Depois de ter ficado mais de 5 anos longe da minha terra, eu tinha muita saudade da Feira do Livro de Porto Alegre. Mas a pandemia da Covid-19 adiou meu reencontro com esse evento que me deixa “mais feliz que pinto no lixo”. Ano passado ainda não era seguro aglomerar, principalmente porque vivo com meus pais idosos e meu sobrinho que era um bebê. Curti só a programação online e as fotos dos amigos.
Agora que estamos, pelo menos os adultos, todos com a 4ª dose da vacina, e o vírus parece que deu trégua… finalmente matei a saudade da Feira! Ou melhor, estou matando, curtindo, prestigiando as amigas. Inclusive está sendo a oportunidade de conhecer pessoalmente algumas amizades feitas pelos saraus virtuais que muito nos alimentaram de poesia e parceria durante o isolamento social.
E também ver nossa presidente do Clube Literário de Gravataí autografando na Feira. A Ângela Xavier faz parte do Coletivo de Escritores Negros de Porto Alegre, que lançou no primeiro domingo da programação a revista Meu Corpo Negro. Os autores falaram sobre a importância da construção coletiva e também das experiências de vida que inspiraram os textos da publicação. Depois, autografaram na Praça de Autógrafos.
No último sábado foi a vez de ver ao vivo a Auritha Tabajara, poeta indígena, cordelista, lá do Ceará, que conheci numa edição online do Sarau das Minas. Que lindo ver a poesia derrubando fronteiras! O evento teve a presença também de Daniel Munduruku, Jovina Renh Ga e Olivio Jekupé. Momento de aprendizado e energia! E enfim abracei Auritha, mulher que admiro tanto.
Claro que antes desses eventos eu fui dar uma volta pelos corredores e espiar os balaios. Coisa boa fazer isso de novo! Sempre com o radar ligado para marcadores de livro, porque boa parte da minha coleção vem dos estandes da Feira. Posso dizer que alguns dos mais bonitos. Mas não sei se as editoras e patrocinadoras estão fazendo economia, esse ano está bem fraco de marcadores. E a pessoa aqui tem uma caixa com mais de 400 exemplares diferentes. Muitos anos de feiras e livrarias…
Sábado, dia 12, a jornada continua. Às 14h, Ângela estará de novo na Praça de Autógrafos junto aos demais autores da coletânea 50 Textos do Cinquentenário do 20 de Novembro / Oliveira Silveira: breve fortuna crítico-afetiva. Às 15h, tem Lílian Rocha lançando Agô e Fátima Farias lançando Um Poema por Dia. À noite, nossos corações poéticos estão cheios de expectativas para a primeira edição presencial do Sarau da Invencionática, organizado pela Manuela Dipp, que também está autografando na Feira seu Poemas para colocar dentro de uma garrafa (no dia 8, às 18h).
Depois de muita confraternização e poesia, no domingo voltaremos à Praça da Alfândega para prestigiar a Anna Maria Fernandes, do Rio de Janeiro, e a Noélia Fernandes, de Brasília, que estão trazendo seus “filhos literários” para autografar na nossa Feira (às 15h). Anna Maria conheci nos saraus do Rio, e Noélia só conheço pelas telinhas.
Ah, falei do Sarau das Minas antes, lembram? Pois a Mariam Pessah, que organiza, também autografou seu romance Em breve tudo desacomodará na última sexta-feira, e fez tanto sucesso que os livros esgotaram na Feira (mas já devem ter chegado ou estar chegando mais).
Perceberam que só citei mulheres? Nos grupos e coletivos também há homens, mas o momento é nosso. Por muito tempo, fomos excluídas. Agora nos apropriamos cada vez mais dos espaços e fazemos nossas vozes serem ouvidas, nossas palavras serem lidas. Ah, é muito lindo ver tantas mulheres potentes escrevendo e lançando livros!
Sigamos, cada vez mais fortes!
Visitem a Feira do Livro!
Leiam mulheres!
(Rosani e Júlia, gratidão pela companhia e pelas fotos!)