Uma grande empresa do ramo alimentício vai se instalar no Distrito Industrial de Cachoeirinha ainda este ano. O pavilhão de uma antiga indústria já foi comprado – só falta formalizar a transação em cartório – e as obras de adequação do prédio para a produção de alimentos deve começar até o final deste ano.
A informação foi dada com exclusividade ao colunista pelo secretário municipal de Planejamento e Captação de Recursos, Elvis Sandro Valcarenghi, durante audiência com o prefeito Miki Breier (PSB) para que ambos falassem do plano que está sendo gestado na administração para atração de novas empresas para o município.
O secretário Valcarenghi disse que a empresa atualmente mantém a linha de produção na Zona Norte de Porto Alegre e que a mudança para Cachoeirinha faz parte do plano de expandir as atividades abastecendo o mercado gaúcho – e até de fora do estado – com novos produtos, além da instalação de lojas no sistema de franquias.
O investimento, conforme o secretário festejou na manhã desta quinta-feira (4/10) beira os R$ 20 milhões. São cerca de R$ 8 milhões na aquisição do prédio, mais R$ 10 milhões aproximadamente na reforma e adaptação das instalações, e ainda tem a questão do maquinário, que Valcarenghi não soube quantificar.
— Inicialmente eles prometem gerar 300 empregos quando começarem a operar, no ano que vem. É mais ou menos o mesmo número de empregos que tem hoje em Porto Alegre. E deve chegar a umas 600 vagas diretas em 2020 quando a indústria estiver produzindo a pleno, ou quase a todo vapor — afirmou.
Projeto de lei
A notícia se soma aos recentes anúncios da chegada da Herbalife Nutrition no começo de junho passado e da volta de parte da estrutura da Souza Cruz à fábrica que já ocupou, em julho, além da francesa Valeo que promete produzir equipamentos de refrigeração para transporte de Cargas Perecíveis a partir de 2019 em Cachoeirinha.
O prefeito Breier, ao mesmo tempo em que ‘solta fogos’ para saudar as novas empresas, opta por manter a cautela quando fala em um plano estrategicamente elaborado para atrair novos investimentos, promover a geração de empregos e incrementar a arrecadação tributária do município.
De acordo com o que o chefe do Executivo me contou, está em fase de elaboração um projeto de lei, que ele quer encaminhar este ano para a Câmara de Vereadores, capaz de balizar a concessão de incentivos de olho na atração de empresas, principalmente as maiores, para ocupação dos espaços no Distrito Industrial.
— O que vai nortear este projeto é uma relação entre os benefícios concedidos e a geração de empregos. Este é o nosso foco principal, ou seja, quanto maior os empregos que serão gerados, e esse é um compromisso que a empresa vai ter que cumprir obrigatoriamente, maior vão ser as concessões — disse Miki.
O prefeito e o secretário Valcarenghi destacam que o assunto está sendo tratado com todo cuidado, “andando sobre ovos” como se diz no popular, para não provocar desconforto nas empresas que estão instaladas há anos no município, produzindo, gerando empregos e pagando os tributos de forma normal.
— Não dá para beneficiar só um lado. Daí, como ficam aqueles que já estão aqui produzindo? É isso que estamos estudando de forma detalhada, para encontrar a melhor forma de fazer sem que as empresas antigas se sintam ou sejam sufocadas — explicou o secretário de Planejamento e Captação de Recursos.
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PONTOS POSITIVOS
Na conversa de hoje o prefeito Miki Breier e o secretário Elvis Valcarenghi me relacionaram pontos positivos, que favorecem Cachoeirinha no que se refere à atração de novas empresas.
– Localização estratégica, próxima de Porto Alegre e outras cidades como Canoas, Esteio, Sapucaia e Gravataí.
– Proximidade e fácil acesso às rodovias importantes como BR-290 (Freeway), RS-118, BR-116 e ao Aeroporto Internacional Salgado Filho.
– Revitalização da área central da cidade – leia-se construção das calçadas padronizadas – que valorizam imóveis e a atividade comercial.
– Distrito Industrial amplo, com muito espaço ainda a ser ocupado.
– Mão de obra especializada e disponível em larga escala, com facilidade de deslocamento dentro do município. O prefeito chega a dizer, em tom de exagero, que em Cachoeirinha dá para chegar a qualquer lugar com uma bicicleta.
– Cercamento eletrônico. Providência baseada em câmeras de videomonitoramento, ativada nesta semana em apoio ao serviço de policiamento, capaz de identificar veículos em situação de furto ou roubo em poucos segundos, alertando as autoridades. Em apenas dois dias de funcionamento permitiu a recuperação de dois carros roubados. Na visão do prefeito Miki Breier, a segurança é questão fundamental na visão do empresário que necessita movimentar insumos ou produtos finalizados, de valor elevado, além de cargas e até mesmo dinheiro em espécie.
: Estrada Ritter, com área da zona 2 do Distrito Industrial à esquerda
Distrito ocioso
Ambos, prefeito e secretário, também admitiram que o Distrito Industrial (DI) de Cachoeirinha, que se estende ao longo e pelo lado esquerdo da estrada Frederico Ritter até a RS-118, não está nem 50% ocupado. Além de imóveis construídos, para locação, o Distrito Industrial possui ainda muita área para ser vendida.
O DI de Cachoeirinha está dividido em três zonas, a 1, 2 e 3. A primeira é onde está o Centro das Indústrias, o CIC. E a 3 é mais próxima da RS-118. No meio, a Zona 2 é a que dispõe de mais áreas para ocupação, e está sendo favorecida agora por uma alteração no Plano Diretor do município que está liberando a instalação, no local, de empresas com elevado potencial poluidor.
O secretário Valcarenghi explicou que isso não significa que vá acontecer poluição. Disse, como exemplo, que uma empresa que produz móveis e pinta estes móveis é considerada como sendo de alto potencial poluidor, mas se entregar sem pintar, já não é mais classificada desta maneira.
— Não quer dizer que vai poluir. Tem potencial para isso, mas vai trabalhar observando todas as regras para que a atividade produtiva não interfira no meio ambiente — sustentou.
: Valcarenghi (esquerda) e o prefeito Miki com o colunista do Seguinte:.
Município do momento
— Não gosto de dizer nunca que Cachoeirinha é um município para o futuro, principalmente porque já vive um presente pujante, em que vale a pena investir — diz o prefeito Miki Breier quando questionado sobre o como classificaria o município em termos de realidade econômica-empresarial.
Para ele, o município é do momento e tem atraído os olhares de muitos empresários de outras cidades pelas vantagens que oferece. O secretário Valcarenghi chegou a brincar comigo quando perguntei se além da indústria de alimentos que vai gerar 300 empregos na sua fase inicial haveria negociações visando atração de novas empresas:
— Tem sim, mas é belisco (referência aos peixes que mordiscam a isca do anzol mas não são fisgados). Tem muito belisco, gente sondando, mas nada avançado, nada concreto.
EM NÚMEROS
Total de empresas cadastradas na Prefeitura, 11.798, sendo:
3.740 – atividade comercial
692 – indústrias de diversas áreas
7.366 – prestação de serviços
Destas:
– Empresas do ramo de logística: 280 com atividade local num total de 764 empresas atuando no transporte de cargas
– 136 clínicas
– 68 escritórios de advocacia
– 92 escritórios contábeis
– 156 oficinas mecânicas
(secretaria municipal de Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico)
Área territorial total do município: 44 quilômetros quadrados
População estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2018: 120.307 pessoas.
Salário médio mensal dos trabalhadores: 2,5 salários mínimos formais (2016)
Pessoal ocupado (2016): 46.703 pessoas
População ocupada (2016): 36,9%
Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo (2010): 28,5%
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística