públicas e não trouxe problemas somente para os professores de Gravataí. Todos os brasileiros sofreram e sofrem as consequências. Vimos os investimentos em saúde, educação e segurança, por exemplo, serem reduzidos em todo Brasil, a dificuldade financeira do Rio Grande do Sul é um retrato fiel desta situação.
Precisamos mudar isso tudo e criar um novo modelo político
Acredito que a base para uma relação republicana seja o respeito mútuo e, por saber que o Prefeito Marco Alba pensa da mesma forma, afirmo que seu Governo cultiva enorme respeito pelo Sindicato e pela categoria dos servidores – professores.
Sabemos que toda estratégia de luta tem diversas táticas, entre elas, a greve e reivindicar melhores condições salariais é legítimo e faz parte desse processo, mas, independentemente dos instrumentos escolhidos como forma de manifestação, a verdade e a democracia sempre serão os principais valores de uma boa luta. Neste sentido, quando o Sindicato dos Professores diz que o Prefeito não quer conceder aumento salarial, que ele pretende fechar o IPAG e quando impõe uma greve a partir da votação de uma minoria, é romper com ambos os valores.
O que há de fato, acerca do aumento, é que Gravataí também foi atingida pela mesma crise que afundou as contas públicas em todos os cantos do país. Nós também sofremos com as irresponsabilidades e as incompetências de gestões desastrosas no Governo Federal.
Sobre o IPAG, o que o Governo Municipal tem afirmado é que a população precisa conhecer o Instituto. Como ele funciona e quanto custa aos cofres públicos? Que não é possível fazer qualquer discussão sobre reajuste salarial, despesas e investimentos, de forma isolada. Que uma Gestão responsável e eficiência, orçamentariamente, deve considerar todas as questões financeiras e que a criação de mecanismos de controle é fundamental nesse sentido.
Louvo a atitude do Prefeito em propor uma discussão pública sobre a Gestão Municipal o que, aliás, vem ocorrendo desde o ano passado, através das reuniões da Gestão Participativa. A população precisa estar informada sobre todos os aspectos que envolvem o orçamento Municipal. Isso é fazer política de estado, com planejamento, responsabilidade e transparência!
O Prefeito Marco nunca falou, tampouco considerou a hipótese de extinguir o Instituto de Previdência. Ao contrário, foi o seu Governo que colocou em dia todas as contas do Instituto, que salvou a Instituição, patrimônio de todos os servidores. Não podemos defender governantes irresponsáveis. Administradores que não medem suas ações e acabam prejudicando os servidores e a população, nem devemos apoiar gestores que atuem partidária ou eleitoralmente. Se olharmos para nossa história, veremos o quanto estas posturas são prejudiciais.
Há poucos dias atrás, demonstrando responsabilidade e comprometimento com as contas públicas, o Prefeito realizou uma reestruturação administrativa – diminuiu o número de secretarias e de cargos em comissão. Sua Gestão vem atraindo novos empreendimentos e gerando mais postos de trabalho no Município. Vejam o anúncio da GM – de R$ 1 bilhão e R$ 400 milhões e a captação de R$ 100 milhões junto CAF – Coorporação Andina de Fomento para a Prefeitura investir na infraestrutura urbana.
O Prefeito está trabalhando para a construção de um novo modelo de gestão, uma nova forma de pensar e de fazer política. Na implantação de políticas de Estado sem os ranços ideológicos – de direita ou de esquerda, sem as limitações impostas por velhas visões sectárias e assistencialistas e sem as posturas utilitaristas e eleitoreiras que travaram o desenvolvimento de Gravataí por muitos anos.
Por fim, louvo também aos professores de Gravataí. Admiro o nível de consciência e a atitude da categoria. Parabéns aos 87% dos trabalhadores e trabalhadoras da educação que estão cumprindo suas atividades nas escolas, que tiveram sensibilidade e coragem de dizer não aos 13% que optaram pela greve.
Registro aqui meu respeito e admiração a todos que entenderam que este não é o momento para greves ou conflitos e que estão vendo o esforço que o Governo Municipal está fazendo há mais de 5 anos para manter os salários em dia e para honrar com os compromissos financeiros, apesar de toda crise.
É tempo de transparência, de coragem e de união. Vamos juntos debater um novo modelo de organização social, onde o estado seja útil – que atenda às expectativas da população e que seja, verdadeiramente, um instrumento de redução das desigualdades e de construção da felicidade coletiva.
Claiton Manfro
Secretário de Governança e Comunicação Social – Prefeitura de Gravataí