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Escola Sesi de Gravataí terá ensino padrão Fifa

Na área circundada o prédio que está sendo construído para a Escola Sesi Gravataí. Imagem: reprodução Google Maps

A cidade de Gravataí está ganhando uma Escola Sesi de Ensino Médio, somando-se a Pelotas e Sapucaia do Sul. O Sesi também está investindo em uma escola similar, na cidade de Montenegro, no Vale do Caí. As aulas devem começar a partir do final de fevereiro de 2017.

O estímulo à inovação, criatividade, responsabilidade social, sustentabilidade e motivação vão fazer parte do dia a dia de estudantes e professores da escola do Serviço Social da Indústria cujas obras estão sendo finalizadas junto à estrutura que o Sesi mantém na cidade, no bairro Bonsucesso.

Baseada em práticas nacionais e internacionais de educação, a metodologia tem o objetivo de preparar jovens para o mundo do trabalho. Os alunos terão aulas em turno integral, segundo o diretor-superintendente do Sesi no estado, Juliano André Colombo.

Conforme ele, no primeiro ano a escola funciona como ensino regular, e no segundo ano os alunos já têm que optar por alguma área técnica a seguir. É que as aulas, além do conteúdo curricular normal, terão conteúdo profissionalizante, preparando os jovens para o mercado do trabalho.

A escola busca o desenvolvimento integral do estudante com a construção de competências e habilidades via resoluções de problemas, pautados no mundo do trabalho e com uma avaliação desafiadora e motivadora do aluno.

— No momento em que o Rio Grande do Sul tem o pior desempenho dos últimos 11 anos no Ensino Médio do Ideb, o Sesi amplia seu projeto que pretende ser referência — disse Juliano Colombo, nesta semana, para o Seguinte:.

Em Pelotas, onde a escola começou a funcionar em 2014, o projeto já foi reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) como uma das 177 instituições de todo país que é exemplo de inovação e criatividade na educação básica.

Em Gravataí os estudantes vão ter à disposição salas ambientadas para as áreas de linguagens, matemática e ciências humanas, laboratórios para as atividades de ciências da natureza e infraestrutura específica para as aulas de teatro e música.

O acompanhamento se dá na forma de avaliação que prevê continuamente a retomada dos estudos, consolidação ou novos desafios, conforme o estágio de aprendizagem de cada aluno. A organização da sala prevê a composição de grupos com perspectiva colaborativa.

Com turno estendido (serão aproximadamente cinco mil horas de estudo), os alunos terão uma matriz curricular dividida da seguinte em 30% Código e Linguagens (português, literatura, línguas estrangeiras, artes, educação física), 50% Matemática e Ciências Naturais (química, física e biologia) e 20% Ciências Humanas (história, geografia, sociologia e filosofia), o aluno constrói o conhecimento e estratégias variadas.  

— A proposta é atender à proficiência em matemática e português, básica para qualquer profissão, e a área de ciências naturais, demandas observadas na sociedade em geral e principalmente na indústria — explica Colombo.

A trajetória do estudante é acompanhada por um professor, chamado de articulador, que orientará o aluno em seu projeto de vida, oferecendo oportunidades de aprendizagem e aprofundamento de conhecimentos independentemente do aproveitamento que o mesmo demonstre.

A partir do segundo ano, inicia a parceria com o Serviço Nacional da Indústria (Senai) em cursos de qualificação profissional em eletricidade e automação. Outros desafios também serão propostos como os projetos de Educação Financeira, Robótica e Passaporte para o Empreendedorismo.

— A intenção da escola é que, ao final do Ensino Médio, o aluno tenha desenvolvido competências de leitura, escrita e resolução de problemas, dominando não só saberes necessários para a excelência acadêmica, mas também para a sua plena inserção no mundo do trabalho — destaca Colombo.

 

Investimento

 

A Escola Sesi de Ensino Médio vai funcionar em um prédio totalmente novo, construído simultaneamente às obras de reforma e remodelamento dos demais prédios do complexo instalado no bairro Bonsucesso.

Ali está em funcionamento uma estrutura para as crianças menores, da educação infantil, e outra para o projeto de turno inverso que se destina às crianças um pouco maiores. Toda os prédios do Sesi-Gravataí, em fevereiro, vão estar modernizados, novos ou remodelados.

Somente na obra da escola e quadra coberta que vão ser inauguradas no começo do ano que vem o Serviço Social da Indústria está investindo cerca de R$ 6 milhões. O gasto com equipamentos – móveis, computadores e laboratórios, entre outros – deve se aproximar, ou passar, de R$ 1 milhão.

Outros R$ 3,5 milhões estão sendo consumidos no melhoramento dos demais prédios do complexo do Sesi na cidade. Traduzindo em números absolutos, o dinheiro deste braço do Sistema “S”, aplicado no município, deve girar entre R$ 10,5 milhões e R$ 11 milhões.

 

: Juliano Colombo, superintendente do Sesi-RS, explicou como vai ser a escola de Gravataí

 

Confira o que ele disse ao Seguinte: durante encontro na sede do Sesi, na Federação das Indústrias do Rio Grande do sul (Fiergs) nesta segunda-feira:

Seguinte: – Como estão as obras da escola?

Colombo – Já estamos em fase de finalização. Iniciadas há alguns meses, estamos naquela etapa em que o trabalho exige um cuidado maior, no acabamento propriamente dito. Nós pretendemos concluir todo o trabalho até janeiro que vem.

 

E quando as aulas iniciam?

– No final de fevereiro. A gente ainda não tem a data certa, mas o ano letivo vai começar no final de fevereiro.

 

Quantos metros quadrados de área construída e qual a estrutura que vai ser oferecida aos alunos?

– Considerando o prédio da escola e a quadra de esportes, coberta, é uma estrutura de mais de três mil metros quadrados de área construída. No que se refere às salas de aula, nosso método de trabalho não é o de uma escola convencional em que os alunos circulam nas salas. No nosso caso, os alunos é que mudam de sala. Ou seja, temos uma sala só para matemática, uma sala só para línguas, português, laboratório… Por exemplo, o aluno tem aula de matemática em uma sala e, depois, vai para a sala do laboratório, ou de línguas. Nós vamos ter em Gravataí a estrutura de 10 salas de aulas, dois laboratórios e uma biblioteca grande. Nós privilegiamos espaços para biblioteca, nas nossas obras, como forma de estímulo à leitura. É um espaço que acaba sendo utilizado pelo aluno e pela comunidade ou pelo próprio trabalhador da indústria.

 

Porque a escolha de Gravataí para receber este investimento?

– Gravataí está sendo privilegiada neste momento porque enxergamos a necessidade de mais escolas de Ensino Médio, é uma cidade onde temos uma densidade industrial forte, possuímos um volume elevado de trabalhadores e dependentes de trabalhadores na indústria, e porque temos uma receita grande gerada justamente pela indústria. Gravataí é uma das principais forças industriais do Rio Grande do Sul, hoje, e esse investimento está sendo possível justamente por causa desta pujança industrial.

 

O começo foi em Pelotas…

– Sim, foi em Pelotas, onde instalamos um projeto piloto. Lá, inclusive, neste ano está se formando a primeira turma, que está concluindo seu terceiro ano. A segunda unidade foi inaugurada no início deste ano em Sapucaia do Sul, e as escolas de Gravataí e  Montenegro entram em operação em fevereiro do ano que vem. Depois disso, vamos implantar estas mesmas escolas em São Leopoldo e Caxias do Sul.

 

Vai ser uma escola aberta à comunidade?

– Na verdade a prioridade é atender os filhos de trabalhadores, mas ela amplia sua atuação porque também traz a possibilidade de outras entidades, publicas ou privadas, conhecerem o que estamos fazendo em termos de educação. A nossa ideia é que seja uma escola disseminadora de uma nova prática educacional, não que esta prática seja a melhor, mas que foi exaustivamente estudada sobre o que há de melhor no mundo em termos de Ensino Médio.

 

E qual país ou sistema foi adotado como referência para adoção deste modelo de educação que mescla o ensino regular e o profissionalizante?

– O Sesi contratou um grupo de professores que fez uma análise durante 2012 e 2013 sobre as práticas espalhadas pelo mundo e o que já tínhamos de referência no Brasil. Não é de um país especificamente. Trata-se de um modelo pedagógico construído de acordo com a nossa realidade, considerando que o jovem de hoje busca coisas muito diferente daquilo que buscávamos anos atrás. E levamos em conta uma projeção do quê a indústria precisa para o futuro já que se fala tanto na indústria “4.0”, numa nova revolução industrial.

 

E onde entra a indústria de Gravataí neste cenário?

– Gravataí tem uma indústria muito forte, pujante, e vai viver este novo momento, esta revolução. É uma indústria que emprega muito a tecnologia e cada vez mais vai usar a tecnologia como ferramenta de produção e gestão. Há uma necessidade de aprimoramento da mão de obra e por isso é preciso mudar o modelo de ensino de forma que ele esteja adaptado a esta nova realidade.

 

Mas é um modelo que se aproxima mais do que é praticado em qual país?

– Na verdade foram estudados modelos na Inglaterra, Estados Unidos, Coréia, tem vários estudos feitos. Se olharmos o mundo como um todo há muitas coisas parecidas, como trabalhar em grupo e cada vez menos individualizar o processo, ou o professor atuar mais como facilitador e cada vez menos como mero transmissor do conhecimento. O que foi feito é que o Sesi pegou o que encontrou de melhor e adaptou essa metodologia à nossa realidade, tornando-a uma metodologia única. Tanto que o MEC já reconheceu, no final do ano passado, como uma das metodologias brasileiras referência em inovação e criatividade.

 

É uma prática que se pode considerar como ensino regular ou um ensino mais profissionalizante?

– É uma escola regular que conecta e traz o aluno para dentro do ensino técnico. O primeiro ano é para o nivelamento dos alunos que vêm de diferentes escolas e com conhecimentos diversos. É um ano para propiciar que todos tenham um mesmo nível de aprendizado e conhecimento. A partir do segundo ano o aluno já começa a frequentar o Senai em duas tardes por semana, e a partir do terceiro ano vai ter meio turno no Sesi e meio turno no Senai. O aluno sai da escola com o diploma do Ensino Médio, mas com uma visão e possibilidade de profissão do ensino técnico.

 

Na área técnica, qual vai ser a privilegiada?

– Estamos trabalhando com a expertise de cada Senai. Em Pelotas são determinados cursos, em Sapucaia são outros e em Gravataí vais buscar, a partir das linhas de atuação do Senai, mais voltados ao setor metal-mecânico. Vamos ajustando, a partir daí, conforme for verificada a área de maior demanda.

 

Qual o número de vagas disponível neste primeiro ano?

– A escola é para 300 alunos. Em uma escola normal seriam 300 pela manhã e 300 à tarde, num total de 600. Nossa escola é turno integral, então para 300 estudantes que frequentarão aulas pela manhã e na parte da tarde. No primeiro ano a ideia é que ingressem 100 alunos. No segundo outros 100 e no terceiro mais 100. A partir daí teremos sempre 300 alunos porque quando estiver se formando uma turma, outra vai estar ingressando no primeiro ano. Na verdade estamos abrindo 120 vagas porque temos capacidade, mas esperamos formar pelo menos 100 de cada turma considerando a evasão escolar.

 

A prioridade é para dependentes e trabalhadores da indústria. Há possibilidade de abrir a escola para quem não é do setor, para a comunidade?

– Só se não for preenchido totalmente as vagas disponíveis pelo público que é nossa prioridade. Com um diferencial: o filho do trabalhador na indústria tem bolsa integral neste primeiro ano, isenção total de custos, e a gente espera que seja possível manter isso nos próximos anos também. Se for aberto para a comunidade, os que não são dependentes ou vinculados à indústria terão que pagar um valor mensal que não está estipulado ainda. Mas que deve ficar na faixa dos R$ 1.200,00 por mês, por aí. Mas é bom destacar que o nosso foco é o filho do trabalhador da indústria. Este é o nosso objetivo.

 

PARA SABER

A nova Escola Sesi, em Gravataí, deve gerar em torno de 25 novos empregos para professores, funcionários, gestores.

Somente com a manutenção e custeio de pessoal o Sesi prevê que serão necessários algo em torno de R$ 1 milhão, por ano.

 

FALA, COLOMBO:

— O Sesi de Gravataí é uma estrutura focada na educação. Além de espaços destinados às práticas esportivas e de lazer, mais utilizados à noite e aos finais de semana, durante o dia são utilizados para a educação desde as crianças que estão começando até o jovem que vai para a escola de Ensino Médio.

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