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Eunice de Oliveira, a mulher a frente da faculdade de Gravataí

Eunice de Oliveira, professora que já trabalhou nas redes estadual e municipal, e com três ex-prefeitos de Gravataí, é a diretora do Gensa/Facensa há 27 anos.

A rede Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) que nasceu no Brasil pelas mãos do então estudante de Direito Felipe Tiago Gomes, um recifense, chegou a Gravataí por iniciativa da já extinta Sociedade Cultural Amigos de Gravataí.

Mas foi pela ousadia da professora Wilma Velho Pacheco de Camargo, que abordou o ex-governador Leonel de Moura Brizola durante um evento em Osório, que conquistou as suas primeiras instalações.

Funcionava, desde março de 1954, nas salas ociosas e cedidas graciosamente pela direção do Grupo Escolar Barbosa Rodrigues. Em 1962 dona Wilma, como é carinhosamente lembrada, viu materializar-se o sonho e o pedido que fez a Brizola.

Foi construída em parte do terreno do Barbosa Rodrigues uma “brizoleta”, como eram chamadas as escolas construídas em larga escala, como se saíssem de uma linha de montagem feito os carros da montadora da General Motors aqui da aldeia dos anjos.

Quem lembra de todos esses fatos e conta histórias com minúcias, sempre fazendo referência – e reverência! – à memória da professora Wilma, é outra educadora, a professora Eunice Carolina Ohlweiler de Oliveira.

 

O currículo

 

Ela, Eunice, é natural de Gravataí, esposa do ex-prefeito Edir Oliveira, mãe de quatro filhos (com 36, 40, 41 e 44 anos) e avó de cinco netos.

— Em véspera de seis — diz, contando que atualmente são duas netas e três netos, e que vem aí mais um menino.

Formada em Pedagogia, em 1980, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), com especialização em Psicopedagogia pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) de Canoas, antes disso, lá em 1970, começou a trabalhar na rede municipal de ensino. Foi a primeira colocada no concurso do qual participou.

Não demorou e estava trabalhando, além da rede municipal, também em uma escola do estado. A dedicação com que lidava com as coisas da educação – e ainda lida, mesmo aposentada – catapultou Eunice para ser a coordenadora do Movimento Brasileiro de Alfabetização (o extinto Mobral) na Secretaria de Educação do município.

Quase simultaneamente, passou a desempenhar a coordenação de área do Mobral na 28ª Delegacia Regional de Educação, como eram chamadas as atuais coordenadorias. Em 1981 ela assumiu a coordenação técnica da Secretaria Municipal de Educação.

Mulher do ex-prefeito, ex-vereador e ex-deputado federal (para ficar só nestes ‘ex’) Edir Pedro de Oliveira, a professora Eunice conta que trabalhou com os ex-prefeitos Dorival Cândido Luz de Oliveira em seu segundo mandato, Ely Francisco Corrêa e Abílio Alves dos Santos.

 

E o Gensa?

 

O começo no Colégio Cenecista Nossa Senhora dos Anjos se deu no tempo em que a instituição ainda era oficialmente um ginásio, por isso é chamada de Gensa até hoje. Eunice de Oliveira foi apresentada à rede Campanha Nacional das Escolas da Comunidade pela professora Wilma Camargo, lá em 1984, quando foi convidada – e aceitou – para trabalhar como coordenadora pedagógica das séries iniciais ao ensino médio.

Seguindo a linha do tempo, finalmente a ascensão à direção há quase três décadas, em 1991. Ela está no cargo, mais precisamente, há 27 anos. E por falar em datas, é a professora Eunice quem lembra:

— Neste ano temos duas datas importantes. Dia 29 deste mês, agora em julho, a rede CNEC comemora 75 anos de atividades no Brasil e, no dia 2 de agosto, a festa é do Gensa que vai completar 65 anos de fundação.

A professora Eunice recebeu a reportagem do Seguinte: em uma sala quase franciscana em um dos prédios erguidos já sob sua administração. Durante a conversa, de pouco mais de uma hora, uma constatação: Eunice, sobrenome Educação! Por que? Ela não consegue desviar o assunto para temas pessoais e, quando o faz, é com respostas objetivas.

Mas quando fala sobre o processo ensino-aprendizagem, evolução tecnológica e a sua influência no cotidiano dos alunos, literalmente ‘solta o verbo’. A diretora Eunice comanda uma escola que tem 45 professores, mais 32 professores da faculdade, a Facensa (Faculdade Cenecista Nossa Senhora dos Anjos), ou seja, mais de 200 funcionários considerando as equipes de apoio administrativo.

E tem que dar conta ainda do que vai ser entregue como conteúdo aos cerca de 1.600 alunos presenciais, ou aproximadamente 1.800 considerando os estudantes de Ensino a Distância, o EAD. Por falar em Facensa, a faculdade da rede CNEC de Gravataí é uma das maiores na região Sul do Brasil.

 

Três questões

 

Sobre o quadro educacional, atual, no país, a professora Eunice de Oliveira considera a situação bastante difícil, e que a recuperação deste quadro passa pela valorização do professor, por exemplo.

— Para se ter uma ideia, 49% dos profissionais da área da educação não admitem publicamente que a sua profissão é professor! Isso é um dado do Brasil, mas aqui no Rio Grande do Sul a gente sabe que o salário não é compatível com a atividade, não atende as necessidades do professor para, por exemplo, continuar se aprimorando — afirma.

E sobre a tecnologia?

— O problema é que nossas crianças não leem mais. Mesmo aquelas que leem o que está na internet, talvez não estejam lendo o que é o ideal para o seu crescimento educacional e cultural. Outro problema é que, as vezes, as crianças e jovens passam tão rapidamente pela leitura, o texto, que sequer conseguem interpretar o que estão lendo — completa.

O que ler?

Como ler?

O que eu vou fazer com esta informação?

De acordo com a professora Eunice as três questões anteriores são fundamentais para começar a mudar a situação que aponta a um crescente processo de alienação de parcela considerável dos estudantes, crianças e adolescentes. E este processo não é exclusiva responsabilidade da escola, ou dos professores. Deve se dar em casa, principalmente.

 

O que ela disse

 

— A escola tem que fazer a parte dela, que transferir conhecimento. O aluno tem que fazer a parte dele e, claro, a família tem que cumprir com o seu papel, que é o de acompanhar e incentivar a criança para este processo de aprendizagem.

 

— Nos preocupa muito quando a criança fica envolvida demais com a tecnologia. Uma criança pequena que fica muitas horas na frente da televisão, com celular ou no videogame, está errada. A criança precisa dedicar um tempo para ler, para brincar, ou seja, a família precisa reestruturar o cotidiano da criança.

Eunice de Oliveira
Diretora do Gensa/Facensa

 

 

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista que a professora Eunice de Oliveira concedeu ao Seguinte:.

 

 

 

 

 

 

 

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