Gravataí e Cachoeirinha vão seguir a decisão de Porto Alegre de retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre. Reputo um debate desnecessário; a não ser que o objetivo seja ‘vender’ que a pandemia acabou.
O prefeito Luiz Zaffalon (MDB) publicou decreto nesta sexta-feira, logo depois a Sebastião Mello (MDB) ter feito o mesmo baseado “na realidade da pandemia e da vacinação na Capital”. Na próxima sexta a Prefeitura avaliará flexibilizar a utilização da proteção em ambientes fechados.
Cachoeirinha vai esperar até terça que vem para decidir.
A liberação ao ar livre foi sustentada cientificamente pela equipe técnica do governo e representantes de quatro universidades gaúchas.
Os dados de Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha e região metropolitana são iguais, cerca de 9 a cada 10 adultos com ao menos uma dose, 80% com o esquema vacinal completo e 40% com o reforço.
Ao fim, aguardemos se o Judiciário será instado.
A Associação Mães e Pais pela Democracia conseguiu na Justiça de Porto Alegre e no Tribunal de Justiça reverter o fim da proibição de máscara para crianças.
Era no ambiente fechado da sala de aula, mas a decisão observou que lei federal prescreve a obrigatoriedade, como reportei em Justiça derruba decreto seguido por Gravataí que desobrigava máscaras para crianças; Pandemia não terminou: são 7 casos por hora, Erram governos Zaffa e Leite ao tirar obrigatoriedade de máscara para crianças em meio a volta às aulas e campanhas antivacina; Especialistas criticam e Cachoeirinha mantém máscaras obrigatórias para crianças; É acerto na volta às aulas, em meio a campanhas antivacina e quase mil infectados entre 0 e 12 anos.
Salvo engano, vale o mesmo para os ambientes abertos, já que a lei 13.979/2020 não foi revogada e estados e municípios podem ser mais, não menos restritivos.
Como analisei em As mensagens atravessadas do ’bota máscara, tira máscara’; Média em Gravataí é de uma vida perdida por dia, e especialistas citados no artigo também alertam, o preocupante é a mensagem que emula o ‘bota máscara, tira a máscara’.
Como não sou negacionista, se os técnicos e cientistas ajudam os políticos a tirar as máscaras, resta-me aceitar.
Já na análise do Zeitgeist, o ‘espírito do tempo’, permito-me opinar. Por que tratar dessa polêmica agora? Qual o ganho? Sabemos todos que aqueles sem máscara na rua não são punidos, mas inegável é que o uso por alguns incentiva os cuidados em outros. Pior: na semana que vem vamos liberar no Sogil e no Transbus lotados?
Minha única certeza é que, com ou sem decretos de governos, vou seguir uma cultura dos países asiáticos que, pela experiência com endemias, usam máscara no dia-a-dia.
Se a ideia é botar no intervalo do Big Brother que a pandemia acabou, os óbitos por todas as causas, inclusive covid, em fevereiro de 2022 chegam a 125 mil, virtualmente empatando com os 126 mil de fevereiro de 2021.
Em Gravataí caiu de 10 para ‘só’ 4 infectados por hora; e, em média, mais de 1 vida perdida por dia.
Quando Alan Vieira (MDB), líder do governo Luiz Zaffalon (MDB), instigou na última sessão da Câmara que a culpa da crise é do ‘fica em casa’, e Dimas Costa (PSD), líder da oposição, tuitou hoje que com o fim da máscara ‘falta pouco para a normalidade’, até entendo.
Ao fim, concluo como nos artigos anteriores, nenhum contestado pela ‘ideologia dos números’: “… chato como um Dr. Stockmann, em Um Inimigo do Povo, de Ibsen, mais uma vez associo-me ao cientista Miguel Nicolelis, brasileiro com incontestáveis acertos nos alertas que fez para as sequentes ondas da pandemia: a maioria dos políticos e da imprensa tenta convencer que a normalidade voltou, mas a realidade não os obedece…”
Convençam-me, não sou refém do binarismo.
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