RAFAEL MARTINELLI

Empresa que opera toda informatização das prefeituras e câmaras de Gravataí e Cachoeirinha é alvo do MP; Força-tarefa vai investigar 108 municípios

As prefeituras e câmaras de vereadores de Gravataí tem contratos regulares com a IPM Sistemas, empresa alvo de uma força-tarefa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, que projeta investigar mais de cem municípios gaúchos em suposto esquema de fraudes em licitações.

A ampliação da investigação para as 108 cidades que fazem pagamentos mensais à empresa responsável pela informatização de órgãos públicos foi divulgada pelo MP após operação nesta quinta-feira em que foram cumpridos mandados nas prefeituras de Bento Gonçalves, Rio Grande, Sapiranga, Santana do Livramento e Candelária.

Conforme os promotores, a investigação vai avaliar se há suspeita de fraude nos contratos, como já teria sido percebido nas cinco prefeituras citadas acima.

O MP aponta indícios de que representantes da empresa de tecnologia criaram um esquema para direcionar licitações, a partir da entrega para agentes públicos de uma proposta de edital para contratação de serviços que, pelo pré-requisitos, teriam a própria IPM como única vencedora possível.

Conforme os investigadores, para não deixar rastros os documentos seriam entregues presencialmente por representantes da empresa para os agentes públicos.

Na operação desta quinta o foco principal foram mídias físicas e equipamentos eletrônicos que possam ajudar a comprovar a fraude.

A IPM, que tem sede em Santa Catarina e contratos em seu estado de origem, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, e se apresenta como “líder no Brasil em tecnologia para gestão pública”, divulgou nota negando as suspeitas.

“A IPM atua no fornecimento de tecnologia de última geração aos municípios brasileiros, e luta contra iniciativas de um grupo de empresas que visa evitar sua entrada nas Prefeituras do Estado do Rio Grande do Sul. Tais iniciativas são pautadas em denúncias vazias e inconsistentes, motivadas por interesses comerciais próprios de outras empresas do mesmo segmento que não têm entregado sistemas de gestão modernos e eficientes. Agimos em conformidade com a lei e focamos nossos esforços na eficiência e inteligência para a gestão pública, com tecnologias melhores e preços inferiores aos do mercado. Os serviços à população seguem disponíveis e sem qualquer alteração, e nós continuamos firmes em nossa missão de promover uma gestão pública mais eficiente e de qualidade. Seguimos à disposição do judiciário e órgãos de controle. Os fatos serão esclarecidos”, diz o texto.

Ainda não houve contato do MP com prefeituras e câmaras de Gravataí e Cachoeirinha, onde os softwares instalados pela empresa operam desde a emissão de guias de IPTU até a gestão em saúde.

Se em Gravataí o prefeito e o presidente do legislativo responderam ao Seguinte:, em Cachoeirinha o governo Cristian Wasem (MDB) – que neste ano pagou R$ 1,6 milhão à IPM neste ano – e o presidente da Câmara Paulinho da Farmácia (PDT) – que pagou R$ 112 mil – não retornaram o contato da reportagem até o fechamento deste artigo.

Luiz Zaffalon (PSDB) disse não ter nenhuma preocupação com a investigação chegar a Gravataí, que mensalmente destina para IPM R$ 300 mil, porque a licitação foi comandada por ele próprio em 2012, quando era secretário de Governo do falecido prefeito Acimar da Silva (MDB).

– Gravataí teve grandes ganhos com este sistema. Implementamos em toda Prefeitura um Sistema ERP (sistema de planejamento de recursos empresariais) único e integrando todos setores da Prefeitura, substituindo vários sistemas precários e que não falavam um com outro. Era um frankenstein que existia aqui – disse, sobre o contrato que também seguiu nos dois governos de Marco Alba (MDB).

– Ganhamos várias ferramentas importantes de gestão e controles ao longo dos anos e continuamos evoluindo – concluiu o prefeito.

O presidente da Câmara Alison Silva (MDB) também disse não ter preocupação com o contrato de R$ 10 mil mensais.

Ao fim, Gravataí e Cachoeirinha terem contratos com a IPM não significa automaticamente estarem no rol de municípios com agentes públicos envolvidos em fraudes nas licitações.

Pelo que apuro desde ontem, até o momento, indício nenhum há.

A princípio, a investigação deve chegar às duas cidades por terem contratos com pagamentos regulares, como informou o MP.

Se alguns, principalmente no Grande Tribunal das Redes Sociais, permitem aos políticos apenas a presunção de culpa, eu não.


Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Receba nossa News

Publicidade