RAFAEL MARTINELLI

Fundadores do templo de Lúcifer em Gravataí promovem seminário em Cachoeirinha sobre intolerância religiosa

Mestre Lukas (D) e Tata Hélio de Astaroth e Mestre Lukas, em frente ao monumento a Lúcifer, são organizadores do seminário

Em um contexto de aumento de denúncias de intolerância religiosa no país, a Câmara de Vereadores de Cachoeirinha (Rua Manata, 565 – Jardim Colinas) recebe, às 19h desta quarta-feira, um seminário inter-religioso organizado pelo Instituto Mestre Lukas, Corrente 72 e a Nova Ordem de Lúcifer na Terra (N.O.L.T.). O evento, que reúne 12 sacerdotes de diferentes matrizes, ocorre em meio à polêmica judicial envolvendo a interdição de um santuário dedicado a Lúcifer em Gravataí, projeto liderado pelos mesmos organizadores.

Com entrada gratuita, o encontro terá participação do babalorixá Roberto de Osun, presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Cachoeirinha, e dos fundadores da N.O.L.T., Tata Hélio de Astaroth e Mestre Lukas de Bará da Rua. O objetivo é promover diálogo sobre combate à discriminação e incentivar denúncias de violações. Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania revelam que, em 2024, o Disque 100 registrou 2.477 denúncias de intolerância religiosa, alta de 66,8% em relação a 2023.

– Não podemos permitir que esses casos continuem aumentando e ameacem nossa liberdade de culto – afirmou Mestre Lukas, quimbanda independente e um dos idealizadores do seminário, que é fundador do templo para Lúcifer na zona rural de Gravataí. Ele ressaltou a importância da união entre religiões: “Queremos somar forças, não apenas falar sobre denúncias, mas construir pontes. O respeito à diversidade é um direito. Precisamos falar sobre isso, independente de crenças”.

Templo de Lúcifer: entraves judiciais e críticas

A iniciativa ocorre em meio ao impasse sobre o santuário da N.O.L.T. em Gravataí, interditado pela Justiça desde agosto de 2024. Em dezembro, o juiz Régis Pedrosa de Barros manteve a suspensão da inauguração do espaço, exigindo licenças ambientais, de vizinhança e alvará. A Prefeitura alega que o local, onde foi erguida uma estátua de Lúcifer de cinco metros (custo: R$ 35 mil), não possui documentação adequada.

O prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), que sempre reforçou que a questão em Gravataí é “técnica, não religiosa”, já comparou o potencial fluxo do templo a “parques de diversões como o Beto Carreiro World” e destacou a necessidade de estudos de impacto. Ele também negou paralelos com terreiros de matriz africana: “Dirigentes dessas religiões repudiam qualquer ligação com este culto”. Em maio de 2024, Gravataí inaugurou monumento a Exu, no Distrito Industrial, também alvo de controvérsias.

“Como obter alvará se a Prefeitura nega nossos pedidos?”, é o argumento de Mestre Lukas, que já ameaçou abrir o templo sem autorização e contestar judicialmente multas de R$ 50 mil diários. A N.O.L.T., que afirma ter 100 membros no Brasil e defende Lúcifer como “um arquétipo de luz e conhecimento, distante de representações demoníacas”, argumenta que o espaço é de “uso privado”, mas a Justiça entendeu que “templos religiosos não estão imunes ao poder de polícia”.

O assunto, que ganhou repercussão internacional, foi a polêmica de 2024 no Grande Tribunal das Redes Sociais da aldeia.


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