A ex-assessora que denunciou assédio sexual por secretário exonerado da Prefeitura de Gravataí depôs na Delegacia de Atendimento Especializado da Mulher (DEAM) e confirmou o que relatou na notificação extrajudicial onde pede indenização de R$ 125 mil por danos morais e materiais.
O prefeito Luiz Zaffalon aceitou o pedido de demissão de seu ‘número 1’ no governo na terça-feira; leia em Zaffa aceita demissão de secretário de confiança após escândalo por denúncia de assédio sexual feita por ex-assessora da Prefeitura de Gravataí a versão da ex-assessora, nota do advogado do ex-secretário, o conteúdo das mensagens, algumas enviadas pelo denunciado acompanhadas por fotos apenas de cueca e o que me disse o prefeito, com exclusividade.
O Seguinte: não identifica a ex-funcionária e o ex-secretário municipal para não expor a suposta vítima do suposto assédio sexual, que cometido por superior hierárquico prevê pena de até dois anos, conforme o artigo 216-A do Código Penal.
A ex-assessora chegou à Polícia Civil para o depoimento agendado acompanhada de advogado e da vereadora Anna Beatriz da Silva (PSD), que, ao lado de Márcia Becker (MDB), integra a recém criada Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores.
Anna não acompanhou o depoimento, mas, para garantir anonimato à ex-assessora, ouviu-a ao lado de Márcia após o expediente, em uma sala reservada do legislativo municipal.
– Acolhemos a vítima. Por questões éticas, não vou dar detalhes sobre o depoimento. Faremos um relatório interno e conversaremos também com a procuradora da mulher da Assembleia Legislativa para acompanharmos o caso – informou Anna, ao Seguinte:, referindo-se a Patrícia Alba (MDB), deputada estadual de Gravataí eleita para a função neste 2023.
A vereadora, que avalia a denúncia como “gravíssima”, criticou o encaminhamento dado pelo prefeito, além da entrevista dada por Zaffa ao Seguinte:.
– Enquanto mulher, e tendo acesso aos prints de mensagens que estão na notificação extrajudicial, e foram tornadas públicas pela mídia, não posso compactuar com o que disse o prefeito, de que se tratou de um relacionamento entre colegas. O cara era chefe da vítima. Isso é assédio, é crime – disse, entendendo que o “prefeito deveria ter demitido o secretário e não comunicado à sociedade que apenas aceitava a demissão”.
– É um caso isolado na Prefeitura? Não sabemos. Com todo acolhimento e proteção, a Procuradoria da Mulher estará à disposição de servidoras públicas que se sintam assediadas – concluiu, lembrando que no lançamento do Agosto Lilás a juíza diretora do Fórum, Mariana Aguirres Fachel, relatou que Gravataí tem uma média de quatro medidas protetivas por dia.
Ao fim, concordo com Anna que Zaffa – até para mandar um recado a seus comandados no governo – deveria ter sido mais duro e, mesmo se tratasse de um amigo desde os anos 80, demitido o secretário sumariamente ao vê-lo em mensagens com foto de cueca enviadas para uma subordinada.
No artigo de terça alertei para isso:
“(…) A demissão se impunha. Mesmo sem conhecer o inteiro teor das conversas e o contexto em que aconteceram, reputo as mensagens e imagens reveladas – e que certamente serão periciadas caso um eventual processo não seja arquivado a partir de um acerto financeiro entre as partes – não são condizentes com uma relação entre um secretário e uma assessora; mesmo que seja o prefeito o responsável por toda e qualquer nomeação na Prefeitura (…)”.
Conclui: “Inegável é o escândalo político“.
Não tinham como as vereadoras e a deputada ficarem de fora. As procuradorias da mulher restariam decorativas.