O gabinete de crise do Governo do Estado não parece ter segurança para aceitar a proposta de retomada gradual de eventos até 20 mil pessoas, proposta assinada pelos prefeitos Luiz Zaffalon e Miki Breier.
A média de vidas perdidas caiu de duas a cada 24h em junho para 1.2 nos primeiros 20 dias, até às 16h desta terça, longe da tragédia de seis mortes/dia de março mas ainda sob alerta de especialistas de que a pandemia não terminou e a vacinação ainda não atingiu a 'imunização de rebanho'.
A decisão, que sairia hoje, foi adiada pelo vice-governador. Conforme GZH, hoje no comando do gabinete, Ranolfo Vieira Júnior definiu que, antes de aprovar ou reprovar a proposta, é preciso que técnicos do governo e das prefeituras debatam o tema em profundidade.
Os municípios da Região 10 sugerem a realização de eventos com ingresso apenas de pessoas testadas e negativadas para covid-19 e, em um segundo momento, aquelas com esquema vacinal completo.
Segundo calendário proposto, no período entre 19 de julho e 1º de agosto, seriam autorizados eventos com ocupação máxima de 50% do alvará ou do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) e limite de público de mil pessoas.
Entre os requisitos para realização estariam testagem do público no momento da entrada, agendamento de testagem por grupos e horários diferenciados, coleta de dados para rastreabilidade e autorização prévia da Prefeitura.
Após, até a segunda quinzena de agosto, podem ser liberadas atividades com 50% da ocupação máxima até 5 mil pessoas. A autorização seguiria avançando de forma gradual, com ocupação de 75% e público de 10 mil e, em setembro, chegar a 20 mil pessoas.
A última etapa, prevista para final de setembro, com ocupação máxima de público, exigiria, testagem na entrada ou esquema vacinal completo do público presente, além de autorização do município sede.
Reputo um absurdo.
Assim como no artigo anterior trouxe alertas de especialistas como o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, e o infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do RS (UFRGS), Luciano Goldani, que consideram prematuro realizar eventos como jogos de futebol e grandes festas.
Para efeitos de comparação, com 47.519 pessoas vacinadas com a segunda dose Gravataí tem um índice no entorno de 18% de imunizados. A Inglaterra tinha 80% da população vacinada quando começou a Eurocopa. E, mesmo assim, em 6 de julho a OMS informou que os casos no continente subiram em cerca de 10% durante o torneio após mais de 10 semanas de queda nos números.
Como reportei em É covidiotia escolher qual vacina tomar, a ‘imunização de rebanho’ só é considerada quando 75% da população está imunizada com as duas doses.
Como já alertei, a proposta dos prefeitos da R10, que libera do bailão do Veterano à WHall, e até lugares onde hoje na prática já vale o slogan “O que se faz em Vegas, fica em Vegas”, é tragicômica ao exigir teste da COVID e comprovante de vacina.
Gravataí, por exemplo, não consegue fiscalizar nem festas clandestinas, como reportei em Aglomeração de ’Copacabana Palace’ em Gravataí; Pancadão da COVID depois derruba comércio em geral, sobre “casa noturna, que fica na ‘CB da Aldeia’, perto da Guarda Municipal e não tão longe da Brigada Militar, onde a galera desmascarada e, pela idade, não vacinada, se embola, rebola, bebe e, aí não dá para ver no vídeo se compartilha narguilé, ao som do pancadão. Sentado, conforme o protocolo sanitário, talvez só alguém descornado ou passando mal do trago ou do calor dos aerossóis humanos”.
Para piorar, já há 3 casos suspeitos da variante Delta, originária da Índia e considerada mais contagiosa, o que motivou o Governo do Estado a antecipar a segunda dose da Pfizer e Oxford/AstraZeneca, como tratei em Cachoeirinha é pioneira em antecipar segunda dose da vacina; saiba como fazer.
Repito: assustam-me os aplausos de vereadores de uma Câmara que perdeu um dos seus, Robertinho Andrade (PP), para a COVID, o que tratei em artigos como Vida perdida pela COVID: A história de Robertinho Andrade, vereador de Gravataí e Vereador de Gravataí luta pela vida: colega ’medicou-o’; Parem com curandeirismo, por favor!.
Ao fim, concluo como em Gravataí, Cachoeirinha e prefeitos da região querem liberar eventos até 20 mil pessoas; A ’festa da covid’: como Dr. Stockmann, de Um Inimigo do Povo, de Ibsen, sou crítico ao Sistema ‘3As’ para monitoramento da pandemia, que não é mais do que o sistema de colorir mapinha piorado.
Com os prefeitos fazendo força para acrescentar um quarto 'A', de aglomeração, resta esperar pela responsabilidade do governador em vetar.
Caso Eduardo Leite (PSDB) aceite, ao menos proprietários de casas noturnas não precisão ‘incluir’ no alvará sanitário a presença de guarda, ou DJ de marina, para garantir a segurança de que ninguém vai atrapalhar a ‘festa da covid’.
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