A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DRCPE), deflagrou a terceira fase da Operação Falso Patrono, com o objetivo de desarticular um núcleo de criminosos especializados em golpes de estelionato, falsificação de documentos e uso de identidade falsa para aplicar o chamado “golpe do falso advogado”.
A ofensiva aconteceu em Vila Velha, no Espírito Santo, com apoio da Polícia Civil local.
Desde a quinta-feira foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, resultando na detenção de um homem apontado como peça-chave na estrutura criminosa. Além da prisão, documentos e celulares foram apreendidos, os quais serão analisados para fortalecer as provas contra os suspeitos.
Fraudes em nome de advogados
A investigação teve início ainda em 2024, diante de várias denúncias feitas por advogados gaúchos cujos dados profissionais estavam sendo usados indevidamente para enganar clientes. De acordo com os relatos, criminosos se passavam por advogados em contatos telefônicos e digitais com vítimas, utilizando indevidamente nomes, OABs, logotipos de escritórios e informações de processos.
Com base nesses indícios, a DRCPE instaurou uma série de inquéritos e iniciou diligências que levaram à identificação de diversos integrantes da organização criminosa. Em fases anteriores da operação, já haviam sido presas nove pessoas, com mais de 50 ordens judiciais cumpridas em cinco estados.
A engrenagem dos golpes
Segundo o delegado João Vitor Herédia, titular da DRCPE, o preso nesta terceira fase era responsável por fornecer logins e acessos de advogados a sistemas judiciais eletrônicos como PJe, ESAJ, Projudi e eproc. Com esses acessos, os criminosos conseguiam obter procurações, petições, documentos e dados sigilosos de processos judiciais, possibilitando fraudes sofisticadas.
Além disso, o homem também operava uma gráfica clandestina, onde eram fabricados documentos falsos, incluindo identidades, assinaturas digitais, contas gov e perfis em aplicativos. A investigação revelou que o mesmo suspeito contribuiu com fraudes em outra operação policial — a Operação Medici Umbra, realizada em São Paulo em junho deste ano, que desarticulou um grupo que invadia contas gov de médicos e realizava saques em contas bancárias.
Histórico e associação criminosa
As investigações apontam ainda a participação da companheira do suspeito, com quem ele já havia sido preso em 2022 em uma gráfica clandestina, também em Vila Velha. Na época, foram apreendidos documentos falsificados, papel moeda, carimbos oficiais e máquinas de alta precisão para falsificações. A mulher, conforme apurado, era foragida da Justiça de São Paulo por tráfico de drogas.
A análise do material apreendido nesta fase deve subsidiar novas ações e responsabilizações nos próximos meses.
LEIA TAMBÉM