Não é só no avião que Luiz Zaffalon e Dimas Costa sentam juntos. O prefeito e o deputado estadual são protagonistas de uma mesma estratégia, com destino certo: as urnas de Gravataí e do Rio Grande do Sul em 2026.
A institucionalidade da viagem de ambos a São Paulo entre esta segunda e terça-feira teve agendas com a Invest RS, participação no inédito lançamento da Expointer na capital paulista como únicos políticos gaúchos ao lado do governador Eduardo Leite, encontro com o secretário de Educação Renato Feder, que levou São Paulo ao topo do Ideb e, com um chopinho em vez de cereja no bolo, o aniversário de 44 anos de Dimas comemorado no tradicional Bar Brahma –– indicação de Zaffa, que morou em São Paulo quando era executivo da Telecom.
Tudo isso poderia ser classificado como um roteiro administrativo, não fosse o conteúdo simbólico que cada passo entregou. Não é preciso evocar o Pai Merdanelles –– aquele que previa o futuro na espuma da cerveja e na cinza do cigarro.
Zaffa levou Dimas para o centro financeiro do Brasil, a Faria Lima, para apresentar as potencialidades de Gravataí. Fez questão de agradecer ao deputado pelas agendas, gravou vídeos lado a lado e, na descontração, até apontou o dedo para ele numa foto postada nas redes sociais — gesto que, em política, tem mais força que discursos.
Essa milhagem política é coerente com o que já se viu na semana anterior, quando R$ 300 milhões em obras estaduais foram anunciados com a presença de Dimas, Zaffa, o secretário estadual de Infraestrutura Juvir Costella e Davi Severgnini, secretário municipal da Fazenda e ‘número 1 de Zaffa’. Ali, no canteiro da ERS-118, comunicou-se uma parceria em concreto: Dimas é o escolhido — com a benção de Eduardo Leite, de quem o deputado é o ‘embaixador’ em Gravataí.
Zaffa, após se eleger ‘em primeiro turno’ com 51,2% dos votos em 2024, vai botar a teste com Dimas sua condição de ‘Grande Eleitor’, como o ex-prefeito Marco Alba foi para ele em 2020.
Fato é que, enquanto o vice-prefeito Levi Melo e outras figuras periféricas da base de governo ainda tentam articular seus próprios voos, os aviões principais já decolaram — e em voo comercial, com escala em 2026 e 2028, talvez com Davi como candidato à sucessão e apoio de um Dimas já reeleito.
Não sei contar a história do futuro, como o Padre Vieira, mas resta fácil ler o presente. A aproximação entre os dois é estratégica, coordenada e com objetivo claro. O ato formal será a filiação de Zaffa ao PSD, partido de Dimas e Leite, prevista para 30 de agosto.
Ao fim, a julgar pelos últimos movimentos, o relógio político de Gravataí corre acelerado. E, como o próprio Zaffa disse, “falta um segundo para completar dois minutos”. O cronômetro está ativado. As evidências são de que, em 2026, o voto em Dimas será, antes de tudo, o voto em Zaffa.
E talvez, já seja.
LEIA TAMBÉM
O que Zaffa vai fazer hoje na Faria Lima, coração financeiro da América Latina
