RAFAEL MARTINELLI

Governo Cristian cancela evento de recepção a professores de Cachoeirinha que custaria R$ 250 mil; As versões e a polêmica

Prefeito Cristian Wasem autorizou cancelamento do evento do dia 17

O governo Cristian Wasem (MDB) cancelou evento de boas-vindas aos professores da rede municipal de Cachoeirinha que aconteceria dia 17 e custaria R$ 250 mil. Há diferentes versões sobre o motivo. A pior é a que ganhou o Grande Tribunal das Redes Sociais.

Antes de analisar vamos às informações.

Dia 2 o site O Repórter, publicou a reportagem SMED aluga teatro da Fiergs para palestra e show para professores. O jornalista Roque Lopes divulgou com exclusividade os custos estimados para o evento: R$ 39,5 mil pelo aluguel do Teatro da Fiergs, em Porto Alegre; R$ 18 mil em cachê pelo show de Serginho Moah; R$ 40 mil por palestra da filósofa Viviane Mosé e R$ 150 mil para contratação de produtora que organizaria equipamentos, recepção e brindes.

Conforme o termo de referência da licitação publicado pelo site “o evento de boas vindas aos profissionais da educação visa ao aumento de motivação dos professores, mostrando que a instituição valoriza e acolhe seus colaboradores. Isso pode resultar em um corpo docente mais engajado e comprometido. O evento proporciona uma oportunidade para que os novos e antigos professores se conheçam, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo e amigável. Além disso, um evento de boas-vindas oferece aos professores a chance de estabelecer conexões e trocar experiências, o que pode enriquecer o ambiente escolar e promover um aprendizado contínuo”.

Vamos às versões.

Nesta quinta-feira, ao responder ao Seguinte: sobre o evento, a Prefeitura confirmou o cancelamento.

O motivo oficial: o adiamento do início do ano letivo devido à onda de calor, determinado por decisão liminar do Tribunal de Justiça, a pedido do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha.

Reproduzo a nota da Prefeitura na íntegra e, abaixo, sigo.

“Não haverá o evento de abertura do ano letivo de 2025, previsto  para a data de 13/02/2025. 

Essa decisão foi pautada tendo em vista que seria um evento para todos os profissionais da educação e, após  o Mandado de Intimação, que traz uma preocupação referente sobre os efeitos climáticos, colocando  o retorno dos profissionais da Educação Infantil deverá ser somente no dia 17/02/2025, sendo o evento, anterior a essa data, avaliamos que o mesmo poderia não contemplar a totalidade de profissionais no qual o evento se destina.

Agradecemos a todas as escolas, aos profissionais que fizeram sua inscrição, chegando a mais de 1.400 inscritos e em respeito à orientação judicial, entendemos que o momento não seria o ideal para a realização do evento, no qual prejudicaria o objetivo do evento que seria um acolhimento e um reconhecimento da ação docente para toda a rede de profissionais do Município de Cachoeirinha”.

Antes da versão oficial, o jornalista Fábio Borges, da TV Sonido, publicou que o cancelamento se deu após o vereador Mano do Parque (PL) criticar a contratação da filósofa “esquerdista” Viviane Mosé.

Reputo resta aí, fosse confirmada, a pior versão. Mesmo que assuste alguns a filósofa seguir conceitos de Nietzsche, aquele pensador do incompreendido “Deus morreu!”, é uma pesquisadora bastante independente da falsa polarização política nacional – onde temos uma extrema direita, Bolsonaro, mas em contraposição encontramos Lula não à extrema-esquerda, mas ao centro; com um governo de centro-direita, tal a miríade de apoios partidários, como já descreveu até o poderoso chefão José Dirceu.

A filósofa já comparou Lula a Mandela, sim. Mas também já mandou Janja “calar a boca”. E, em sua crítica às religiões, disse o obvio: testemunhamos mais manipulação do que fé. Há, no discurso da doutora em Filosofia, especialista em políticas públicas, poeta, psicanalista e integrante da Academia Brasileira de Cultura, um pilar que considero fundamental, e possivelmente foi o fator motivador da escolha da palestrante pela secretária da Educação Isabel Fonseca: a escola, por si só, não é a solução para os males da sociedade.

Ao fim, aquela que consideraria a melhor versão, não apresentada por ninguém, é que o cancelamento tenha se dado pelo alto custo do evento. Em uma rede municipal onde (quando tem) liga um ar-condicionado em uma sala, cai a luz do ventilador na outra, e em um município que tem como desafio equilibrar as contas públicas, não representa um bom sinal investir R$ 250 mil em uma recepção de boas-vindas.

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