RAFAEL MARTINELLI

Em dia de paralisação, professores de Gravataí aprovam indicativo de greve; a vitória e o potencial erro

Fotos Leonardo Kerschner Gonçalves

Os professores de Gravataí aprovaram indicativo de greve, em assembléia geral com a participação de cerca de mil pessoas, conforme o sindicato. A deflagração depende do andamento das negociações com a Prefeitura.

A quarta-feira foi dia de paralisão, que conforme dados da Secretaria Municipal da Educação teve 36 escolas totalmente fechadas, 15 funcionando parcialmente e outras 24 normalmente.

Reputo há uma vitória e um potencial erro dos professores.

Antes vamos às informações e depois explico.

– Estamos em estado de greve, a categoria está unida e a comunidade mostrou seu apoio nas ruas. O governo precisa voltar à mesa de negociações – disse ao Seguinte: a presidente do SPMG, Vitalina Gonçalves, que critica o adiamento de reuniões que já dura um mês, após uma série de encontros que aconteciam desde fevereiro.

O estado de greve significa que, caso as negociações não avancem, o SPMG pode iniciar um movimento grevista.

– O prefeito reconhece a defasagem salarial de 25%, mas precisamos de respostas. Como as perdas serão repostas? Teremos o vale-alimentação? – questiona, acrescentando que “Gravataí é a quarta economia gaúcha e paga o quarto pior salário da região metropolitana”, o que, conforme ela, “faz o município perder profissionais para outros municípios”.

A pauta aprovada pela categoria em assembléia geral tem como principais pilares a recomposição de perdas salariais de 25% e a concessão de vale-alimentação de R$ 27,50/dia.

– Salários baixos também refletem no Ideb – alerta, sobre os baixos índices de avaliação da educação no município.

A secretária-adjunta da Educação Luciana Raupp, que substitui Aurelise Braun nas férias, preferiu fazer comentários, apenas informando ao Seguinte: os números de adesão à paralisação verificados pelo governo.


Analiso.

A vitória do sindicato, que refiro na abertura do artigo, é ainda anterior à paralisação: o governo reconhece a defasagem de 25%, o que faz com que, para efeitos de comparação, um professor receba nove dos 12 meses do ano.

Em negociações anteriores o governo fazia um encontro de contas de zerava o déficit a partir dos aportes do governo para garantir a aposentadoria dos servidores após a crise no instituto de previdência.

Já o potencial erro é aprovar indicativo de greve, mesmo que sem data definida, sem que o governo tenha suspendido as negociações ou apresentado uma proposta.

A ferramenta faz parte da luta sindical, mas pelo que apurei foi uma surpresa e pegou de mal no governo, que estaria preparando uma proposta de parcelamento dos 25%.   

Como governos são compostos por diferentes forças, a pressão com um instrumento que só não é mais forte que a própria greve pode reforçar o discurso dos contrários a negociar.

Advirto sem torcida ou secação: são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumento.

Ontem, em Professores de Gravataí fazem dia de paralisação nesta quarta – mas a negociação não vai mal, não, analisei que a negociação ainda não era uma tragédia, e até ia bem. Mas fiz uma ressalva: “A política é nietzschiana, um Deus morreu, tudo pode. Então, certeza de nada há. Mas é um bom começo”.

Ao fim, aguardemos para ver o estrago – ou não – nas relações entre o governo e a categoria.

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