O ‘3As’ começa a valer a partir deste domingo em Gravataí, Cachoeirinha e todo Rio Grande do Sul. O novo sistema estadual de monitoramento substitui o Distanciamento Controlado, como tratei em Sai a ciência, entra a política: Leite passa pincel de colorir mapinha para prefeitos de Gravataí e Cachoeirinha. Tenham responsabilidade, prefeitos e povo: como mostra a ‘ideologia dos números’, a pandemia não terminou, UTIs estão ocupadas e pacientes ainda esperam leitos, apesar da melhora nos indicadores.
Antes, vamos às informações.
São dois níveis de regramento de cumprimento obrigatório – geral e por atividade – e um terceiro, específico por setor econômico, que poderá ser flexibilizado pelos municípios.
– Estamos discutindo na Granpal (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre) um novo protocolo em conjunto – disse ao Seguinte: o secretário da Saúde de Gravataí, Régis Fonseca, na noite deste sábado.
Por enquanto, seguem os protocolos do que chamo ‘bandeira rosa’, após a série de flexibilizações que começaram quando, por decreto, o governador Eduardo Leite transformou vermelho em preto, e tratei em artigos como Como um meme, Leite pintou o mapinha: Gravataí e Cachoeirinha em bandeira vermelha; 50 tons de alguma cor para volta às aulas e O jeitinho de Leite: Gravataí e Cachoeirinha vão para bandeira vermelha; O Ministério da Verdade decreta a Mentira.
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Agora, a ‘ideologia dos números’.
A mudança acontece em um momento em que a ocupação de leitos na Região 10, à qual pertencem Gravataí e Cachoeirinha, tem uma taxa de ocupação de UTIs de 72%, 180.603 casos da COVID-19, 6.955 óbitos, taxa de mortalidade de 293.6 a cada 100 mil habitantes e apenas 11.1% da população vacinada com a primeira e segunda dose.
Gravataí, com 20.935 casos e 716 vidas perdidas, está com seus 38 leitos ocupados e 6 pacientes excedentes, no Hospital de Campanha. As 10 UTIs também estão lotadas. Neste mês, Gravataí fechou 112 leitos pela redução da ocupação, como tratei em Por que Hospital de Campanha de Cachoeirinha fechou e o de Gravataí não; Zaffa acerta como Marco Alba.
A boa notícia é que nos primeiros 15 dias de maio, a média diária é de 21 infectados e 2,7 óbitos.
Para efeitos de comparação, em abril os casos eram diagnosticados em uma média de 76/dia e as mortes passavam das 5 por dia.
Em março, pior mês da pandemia, as mortes chegaram a 6,5 a cada 24h.
Os índices ainda são superiores a janeiro e fevereiro, que tinha média próxima a 2 vidas perdidas por dia.
Ao fim, preocupa-me a previsão de Miguel Nicolelis, que alerta para uma terceira onda devido à vacinação a conta gotas e a chegada do ‘General Inverno’.
O chamo ‘Nostradamus da pandemia’ por, ainda em janeiro, e sob críticas de ser alarmista, ter previsto a segunda onda, como tratei em O ’caminho da extinção’: Gravataí volta ter mais nascimentos que óbitos; O Nostradamus da pandemia e a profecia da terceira onda.
É por isso que apelo por responsabilidade aos prefeitos que agora estão com o pincel de colorir mapa, e também ao povo, para que a falsa sensação de normalidade não nos leve à tragédia de março e ao triste ineditismo de termos mais mortes do que nascimentos, como detalhei em A virulência da COVID em Gravataí: O mês que teve mais mortes que nascimentos.
O sistema ‘3 As’ libera geral, do futebol ao lazer, passando pelo comércio. Vai, por exemplo, permitir shows em casas noturnas com até 300 pessoas, sem necessidade de autorização. Todos sentados, acreditemos.
Torçamos – e colaboremos – para que o ‘3 As’ não ganhe mais um ‘A’, de aglomeração.
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