opinião

Finalmente, a face de um juiz inseguro | Moisés Mendes

Moisés Mendes se apresenta assim em seu blog: é jornalista desde os 17 anos. Em 1970, começou como repórter (e depois foi editor) da Gazeta de Alegrete, jornal criado em 1882 por Luís de Freitas Vale, o Barão do Ibirocay, com a missão de combater a escravid?

O bom jornalismo está nos mostrando um dos maiores duelos da história recente na área jurídica. É o que põe frente a frente, nas audiências em Curitiba, os advogados do ex-presidente Lula e um juiz Sergio Moro mandão e inseguro diante dos que põem em dúvida suas atitudes na condução das conversas.

Alguns sites estão cobrindo os depoimentos de testemunhas, no processo sobre as suspeitas de favorecimento de empreiteiras a Lula, com uma gana que honra o jornalismo tão questionado nesses tempos de exaltação de justiceiros e golpistas.

Como há transcrição dos diálogos, o melhor é a performance dos advogados José Roberto Batochio, Cristiano Zanin Martins, Roberto Teixeira, Jair Cirino dos Santos e Juarez Cirino dos Santos.

A valentia com que eles questionam a pretensa sabedoria e a prepotência do juiz é impressionante. É o grande espetáculo da Lava-Jato a partir de agora, até porque teremos muitos processos contra Lula.

É o anunciado momento do tão falado contraditório. Moro foi endeusado como o mais poderoso juiz de primeira instância do mundo. Os procuradores da Lava-Jato decidiram imitá-lo, inclusive nas audiências.

Mas os advogados o questionam a todo momento sobre interpretações enviesadas do Código de Processo Penal, perguntas fora do processo, interrupções e ordens impositivas para que não falem. Em alguns momentos, Moro corta até o microfone, para que as falas dos advogados não sejam gravadas, como se fossem alunos de um professor do século 19.

A postura de Moro está sendo exposta nas audiências, e pela primeira vez se vê um juiz inseguro diante de quem põe em dúvida a legalidade e a sensatez de suas atitudes. Moro mostra-se visivelmente irritado e até constrangido diante de alguns advogados que são também professores de direito penal.

A OAB, tão encolhida, deveria usar o desempenho dos advogados como exemplo de bravura diante de um juiz acusado, não só pelos defensores de Lula, mas por muitos juristas de abusar da soberba e do autoritarismo. Mas quem ainda espera hoje alguma coisa da OAB?

 

Artigo publicado neste sábado pelo jornalista Moisés Mendes em seu blog

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