Escrever é uma das atividades que me dá grande satisfação. Poder me comunicar às quintas-feiras no Seguinte: expressando ideias, pensamentos, opiniões, livremente, tem sido prazeroso. Sempre me lembro de um texto do Scliar em que ele comenta que “o difícil não é a gente escrever; difícil, mesmo, é encontrar alguém que leia o que a gente escreve. Pior do que não ter a quem contar o que a gente sente é contar o que a gente sente a quem não sente o que a gente conta.”
Scliar prossegue falando que todos têm mensagens a transmitir e que não sabemos se alguém vai recebê-las. “Dúvidas e ansiedades que ninguém está imune. Nenhum autor escreve para a gaveta: todo mundo quer ser lido.” Esta é uma questão que ninguém discute: a comunicação é cada vez mais importante e indispensável para que possamos nos sentir vivos e integrados neste mundo cada vez mais agitado em que vivemos.
Sendo assim, vamos à coluna de hoje…
Finalmente estamos em dezembro, último mês do ano. É um período diferente este que antecede às festas natalinas e comemorações do novo ano que vai iniciar. Nessa época, as pessoas passam a viver um turbilhão de emoções, com a sensibilidade à flor da pele, quando alternam momentos em que se sentem bem com outros em que de repente a tristeza invade sem pedir licença.
São dias de reflexão, do balanço emocional do ano, de ajustes e de novos projetos de vida. Como não são poucas as mudanças que temos que enfrentar ano após ano, cada dia é mais agitado, vive-se preocupado e introspectivo, experimentando uma estranha solidão mesmo que uma multidão esteja à nossa volta.
À medida que vamos envelhecendo, aumenta a sensação de que a magia que iluminava os Natais de nossa infância vai dando lugar a um quadro cuja pintura é feita com tintas de cores reais.
E, assim, ao olhar para esse quadro pintado com as cores fortes da realidade e envolvido por um turbilhão de emoções, sou levado a refletir…
Não sou dono do tempo! Quem não gostaria de ser? Não iria querer mudar o mundo, mas eu gostaria de poder fazer o tempo retroceder para mudar algumas das minhas decisões, vontades e também os caminhos que escolhi.
E, assim, por voltar no tempo teria feito diferente muita coisa, teria pensado mais, teria sorrido mais, e tudo mais como na letra da canção “Epitáfio” dos Titãs ou do poema “Instantes” de Nadine Stair equivocadamente atribuído ao argentino Jorge Luis Borges.
Assim, como dono do tempo, poderia fazer o meu passado diferente e principalmente teria evitado alguns erros cometidos. Sim, eu sei… quem não carrega dentro de si pelo menos um arrependimento sobre algumas coisas do passado?
Alguns arrependimentos são lembrados de vez em quando e nos atormentam durante algum tempo. Mas, há também aqueles que carregamos o tempo todo, que quando menos se espera, surgem para tirar a tranquilidade.
É muito complicado viver perturbado por causa do passado. Quem, assim como eu, já foi muito atormentado pelo passado sabe do que estou falando. É dolorido demais quando o passado retorna insistentemente aos nossos pensamentos.
Mas, a partir do momento que se consegue compreender que não somos mais o que éramos no passado, que tivemos a oportunidade de aprender e que mudar para melhor é possível, sim, viver com serenidade, gostar de si, ter confiança e gostar da vida.
O passado deve ser usado como lição e os erros devem nos preparar para crescer e evoluir. O importante é lembrar quem se é hoje, tirar o foco do passado e se preocupar com o que está sendo feito no presente.
É bem verdade que não é possível apagar o passado, mas ele não pode estar sempre presente no presente. Viver misturando as estações deixa a vida muito mais complicada e difícil de seguir em frente. Nada melhor, mais gratificante, do que sentir a alegria de quem se é agora.
Tudo na vida tem seu momento e de tudo podemos tirar o aprendizado que nos fortaleça ainda mais para que possamos ser uma nova e melhorada versão de nós mesmos, HOJE.
Não olhe para trás, siga em frente e seja feliz!