coluna do dienstmann

Grande imperador, triste honraria, Rei e Rainha

Xuxa e Pelé, nos anos 80

“O futebol proporciona oportunidades que só se tem uma vez na vida” (Franz Beckenbauer, capitão da Alemanha Ocidental campeã da Copa do Mundo de 1974).

“O Brasil tem de sobra jogadores de futebol que podem causar grandes danos aos adversários, e por isso sempre exigirei dele mais do que oferece em muitas ocasiões: várias vezes já vi os brasileiros jogando todos atrás, como se fossem um time de futebol americano” (Johann Cruyff, jogador e técnico holandês).

 

Na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, Franz Beckenbauer era volante da seleção da Alemanha Ocidental, tinha 20 anos, e na final recebeu e cumpriu bem a dura missão de marcar o mais talentoso jogador da Inglaterra, Bobby Charlton. Em 1970, no México, continuou jogando no meio de campo, e na semifinal contra a Itália deslocou a clavícula direita aos 25 minutos do segundo tempo: as duas substituições do time já haviam sido esgotadas, os médicos enfaixaram o ombro e o braço direito e o peito de Beckenbauer e foi assim que ele continuou jogando – enfaixado, braço direito imóvel –, inclusive a prorrogação. Aí, em 1974, na sua terceira Copa, e em casa, ele já era zagueiro, líbero, e capitão da equipe; finalmente campeão, passou a ser o “Kaiser”, imperador, para sempre.

Beckenbauer teve que repetir essa atitude de persistência também como técnico da Alemanha Ocidental para ser novamente campeão da Copa: perdeu a final de 1986 para a Argentina no México, ganhou dos argentinos na decisão da Itália em 1990. Vaidoso, admitiu que para ele era importante ter conseguido se destacar, conquistar a admiração e o respeito das pessoas:

– Sinceramente, eu sempre gostei e precisei me destacar, e admito que teria sido muito infeliz se tivesse levado uma vida comum, indo de ônibus para trabalhar num escritório ou numa fábrica – confessou o imperador.  

Tristeza no pênalti –  Rosário, 14 de junho de 1978: a Argentina está vencendo a Polônia por 1×0, segunda fase da Copa, gol de Kempes a 16 minutos. Aos 39, pênalti para os poloneses. O time resolve fazer uma homenagem ao seu capitão, um canhoto de 30 anos, o talentoso meia Kazimierz Deyna, porque aquele é exatamente o seu 100º jogo pela seleção: por isso é ele o escolhido para chutar o pênalti.

Campeão olímpico e goleador na Olimpíada de 1972 em Munique, terceiro colocado na Copa do Mundo de 1974 na Alemanha Ocidental, medalha de prata olímpica em 1976 em Montreal, Deyna foi mais adiante eleito melhor jogador de futebol da história na Polônia. Mas nunca tinha chutado um pênalti, até aquele 14 de junho: chutou colocado mas fraco, e o goleiro argentino Fillol defendeu sem dificuldade. No segundo tempo Kempes fechou em 2×0 para os argentinos.

Deyna participou do filme “Fuga para a vitória”, de John Huston, com Pelé, Bobby Moore, Sylvester Stalone. Morreu aos 42 anos, num acidente de carro em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, onde tinha encerrado a sua brilhante carreira de jogador.

Casal famoso – Copa do Mundo sempre é ponto de atração para personalidades internacionais, mesmo algumas sem qualquer relação com o futebol. Em 1982, na Espanha, por exemplo, o cantor Rod Stewart desfilou novamente a sua voz rouca e encaracolada cabeleira loira como mais um de milhares de anônimos beberrões torcedores da Escócia. Outro escocês, o ator Sean Connery “James Bond agente 007” pegou várias vezes o seu Mercedes branco conversível de bancos vermelhos de couro na sua casa em Marbella, na Costa do Sol, e foi dirigindo até a concentração da Escócia em Benalmadena para visitar um amigo, Jock Stein, o carrancudo técnico do time. E houve até príncipe entrando em campo durante um jogo.

Foi em Kuwait x França: Fahd Al Sababe, presidente da Federação Kuwaitina de Futebol, invadiu o gramado com seis seguranças e após dez minutos de dura discussão com o árbitro soviético Miroslav Stupar conseguiu que um gol francês acabasse anulado.

Mas o encantamento – especialmente dos jornalistas – ficou por conta de um feliz e ilustre casalzinho brasileiro. Nos restaurantes e bares, o ex-jogador Pelé, com 41 anos, o Rei do futebol, era visto todas as noites com sua jovem namorada, Maria da Graça Meneghel, Xuxa, de 19, uma curta carreira de modelo e cantora, e depois Rainha dos baixinhos na TV. O relacionamento já tinha começado em 1980 mas – para tristeza da mídia – terminou antes da Copa seguinte, em 1986.  

 

Agenda histórica do futebol gaúcho na semana

 

18.3, domingo

1956 – Seleção gaúcha, com técnico Teté, representando Brasil ganha Campeonato Pan-Americano no México – primeiro título do Brasil fora da América do Sul e primeiro com a camiseta amarela –, 2×2 Argentina, gols de Chinesinho e Ênio Andrade, e Yudica e Sivori (veja texto na coluna de domingo passado, último tópico)  

 

19.3, segunda-feira

1950 – Brasil de Pelotas 2×1 seleção do Uruguai, em Montevidéu

 

20.3, terça-feira

1966 – Com 15 anos, 11 meses e sete dias, Claudiomiro estreia no time profissional do Inter e faz gol em derrota de 2×1 nos Eucaliptos contra Juventude

 

21.3, quarta-feira

1980 – Nasce Ronaldinho, único jogador gaúcho eleito melhor do mundo na Fifa – duas vezes seguidas, em 2004 e 2005

 

22.3, quinta-feira

2008 – Em seu último jogo no Estádio Santa Rosa, Novo Hamburgo vence Santa Cruz, 3×2

 

23.3, sexta-feira

1977 – Alcindo volta ao Grêmio após seis anos e faz o gol em 1×0 sobre San Lorenzo, da Argentina

 

24.3, sábado

1940 – Inauguração do novo Estádio do Passo da Areia, do São José de Porto Alegre, que perde por 3×2 para o Grêmio

 

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