A iminente fusão da RGE com a RGE Sul, prevista para entrar em prática em janeiro do próximo ano, pode deixar ainda mais cara a conta de luz dos consumidores de Gravataí. O alerta é feito pelo Conselho de Consumidores da RGE. Encerrou na segunda-feira a consulta pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que solicitava a opinião da comunidade sobre a fusão, mas nenhum estudo técnico com o impacto desta união de distribuidoras, projetando futuras tarifas, foi divulgado.
— Uma questão bastante séria envolve a indústria. Na modalidade Verde A4, adotada por muitas empresas, a tarifa da RGE Sul (antiga AES Sul), fica 7% mais cara no total. É uma combinação de fatores muito preocupante. A contratação de demanda na área da RGE Sul é 61% mais cara. E a operação fora da ponta, a mais utilizada pelas indústrias, justamente parta fugir do horário de pico, é 10% mais cara na área da RGE Sul — explica o presidente do conselho, Claiton Gaieski Pires.
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Enquanto o valor do kW/h na RGE Sul, que atende 118 municípios, é de R$ 0,54732, na RGE, que abrange 255 municípios — incluindo Gravataí —, é de R$ 052759. A dúvida do conselho, não esclarecida pela Aneel, é como será feito o equilíbrio tarifário.
— Um novo cálculo de tarifa será feito considerando toda a nova área agrupada e os ajustes nas tarifas serão feitos escalonadamente até a próxima revisão tarifária. Existirão ganhos de escala e economias, mas a necessidade de investimentos pesados na área da RGE Sul, que estava muito carente de melhorias, vai exigir aportes por parte da controladora, e todos da nova concessão pagarão por estes investimentos. Na atual RGE, os investimentos vinham sendo feitos normalmente. A economia e a competitividade da região podem ser diretamente impactados — alerta Pires.
Pela proposta da CPFL, a RGE Sul absorverá a RGE e a sede administrativa será em São Leopoldo, onde hoje já funciona o Centro de Operações das duas distribuidoras e parte da estrutura administrativa. A RGE Sul passou a integrar a CPFL em outubro de 2016, quando foi adquirida do Grupo AES Brasil.
A Aneel ainda analisa o pedido do Grupo CPFL, que foi adquirido em janeiro de 2017 pela estatal chinesa State Grid. Caso seja aprovada a fusão, o termo aditivo no contrato de concessão da distribuição de energia entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2019.