Gravataí promoveu um dia repleto de atividades culturais, homenagens e reflexões em alusão ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A programação, realizada pela Prefeitura na última sexta-feira, 25, por meio da Secretaria Municipal da Mulher e Direitos Humanos (SMDH) e da Assessoria de Políticas Públicas para a Igualdade Racial, reuniu mulheres de diferentes áreas da cidade em um encontro marcado pelo reconhecimento, empoderamento e valorização da cultura afro-brasileira.
Entre as atrações, o público participou de uma oficina de confecção de turbantes, assistiu a apresentações de dança afro e à recitação de poemas por Letícia Nascimento, integrante do Clube Literário e escritora. Um dos momentos mais emocionantes foi a entrega de certificados a mulheres negras com atuação destacada em Gravataí, como forma de reconhecer suas trajetórias de luta e contribuição para a cidade.
Foram homenageadas: Ângela Maria Xavier Freitas (coordenadora da Casa de Cultura), Carmem Lúcia dos Santos (presidente da associação de moradores do Quilombo Manoel Barbosa), Marta Regina Martins França (diretora de ala da Escola de Samba Acadêmicos de Gravataí), Rosângela Lourdes Ferreira Santos (professora), Dandara da Cruz Ennes (artesã), Cristina Rocha de Souza (presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – Compir) e Tânia Maria Salazar Moreira (defensora pública aposentada).
Na abertura do evento, o vice-prefeito, Dr. Levi Melo, destacou a importância do momento. “É muito bonito ver toda essa ação acontecendo para valorizar a cultura, a tradição e a ancestralidade”, afirmou.
A secretária da SMDH, Analu Sônego, também reforçou o caráter simbólico da data. “Este é um dia importante para relembrarmos de todo o sofrimento da ancestralidade. Como mulheres, continuamos lutando pelos nossos espaços. Nossa secretaria tem um ano e meio de existência e, a cada momento, buscamos fortalecer as atividades voltadas às políticas públicas e aos direitos das mulheres. Estamos aqui para ajudar, ouvir, auxiliar e promover momentos de reflexão como este.”
Além da programação cultural, o evento também trouxe oportunidade de qualificação profissional. Em parceria com a Prefeitura, o Senai Gravataí disponibilizou 20 vagas em cursos de Operação de Empilhadeira e de Auxiliar de Produção, exclusivos para mulheres negras a partir de 16 anos que participaram do encontro.
Um dia de memória e resistência
A data de 25 de julho foi instituída no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola que comandou o Quilombo do Quariterê no século XVIII. Tereza de Benguela tornou-se símbolo da resistência negra e feminina.
No âmbito internacional, a data também marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, estabelecido a partir do primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, realizado em 1992 em Santo Domingo, na República Dominicana. Na ocasião, foi criada a Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, que, com apoio da ONU, conseguiu o reconhecimento oficial da data.
Mais do que uma comemoração, o dia serve como um chamado à reflexão sobre a realidade de desigualdade e violência vivida por mulheres negras e transexuais, e reforça a importância de políticas públicas voltadas à equidade racial e de gênero.