RAFAEL MARTINELLI

Estátua de Lúcifer em Gravataí completa um ano sob interdição judicial; notícia internacional, polêmica nacional

ata Hélio de Astaroth e Mestre Lukas de Bará da Rua, em frente ao monumento a Lúcifer, em 2024

A estátua de Lúcifer segue alvo de controvérsia nacional, após repercussão internacional em sua instalação há um ano em Gravataí. O monumento de cinco metros, que marcou a criação da Nova Ordem de Lúcifer na Terra (N.O.L.T.), permanece no mesmo terreno, mas o templo onde está situado está interditado por decisão judicial definitiva, gerando impasse quanto ao futuro do local. No ‘aniversário’ da polêmica, o G1, da Globo, publicou a reportagem Um ano após instalação de estátua, Templo de Lúcifer segue interditado e aguarda decisão judicial.

No dia 9 de agosto de 2024, foi inaugurada a estátua que retrata a figura de Lúcifer — produzida em cimento, com aproximadamente uma tonelada e custando R$ 35 mil, valor arrecadado pelos próprios membros da ordem. Segundo o Mestre Lukas de Bará da Rua, um dos representantes do grupo, a imagem foi concebida a partir de um sonho e representa a dualidade do homem, com a figura humana e esquelética, com pés e asas, simbolizando o espírito da divindade.

Apesar da interdição do templo, solicitada pela Prefeitura e decretada pela Justiça do Rio Grande do Sul em dezembro de 2024, com trânsito em julgado em março de 2025 — decisão que não cabe mais recurso —, a ordem afirma que suas atividades continuam.

– Aumentou o número de membros nesse período. Inclusive, teremos uma formatura de passagem de grau. As movimentações continuam acontecendo – afirma Mestre Lukas.

O templo foi interditado por falta de licença para funcionamento como espaço religioso, conforme determinação judicial. Desde então, as reuniões e rituais da N.O.L.T. têm sido realizados em outros templos e nas residências dos seguidores. O grupo também tem participado de seminários sobre intolerância religiosa e realizado campanhas sociais, como a distribuição de alimentos.

Mestre Lukas destaca que a localização exata do santuário permanece em sigilo, tanto para preservar a segurança dos membros — que relatam já ter sofrido ameaças — quanto porque o local é reservado a iniciados na fé. A ordem conta com um rigoroso sistema de indicação para a entrada de novos membros.

Noltismo: religião e símbolo de libertação

A Nova Ordem de Lúcifer na Terra formalizou-se como religião recentemente. Seus adeptos, chamados noltistas ou daimomantes, praticam o noltismo, que cultua entidades demoníacas sob uma nova perspectiva da espiritualidade luciferiana. Para eles, Lúcifer representa a “luz do conhecimento”, um símbolo de transformação, autoconhecimento e libertação, distanciando-se das conotações tradicionais do “mal”.

– O noltismo não acredita em bem ou mal como valores morais fixos, mas em energias e intenções que devem ser canalizadas – explica Mestre Lukas.

Segundo ele, o objetivo do grupo é desmistificar o culto e abrir espaço para debates, além de realizar rituais que tragam “energias ancestrais” para os seguidores.

Processos judiciais e perspectivas

Além da interdição definitiva do templo, os responsáveis ingressaram com mandado de segurança em fevereiro de 2025, buscando reverter a decisão, mas a liminar foi negada e o processo segue em tramitação.

Enquanto isso, a estátua permanece no terreno rural de Gravataí, com planos para futura iluminação especial após a liberação do espaço. O caso segue acompanhando um debate sobre liberdade religiosa, tolerância e o papel do Estado diante de novas expressões espirituais.


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