Gravataí foi a cidade que mais gerou empregos no Rio Grande do Sul em 2017, conforme dados divulgados na sexta-feira pelo Ministério do Trabalho, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na ‘boa contramão’ do RS, que foi terceiro no ranking nacional dos que mais perderam empregos, e de Porto Alegre, cidade gaúcha com pior desempenho, o crescimento por aqui foi puxado pela indústria – a vilã do desempenho negativo do Estado.
As 1594 vagas novas de Gravataí já refletem o anúncio em agosto do investimento de R$ 1,4 bilhão da GM, com a reabertura do terceiro turno. Mas, na avaliação do secretário da Fazenda Davi Severgnini, o saldo positivo não se resume ao ‘show do bilhão’ e aos empregos na montadora que até 2021 se tornará a maior da marca na América Latina.
– O que vivemos hoje não é uma bolha, um fato isolado. É só o início: Gravataí seguirá ponteando o ranking dos empregos nos próximos anos – projeta.
Para o secretário, o aquecimento da economia e a luz no fim do túnel da crise nacional dos últimos quatro anos, que tirou cerca de R$ 300 milhões de Gravataí, encontram no município outros fatores importantes avaliados pelos investidores:
– O mercado está se acostumando a olhar Gravataí como um município com um setor privado pujante, mão de obra qualificada, logística privilegiada e um governo com uma gestão que não gasta mais do que arrecada, transparente, com clareza tributária e respeito à legalidade. Os investidores observam o discurso do gestor. E basta observar como, desde que assumiu em 2013, o prefeito se inspira em metodologias do setor privado para proporcionar um ambiente de confiança, de chão sólido, de estabilidade, com base na redução de endividamento, aumento de receita e priorização dos gastos em despesas essenciais – argumenta, com base em indicadores dos quase cinco anos de gestão Marco Alba como, após o pagamento de mais de R$ 200 milhões em dívidas, a queda do comprometimento da receita de 56% em 2012 para 32% em 2016, além de ganhos sociais como a menor mortalidade infantil da história de Gravataí e o melhor Ideb, uma das principais ferramentas para medir a qualidade da educação.
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Ajuda, não atrapalha
– Além do momento econômico, qualquer empresa avalia também indicadores e o ambiente político ao investir. Estamos cada vez mais sentindo os resultados de uma gestão responsável, que devolveu a confiança para quem quer empreender em Gravataí. O que estamos fazendo parece óbvio, mas é engraçado nesse país: o que produz o emprego, a renda e o tributo é o bandido. E o que recolhe, recebe e não dá respostas adequadas é o mocinho. É um troço maluco. Estamos mostrando que governo pode ajudar, e não atrapalhar a economia – resume o prefeito, prevendo principalmente a partir de 2020 um crescimento sustentável puxado pelo novo ‘efeito GM’, que proporcionava crescimento real – acima da inflação – de 10% ao ano entre 2002 a 2012, mas desde 2015 cresce só a inflação, com ganho real zero.
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RS, Capital e Brasil mal
Nos dados do Caged, o Rio Grande do Sul fechou 2017 com 8,1 mil vagas formais de emprego fechadas e em terceiro lugar no país entre os Estados que mais perderam empregos. Foram 1.041.421 demissões contra 1.033.248 contratações. A indústria puxou o desempenho negativo no Estado, com 248 mil desligamentos e 241 mil admissões, o que resultou em um saldo negativo de 6,3 mil. No ranking do desemprego, além do RS estão o Rio de Janeiro, com 92 mil postos a menos, Alagoas, com 8,2 mil, Pará, com 7,4 mil e São Paulo, com 6,6 mil.
Entre os municípios gaúchos que mais perderam vagas de trabalho está Porto Alegre, com 9,6 mil postos a menos. A Capital teve 223,9 mil demissões no ano contra 214,3 contratações. Rio Grande, na Região Sul, vem logo depois no ranking negativo com 2,1 mil postos de trabalho fechados. Cruz Alta, no Noroeste, teve um saldo de 1,1 mil empregos perdidos em 2017. Entre as cidades que mais geraram empregos estão Gravataí, com 1,5 mil vagas a mais, São Leopoldo, com um saldo positivo de 1,1 mil e Santa Maria, com 1 mil novas vagas.
O Brasil fechou 2017 com 20 mil postos a menos. Conforme o Caged, construção civil e indústria de transformação tiveram as maiores reduções, com 103 mil e 19,9 mil vagas a menos, respectivamente.
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