Desde a derrota para o São Paulo, no Morumbi, o Grêmio renasceu em competitividade. São 12 pontos disputados com 100% de aproveitamento contra Flamengo, América, Coritiba e Bahia.
De “pedreira”, apenas o Flamengo enfrentado, mas o desempenho não deixa de ser um resumo dos méritos do tricolor na competição de pontos corridos: não dá para “negociar” contra os times “inferiores”. É vencer ou vencer. Na Arena, jogando em casa ou em Plutão.
E fez isso muito pelo retorno aos 3 zagueiros. Embora com algumas falhas defensivas, o time passou a se defender um pouco melhor na maior parte do tempo. Modéstia à parte, atendendo a um “apelo” deste singelo espaço opinativo desde que a oscilação passou a bater à porta dos azuis.
De todas as mecânicas utilizadas por Renato em 2023 — num repertório quase inédito na carreira do treinador — o 5-3-2 foi disparado o que melhor performou. Não apenas por ampliar a robustez defensiva, mas sobretudo para garantir liberdade aos meias e atacantes. Embora pequem pela falta de intensidade, “com a bola” nos pés a rapaziada tem dado conta do recado.
Com incríveis dez gols e dez assistências no Brasileirão 2023, um tal camisa 9 tem decidido quartas e domingos. Até quando a atuação coletiva deixa a desejar — o que ocorreu na maior parte das últimas partidas —, Luis Suárez cresce na hora decisiva, assume o protagonismo e desfila sua genialidade do Oiapoque ao Chuí.
A presença assídua do Grêmio no G-6, bem como o iminente retorno à Libertadores na próxima temporada deve-se muito a cada grão de arroz investido no craque mundialista. Que jogador, senhores! Às vezes, até a obviedade merece ser dita, sobretudo para saudarmos os extraclasses.
No recorte que propomos, nos últimos 4 jogos, o tricolor balançou as redes dez vezes. Demonstra que na fase ofensiva o time encontra soluções. Principalmente por Suárez, mas não somente por ele.
Cristaldo, Galdino, Bezossi e Ferreira. Nas últimas partidas, ao menos um deles tem conseguido “dialogar” minimamente com o uruguaio. O que é raro desde a saída de João Paulo Bitello para a gélida capital da Rússia. Outro diferencial tem sido a presença de Reinaldo no campo de ataque, uma postura facultada pela mecânica com três zagueiros. O que não tem justificativa, é a continuidade de João Pedro Galvão entre os 11, né?
Nos mesmos jogos, porém, o Grêmio sofreu 6 gols. Mesmo defendendo-se com linha de 5. Aqui não deixa de ser responsabilidade da comissão técnica. Enquanto o ataque muitas vezes é feito com improviso, inventividade e brilho individual, o sistema defensivo carece um pouco mais de organização, de mecânica, de estrutura.
É bem verdade que a ausência de um volante marcador e de meias com mais intensidade no elenco acabam “amenizando” as críticas. Eis uma obviedade e tanto a ser tratada pela direção para a próxima temporada.
Em resumo, se fosse uma equipe mais equilibrada, o sonho do título seria ainda mais palpável. Mesmo assim, o time de Renato segue na briga, superando completamente as expectativas para quem está numa temporada de reconstrução.
Que venham as rodadas finais. Nada é impossível para um time que ostenta a grandeza do Grêmio. Ainda mais para quem carrega a alcunha de imortal. E, principalmente, para quem dispõe de um dos maiores centroavantes da história do futebol planetário.
Obrigado, Suárez!